Estudo mostra que as populações do Sul e do Sudeste sofrem mais de enxaqueca. E também as mulheres, aqueles com alta escolaridade e os sedentários
O que é o quê: | |
• Cefaleia tensional: aquela dor de cabeça comum, que passa sozinha, sem o uso de medicamentos. | |
• Enxaqueca: dor forte de um lado da cabeça, normalmente na região frontal e nas têmporas, pertos dos olhos. A dor é latejante, piora com esforços físicos, luz e barulho e é acompanhada de náuseas e vômitos. | |
• Cefaleia crônica diária: é a complicação da enxaqueca, ou seja, mais de duas crises de enxaqueca por mês. As crises normalmente duram três dias, mas podem variar, e são incapacitantes. |
As pessoas desempregadas têm 1,72 vez mais chance de ter crises insuportáveis de dor de cabeça do que os empregados. Assim como os divorciados ou separados. Por “crises intermináveis de dor de cabeça” entenda cefaleia crônica diária (CCD), que é a complicação da enxaqueca (leia no quadro ao lado os sintomas). Isso causa, além de dor e desconforto, queda da produtividade, já que o sujeito que se encontra nessa condição não consegue sair de casa para trabalhar ou estudar.
Os dados acima foram publicados pelo neurologista Luiz Paulo de Queiroz, doutor pela Escola Paulista de Medicina, e analisados nesta quinta-feira (15) no Congresso Brasileiro de Cefaleia. Ele fez uma pesquisa com quase quatro mil pessoas de todas as regiões do país e cruzou as informações com as características sociodemográficas dos entrevistados. Descobriu que cerca de 15% da população brasileira sofrem de enxaqueca, e quase 7%, de CCD. As mulheres mais que os homens e os sedentários mais que aqueles que praticam exercícios físicos regularmente (leia abaixo outras informações sobre a prevalência).
Há diferença também entre as regiões. No Sul e no Sudeste, a população tem mais enxaqueca. Essa realidade pode ser explicada por dois fatores. O primeiro é genético. A enxaqueca tem influência genética e os europeus são os que mais sofrem com ela. Naquele continente, a prevalência chega a 20%. Como o Sul e o Sudeste foram as regiões que mais receberam imigrantes europeus, então é possível que exista alguma relação com a alta prevalência. Outro fator é ambiental. O estilo de vida agitado e estressante das grandes cidades brasileiras, principalmente no Sudeste, pode desencadear a enxaqueca.
No Centro-Oeste e no Norte, as taxas de CCD são maiores que as de enxaqueca. Queiroz sugere que a falta de acesso a serviços de saúde de qualidade pode causar essa incoerência nos dados. Com a falta de profissionais da saúde qualificados, ou a impossibilidade de consultar um médico, não se faz um diagnóstico correto. Ao sentir dor de cabeça, a pessoa se automedica e toma grandes quantidades de analgésicos comuns que não têm efeito sobre a enxaqueca. E quanto mais toma, mais o organismo demanda por eles. Em certo momento, a enxaqueca que não foi tratada evolui para a cefaleia crônica diária. Poucos sabem que tiveram enxaqueca, e muitos procuram socorro só quando ela se torna CCD.
Há remédios específicos, que diminuem a irritabilidade cerebral, para tratar a enxaqueca. Dependendo da frequência das crises, devem ser tomados diariamente pelo paciente. Atividades físicas regulares também inibem o aparecimento dos sintomas. Para algumas pessoas, alimentos como chocolate, queijo amarelo, glutamato monossódico (Ajinomoto) e bebidas alcoólicas podem desencadear a enxaqueca – então melhor ficar longe deles. E existem alguns truques “caseiros” para diminuir a dor.
Segundo Queiroz, a crise se caracteriza pela hiperexcitação cerebral. O paciente fica sensível à dor e a qualquer estímulo – barulho, cheiros, esforço físico etc. Então qualquer maneira de “esfriar a cabeça”, literalmente, pode amenizar o desconforto. O médico indica compressas frias, que podem ser desde panos com água gelada a rodelas de batatas ou outros legumes gelados. “A enxaqueca provoca vasodilatação, esquenta, e a água gelada absorve o calor”, diz. Tomar banho frio também pode funcionar, assim como métodos de relaxamento. Meditar ou repousar em um quarto escuro, calmo e sem barulho são algumas delas. Um estudo da Escola Paulista de Medicina provou que descansar de duas a três horas em um ambiente livre de estímulos melhora a dor sem a necessidade de remédio.
LAURA LOPES. ARTE: GUSTAVO CAMPOY
Os dados acima foram publicados pelo neurologista Luiz Paulo de Queiroz, doutor pela Escola Paulista de Medicina, e analisados nesta quinta-feira (15) no Congresso Brasileiro de Cefaleia. Ele fez uma pesquisa com quase quatro mil pessoas de todas as regiões do país e cruzou as informações com as características sociodemográficas dos entrevistados. Descobriu que cerca de 15% da população brasileira sofrem de enxaqueca, e quase 7%, de CCD. As mulheres mais que os homens e os sedentários mais que aqueles que praticam exercícios físicos regularmente (leia abaixo outras informações sobre a prevalência).
Há diferença também entre as regiões. No Sul e no Sudeste, a população tem mais enxaqueca. Essa realidade pode ser explicada por dois fatores. O primeiro é genético. A enxaqueca tem influência genética e os europeus são os que mais sofrem com ela. Naquele continente, a prevalência chega a 20%. Como o Sul e o Sudeste foram as regiões que mais receberam imigrantes europeus, então é possível que exista alguma relação com a alta prevalência. Outro fator é ambiental. O estilo de vida agitado e estressante das grandes cidades brasileiras, principalmente no Sudeste, pode desencadear a enxaqueca.
Há remédios específicos, que diminuem a irritabilidade cerebral, para tratar a enxaqueca. Dependendo da frequência das crises, devem ser tomados diariamente pelo paciente. Atividades físicas regulares também inibem o aparecimento dos sintomas. Para algumas pessoas, alimentos como chocolate, queijo amarelo, glutamato monossódico (Ajinomoto) e bebidas alcoólicas podem desencadear a enxaqueca – então melhor ficar longe deles. E existem alguns truques “caseiros” para diminuir a dor.
Segundo Queiroz, a crise se caracteriza pela hiperexcitação cerebral. O paciente fica sensível à dor e a qualquer estímulo – barulho, cheiros, esforço físico etc. Então qualquer maneira de “esfriar a cabeça”, literalmente, pode amenizar o desconforto. O médico indica compressas frias, que podem ser desde panos com água gelada a rodelas de batatas ou outros legumes gelados. “A enxaqueca provoca vasodilatação, esquenta, e a água gelada absorve o calor”, diz. Tomar banho frio também pode funcionar, assim como métodos de relaxamento. Meditar ou repousar em um quarto escuro, calmo e sem barulho são algumas delas. Um estudo da Escola Paulista de Medicina provou que descansar de duas a três horas em um ambiente livre de estímulos melhora a dor sem a necessidade de remédio.
LAURA LOPES. ARTE: GUSTAVO CAMPOY
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