5.07.2013

"Médicos invisíveis"

Médicos faltosos terão corte no salário e serão investigados por secretaria e Polícia Civil

POR João Antonio Barros- O Dia
Rio -  Os plantões no papel passados a limpo. A Secretaria Estadual de Saúde suspendeu nesta segunda-feira o pagamento dos trabalhos extras realizados no mês de abril pelos oito médicos com cargos de chefia no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias.

A interrupção vale até a conclusão da sindicância, aberta pelo estado, para apurar as faltas dos servidores aos plantões na Emergência da unidade hospitalar.

Além do corte no salário, a Secretaria de Saúde interveio na direção do hospital e instalou um gabinete da Subsecretaria de Gestão do Trabalho.
Foto: Arte: O Dia
Dr. Paiva: Deveria estar no Saracuruna dia 22/3, conforme escala da secretaria. Mas atendia em clínica de Cascadura, de onde emitiu atestado para o repórter João Antônio Barros | Foto: Arte: O Dia
Os técnicos vão analisar as escalas dos oito médicos, desde janeiro deste ano, para comparar se de fato os profissionais prestaram serviço na Emergência do Saracuruna.
No domingo,  oito médicos  não apareceram nos plantões nos meses de março e abril. Dois deles foram flagrados atuando em clínicas da iniciativa privada na hora em que estavam escalados para trabalhar no Adão Pereira Nunes.
Os "médicos invisíveis", para escapar do controle do ponto biométrico — a leitura é feita através das digitais —, assinavam o livro de frequência e tinham o dia abonado pelo diretor do hospital, João Paulo Duarte Salgado Júnior — também incluído nas escalas dos domingos.

Plantões: R$ 5.750 por mês

Os valores pagos pelo estado aos médicos pelos plantões de 24 horas semanais, nas emergências, chegam a R$ 5.750 por mês. Como há caso de médicos que apareciam até duas vezes por semana na escala, os vencimentos eram dobrados — R$ 11.500 —, além do salário-base.

Os plantões de março foram pagos aos oito médicos com o salário, mas se for comprovado que faltaram ao trabalho, terão que devolver o dinheiro no fim da sindicância. O prazo para concluir a investigação é de 40 dias.

No período, o gabinete de intervenção vai comparar as escalas com o procedimento médico dos investigados, além e ouvir os profissionais que atuam na Emergência da unidade. A conduta ética dos oito profissionais será analisada pela comissão de sindicância.

Funcionários da unidade serão ouvidos

Outra péssima notícia para os médicos do Hospital de Saracuruna: a Delegacia Fazendária instaurou inquérito para apurar se os servidores cometeram crime de estelionato e falsidade ideológica.

A delegada Isabela Santoni oficiou o hospital para encaminhar as escalas de serviço dos últimos meses e vai ouvir os funcionários que atuam na Emergência do Adão Pereira Nunes, além dos médicos investigados.

Nesta segunda-feira foi dia do fim do "folgão" remunerado. Depois de faltar a mais um plantão no domingo, os médicos com cargo de chefia finalmente bateram ponto no Hospital Adão Pereira Nunes.

Além do diretor João Paulo e da vice, Erica Eisbach Del Castillo, os coordenadores da Emergência Paulo Décio Escobar Paiva e Fernanda Ribeiro Fonseca, e o encarregado pela Clínica Médica, Daniel Soto Lopes, atenderam os pacientes.

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