Rui Falcão aposta na política
de reserva de vagas para
pessoas com menos de
29 anos para dar
nova vida ao PT
Rio - Apesar dos constantes ataques sofridos pelo partido,
o presidente do PT, Rui Falcão, mantém-se esperançoso
. Ou “um otimista realista”, como diz o dirigente, que
está no cargo há quatro anos.“Não é a primeira vez
que somos alvo. O PT ajudou a construir a democracia
no Brasil e tem muitos compromissos com o futuro do país”.
Formado em Direito e com
anos de experiência como
jornalista, ele repete o
discurso de Dilma ao se
referir aos “panelaços”
contra o governo e alega
que são parte da democ
racia. Critica o discurso da
oposição e retruca:
“A melhor panela é a
cheia, que o trabalhador
passou a ter depois que
ganhamos a eleição, em 2002”.
contundente na resposta às manifestações e aos “panelaços”.
Nosso programa de televisão foi no sentido de responder
aos ataques recebidos. A trajetória do PT, a trajetória
de mudanças, a fala do Lula, a minha fala, o exemplo
que estamos dando para os outros partidos com essa
questão do financiamento empresarial. Mas não
podemos entrar numa guerra para ver quem bate
panela mais alto.
Temos muito apoio nas redes sociais. Há liberdade
para as pessoas se manifestarem no país a cada
pronunciamento. Quando a presidenta diz que as
manifestações são democráticas, é o protesto de
alguém que não está satisfeito conosco. O que não
podemos admitir é violência, quebradeira. Acho ruim
pessoas se manifestarem com panelas em vez de
argumentos, mas é um direito. A melhor panela é a
cheia, que o trabalhador passou a ter depois que
ganhamos a eleição, em 2002.
Fala-se com certeza quase absoluta que Lula sai
candidato à Presidência em 2018. Isso é fato?
Não existe essa decisão. Existe uma vontade muito
grande de toda a militância. E grande parte dos
ataques que se dirigem a nós hoje, contra Dilma
e também contra ele, é uma tentativa de impedir
a candidatura dele em 2018, que nem está
resolvida ainda. Mas há um temor de que sua
liderança se apresente em 2018 e signifique a
continuidade das grandes transformações que
estamos fazendo desde 2002.
Não seria importante o Brasil sair dessa
polarização entre tucanos e petistas?
Acho que, se o voto distrital se impuser, aí
sim vai se criar um sistema bipartidário
. É uma das razões pelas quais nós preferimos
o voto proporcional e as listas partidárias
, que dão margem para se apresentarem
outras variantes.
O mais importante é que, no debate entre PT
e PSDB, o PSDB possa aclarar melhor
suas ideias e não simplesmente fazer
campanha do contra, que, em alguns
momentos, rescende ao udenismo.
O senhor acredita que o PT pode dar a
volta por cima na opinião pública?
Nós já superamos outros momentos difíceis
, como em 2005. Fomos alvo de muitos ataques,
como em 1989, quando chegaram a vestir uma
camiseta do PT no Abílio Diniz, que tinha sido
sequestrado; teve o episódio em que um policial
atirou nos sem-terra e acusaram dois deputados
do PT como autores da agressão; essa matéria
ridícula da revista ‘Época’ agora, tentando envolver
o Lula. Não é a primeira vez que somos alvo de
ataques.
Muitas pessoas falam em um processo de decadência
do PT, mas o senhor se mantém otimista.
Eu sou um otimista realista. Sou tão otimista que não
quis me candidatar a deputado, para me dedicar
totalmente a isso que estou fazendo. A gente não
faz política só no parlamento.
Além do fim do financiamento empresarial ao
s diretórios do PT, alguma outra medida
de impacto vai ser anunciada no congresso
do partido, em junho?
Queremos produzir um texto grande, apresentando
a forma como estamos pensando o Brasil dos
próximos anos. Isso não está feito ainda, precisa
ser elaborado a várias mãos. Mas pode ser uma
coisa de impacto.
O PT tem lugar no Brasil dos próximos anos?
Com certeza. Assim como o PT ajudou a construir
a democracia no Brasil, tem muitos compromissos
com o futuro do nosso país. Estamos colocando
muita fé no congresso do partido.
Episódios como o mensalão e a Operação Lava
Jato não desgastam a imagem do partido?
Provocaram certo desgaste, sim. No episódio do
mensalão, a Ação Penal 470, houve julgamento
político, com condenações excessivas, inclusive
envolvendo pessoas que não são do PT. Uma foi
condenada a 14 anos, pena superior a penas de
homicidas. Houve politização no processo, tanto
que não expulsamos companheiros.
No caso da Petrobras, defendemos que os fatos
que lá ocorreram sejam investigados até as últimas
consequências. Tanto é que o relator da CPI da
Petrobras é deputado do PT. Mas o que não queremos
é vazamentos seletivos, como tem ocorrido desde
o início da apuração.
Queremos que a Justiça seja igual para todos,
que os culpados ou indiciados tenham direito a
ampla defesa, que não haja excessos para forçar
delações e que elas não sejam tomadas como provas
, e sim como indícios. E, ao final do processo,
com ampla defesa, os condenados sofram os
rigores da lei.
O senhor afirmou no programa de televisão do
PT, semana passada, que militantes condenados
serão expulsos do partido.
A minha fala foi a seguinte: aqueles que cometerem
maus feitos ou ilegalidades não continuarão nas nossas
fileiras. Temos um processo na comissão de ética e nela as
pessoas têm direito de defesa, a não ser em casos
previstos no estatuto em que se faz a expulsão sumária.
Por exemplo: o prefeito (Mauro Henrique Chagas,
PT) no interior do Rio de Janeiro, flagrado pegando
propina, foi expulso sumariamente. Ali, não há o que
alegar. Nos outros casos, a pessoa é inquirida,
apresenta sua defesa e nós temos três tipos de
punição: advertência, suspensão e expulsão.
Há críticas de que o sr. demorou a agir em
relação ao João Vaccari (ex-tesoureiro do PT).
Continua acreditando na inocência dele?
Continuo acreditando na inocência dele e na de todos
aqueles que são indiciados e inquiridos, porque há
um princípio elementar do Direito, um princípio
universal, que afirma que as pessoas são inocentes
até que se prove o contrário.
Como é possível compatibilizar financiamento
público com os valores colossais que vemos
nas campanhas?
Somos a favor de fixar tetos para as campanhas
eleitorais, baratear custos. Uma das maneiras de
baratear campanha é o financiamento público, o
regramento dos partidos, a lista partidária para ter
voto programático. Além disso, mais horário para
o debate político, e não só para o programa eleitoral,
como também o direito de antena que existe em vários
países da Europa e a democratização dos meios de
comunicação, que é uma maneira de contribuir para o
esclarecimento do povo. As medidas de reforma política
poderiam mudar a descrença da população nos processos
de representação.
O PT não fica um pouco à margem com essa
situação complexa de ter a Presidência da
República e os ministérios, mas a articulação
política e o Congresso estarem nas mãos do PMDB?
Temos há alguns anos o chamado governo de coalizão.
O presidente é eleito e aqueles que te ajudam a
elegê-lo obstaculizam as mudanças depois.
É um modelo que precisa ser mudado, e a
maneira é garantindo maioria àquele cujo
programa é vitorioso nas urnas.
Como você vive num governo de coalizão,
essa aliança passa por vários modelos.
O mais recente é delegar ao presidente da
República as tarefas de articulação política,
que não são feitas exclusivamente por ele e
que está restrito também a um programa de
governo que ele não pode mudar. O fato de ter
dois presidentes do mesmo partido é resultado
da eleição, desse modelo que temos e queremos
mudar. Há conflito aparente entre o presidente
do Senado e o da Câmara. Você vê o presidente
do Senado declarar que o projeto de terceirização,
como saiu da Câmara, não passará no Senado.
São divergências desse modelo que é preciso
administrar com cuidado, e o PT tem interlocução
direta com a presidenta, os ministros e o
vice-presidente da República.
o presidente do PT, Rui Falcão, mantém-se esperançoso
. Ou “um otimista realista”, como diz o dirigente, que
está no cargo há quatro anos.“Não é a primeira vez
que somos alvo. O PT ajudou a construir a democracia
no Brasil e tem muitos compromissos com o futuro do país”.
Questionado sobre o envelhecimento dos quadros
petistas, Rui aposta na política de reserva de
vagas para pessoas com menos de 29 anos
para dar nova vida ao PT. “Estamos fazendo
um grande esforço de renovação”.
petistas, Rui aposta na política de reserva de
vagas para pessoas com menos de 29 anos
para dar nova vida ao PT. “Estamos fazendo
um grande esforço de renovação”.
Formado em Direito e com
anos de experiência como
jornalista, ele repete o
discurso de Dilma ao se
referir aos “panelaços”
contra o governo e alega
que são parte da democ
racia. Critica o discurso da
oposição e retruca:
“A melhor panela é a
cheia, que o trabalhador
passou a ter depois que
ganhamos a eleição, em 2002”.
Esse clima de insatisfação
, que se reflete nas
pesquisas de opinião,
pode ser revertido?
, que se reflete nas
pesquisas de opinião,
pode ser revertido?
Com certeza. São momentos
de dificuldades passageiras.
Tivemos uma sucessão de
fatos negativos do ponto
de vista da opinião pública
no início do ano: aumento
dos combustíveis, inflação
sazonal de alimentos, a
propaganda cotidiana de
que ia haver racionamento
de energia, e isso não
houve, a falta de água
em São Paulo e em outros
lugares, aumento da taxa de juros. Em conjunto, tudo
isso provocou mau
humor na sociedade na figura daquela que é encarada
como a responsável
por tudo, a presidente da República, e do partido dela, o PT,
além das denúncias sucessivas direcionadas a um único partido.
Acho que isso é passageiro. Na medida em que a economia vá
retomando, que o crescimento se restabeleça, na medida em
que as denúncias vão sendo esclarecidas, que nossa ação militante
vai dialogando mais com as pessoas, nós tendemos a recuperar
tanto a popularidade da presidenta como a popularidade do PT
. E é para isso que nós estamos trabalhando.
Há uma cobrança de simpatizantes para que o PT seja maide dificuldades passageiras.
Tivemos uma sucessão de
fatos negativos do ponto
de vista da opinião pública
no início do ano: aumento
dos combustíveis, inflação
sazonal de alimentos, a
propaganda cotidiana de
que ia haver racionamento
de energia, e isso não
houve, a falta de água
em São Paulo e em outros
lugares, aumento da taxa de juros. Em conjunto, tudo
isso provocou mau
humor na sociedade na figura daquela que é encarada
como a responsável
por tudo, a presidente da República, e do partido dela, o PT,
além das denúncias sucessivas direcionadas a um único partido.
Acho que isso é passageiro. Na medida em que a economia vá
retomando, que o crescimento se restabeleça, na medida em
que as denúncias vão sendo esclarecidas, que nossa ação militante
vai dialogando mais com as pessoas, nós tendemos a recuperar
tanto a popularidade da presidenta como a popularidade do PT
. E é para isso que nós estamos trabalhando.
contundente na resposta às manifestações e aos “panelaços”.
Nosso programa de televisão foi no sentido de responder
aos ataques recebidos. A trajetória do PT, a trajetória
de mudanças, a fala do Lula, a minha fala, o exemplo
que estamos dando para os outros partidos com essa
questão do financiamento empresarial. Mas não
podemos entrar numa guerra para ver quem bate
panela mais alto.
Temos muito apoio nas redes sociais. Há liberdade
para as pessoas se manifestarem no país a cada
pronunciamento. Quando a presidenta diz que as
manifestações são democráticas, é o protesto de
alguém que não está satisfeito conosco. O que não
podemos admitir é violência, quebradeira. Acho ruim
pessoas se manifestarem com panelas em vez de
argumentos, mas é um direito. A melhor panela é a
cheia, que o trabalhador passou a ter depois que
ganhamos a eleição, em 2002.
Fala-se com certeza quase absoluta que Lula sai
candidato à Presidência em 2018. Isso é fato?
Não existe essa decisão. Existe uma vontade muito
grande de toda a militância. E grande parte dos
ataques que se dirigem a nós hoje, contra Dilma
e também contra ele, é uma tentativa de impedir
a candidatura dele em 2018, que nem está
resolvida ainda. Mas há um temor de que sua
liderança se apresente em 2018 e signifique a
continuidade das grandes transformações que
estamos fazendo desde 2002.
Não seria importante o Brasil sair dessa
polarização entre tucanos e petistas?
Acho que, se o voto distrital se impuser, aí
sim vai se criar um sistema bipartidário
. É uma das razões pelas quais nós preferimos
o voto proporcional e as listas partidárias
, que dão margem para se apresentarem
outras variantes.
O mais importante é que, no debate entre PT
e PSDB, o PSDB possa aclarar melhor
suas ideias e não simplesmente fazer
campanha do contra, que, em alguns
momentos, rescende ao udenismo.
O senhor acredita que o PT pode dar a
volta por cima na opinião pública?
Nós já superamos outros momentos difíceis
, como em 2005. Fomos alvo de muitos ataques,
como em 1989, quando chegaram a vestir uma
camiseta do PT no Abílio Diniz, que tinha sido
sequestrado; teve o episódio em que um policial
atirou nos sem-terra e acusaram dois deputados
do PT como autores da agressão; essa matéria
ridícula da revista ‘Época’ agora, tentando envolver
o Lula. Não é a primeira vez que somos alvo de
ataques.
Muitas pessoas falam em um processo de decadência
do PT, mas o senhor se mantém otimista.
Eu sou um otimista realista. Sou tão otimista que não
quis me candidatar a deputado, para me dedicar
totalmente a isso que estou fazendo. A gente não
faz política só no parlamento.
Além do fim do financiamento empresarial ao
s diretórios do PT, alguma outra medida
de impacto vai ser anunciada no congresso
do partido, em junho?
Queremos produzir um texto grande, apresentando
a forma como estamos pensando o Brasil dos
próximos anos. Isso não está feito ainda, precisa
ser elaborado a várias mãos. Mas pode ser uma
coisa de impacto.
O PT tem lugar no Brasil dos próximos anos?
Com certeza. Assim como o PT ajudou a construir
a democracia no Brasil, tem muitos compromissos
com o futuro do nosso país. Estamos colocando
muita fé no congresso do partido.
Episódios como o mensalão e a Operação Lava
Jato não desgastam a imagem do partido?
Provocaram certo desgaste, sim. No episódio do
mensalão, a Ação Penal 470, houve julgamento
político, com condenações excessivas, inclusive
envolvendo pessoas que não são do PT. Uma foi
condenada a 14 anos, pena superior a penas de
homicidas. Houve politização no processo, tanto
que não expulsamos companheiros.
No caso da Petrobras, defendemos que os fatos
que lá ocorreram sejam investigados até as últimas
consequências. Tanto é que o relator da CPI da
Petrobras é deputado do PT. Mas o que não queremos
é vazamentos seletivos, como tem ocorrido desde
o início da apuração.
Queremos que a Justiça seja igual para todos,
que os culpados ou indiciados tenham direito a
ampla defesa, que não haja excessos para forçar
delações e que elas não sejam tomadas como provas
, e sim como indícios. E, ao final do processo,
com ampla defesa, os condenados sofram os
rigores da lei.
O senhor afirmou no programa de televisão do
PT, semana passada, que militantes condenados
serão expulsos do partido.
A minha fala foi a seguinte: aqueles que cometerem
maus feitos ou ilegalidades não continuarão nas nossas
fileiras. Temos um processo na comissão de ética e nela as
pessoas têm direito de defesa, a não ser em casos
previstos no estatuto em que se faz a expulsão sumária.
Por exemplo: o prefeito (Mauro Henrique Chagas,
PT) no interior do Rio de Janeiro, flagrado pegando
propina, foi expulso sumariamente. Ali, não há o que
alegar. Nos outros casos, a pessoa é inquirida,
apresenta sua defesa e nós temos três tipos de
punição: advertência, suspensão e expulsão.
Há críticas de que o sr. demorou a agir em
relação ao João Vaccari (ex-tesoureiro do PT).
Continua acreditando na inocência dele?
Continuo acreditando na inocência dele e na de todos
aqueles que são indiciados e inquiridos, porque há
um princípio elementar do Direito, um princípio
universal, que afirma que as pessoas são inocentes
até que se prove o contrário.
Como é possível compatibilizar financiamento
público com os valores colossais que vemos
nas campanhas?
Somos a favor de fixar tetos para as campanhas
eleitorais, baratear custos. Uma das maneiras de
baratear campanha é o financiamento público, o
regramento dos partidos, a lista partidária para ter
voto programático. Além disso, mais horário para
o debate político, e não só para o programa eleitoral,
como também o direito de antena que existe em vários
países da Europa e a democratização dos meios de
comunicação, que é uma maneira de contribuir para o
esclarecimento do povo. As medidas de reforma política
poderiam mudar a descrença da população nos processos
de representação.
O PT não fica um pouco à margem com essa
situação complexa de ter a Presidência da
República e os ministérios, mas a articulação
política e o Congresso estarem nas mãos do PMDB?
Temos há alguns anos o chamado governo de coalizão.
O presidente é eleito e aqueles que te ajudam a
elegê-lo obstaculizam as mudanças depois.
É um modelo que precisa ser mudado, e a
maneira é garantindo maioria àquele cujo
programa é vitorioso nas urnas.
Como você vive num governo de coalizão,
essa aliança passa por vários modelos.
O mais recente é delegar ao presidente da
República as tarefas de articulação política,
que não são feitas exclusivamente por ele e
que está restrito também a um programa de
governo que ele não pode mudar. O fato de ter
dois presidentes do mesmo partido é resultado
da eleição, desse modelo que temos e queremos
mudar. Há conflito aparente entre o presidente
do Senado e o da Câmara. Você vê o presidente
do Senado declarar que o projeto de terceirização,
como saiu da Câmara, não passará no Senado.
São divergências desse modelo que é preciso
administrar com cuidado, e o PT tem interlocução
direta com a presidenta, os ministros e o
vice-presidente da República.
Nenhum comentário:
Postar um comentário