Acordei e o despertar trouxe-me um certo medo...
De pensar no futuro, até do presente.
Hoje com o sol nasceram incertezas,
O certo já não é o seu sorriso, mas lágrimas,
Misturadas aos controversos sentimentos.
E o teu desabafo escrito sobre a mesa
Desejaria esquecê-lo, cada palavra.
Por ele, não vejo sequer uma possibilidade
Não há mais horizonte, nem planos
Nem roupas, só vazio.
Só vazio é que comportamos agora
Um vazio imenso de enorme distancias
Que se alongam e se alargam a cada minuto
Na contra partida na compressão do sentimento
E agravamento dos olhos turvos e poucos verdadeiros.
Fim.
Tens então meu
ombro para tuas lágrimas
Acalento aos teus
temores
Talvez, firmeza as
tuas ruínas
E amor para o teu
desamor.
Não sou, senão,
parte que te pertence
Que não funciona
quando distante
E desanda e
desconcerta às vezes que diz adeus.
Não sou, senão,
nada longe do teu olhar.
Tens-me
inteiramente!
Os versos, os
beijos, os olhares...
Os versos para te
exaltarem, os beijos e os olhares
Para lembrarem-te
que são sempre teus.
Tens a mim para
teu refúgio
Companhia para os
luares
Para as incertezas
e horas escuras
E para o fim do
mundo e uma vida longa.
Pôr do Sol
O sol adeus mais
uma vez
E com ele vão-se
os sonhos e os medos
A esperança por
dias gloriosos dorme
Mas, desperta
poucas horas depois.
Talvez posso
responder agora, amor
Se o sol se pondo
ainda te comove.
Diga-me baixinho,
sem pressa...
Pois, ele se
despede, mas renasce revigorado.
Põe-se para o
nosso amor
E ilumina agora do
outro lado do horizonte.
Ficamos com a
lembrança;
Talvez uma
fotografia, um sorriso antes de sua partida.
Recordo agora
desse final de tarde,
Amarelado de um
sol quase apagado.
Que se escondia
atrás de teus cabelos
Despedindo-se mais uma vez do teu sorriso.
Despedindo-se mais uma vez do teu sorriso.
E de todos...
E de todos os versos que te
fiz
Todo amor que doei
E de toda dor que evitei
Não pude conter
O simples ato de dizer não.
E depois te abraçar e prometer
Que o meu amor será como o sol
Nos teus dias escurecidos.
Será sublime encanto
Nos dias monótonos e tristonhos.
Todo amor que doei
E de toda dor que evitei
Não pude conter
O simples ato de dizer não.
E depois te abraçar e prometer
Que o meu amor será como o sol
Nos teus dias escurecidos.
Será sublime encanto
Nos dias monótonos e tristonhos.
A cima
Sentados
de olhos postos no horizonte
Segurava
a tua mão firmemente;
Dedos
entrelaçados e pensamentos que fugiam
Todas
as vezes que confundidas estrelas e luzes noturnas.
De
cima víamos pequenos de nós
E
a cima de todos um céu abençoado
De
uma noite estrelada...
De
arrepios da pele pelo vento gelado.
Vamos
dividir o mesmo fone?
Ouvir
a mesma música tantas vezes tocada
Encantar-se
com a mesma melodia
Tantas
vezes relembrada e recantada.
"O
azul do mar me chamou..."
E
eu pulei!
E
lembro agora sentados e desapressados
Assistindo
uma grande noite no alto do horto.
Traze-me
Traze-me um pouco do teu sorriso
Mesmo entristecido.
Traz-me teu abraço
Mesmo enfraquecido.
Traze-me...
Tua presença que mesmo silenciosa
Preenche todo meu vazio.
Mesmo entristecido.
Traz-me teu abraço
Mesmo enfraquecido.
Traze-me...
Tua presença que mesmo silenciosa
Preenche todo meu vazio.
Planos para o futuro
Esse pedaço de papel reserva
Poucas linhas de um futuro pretendido;
Não são lá grandes planos
Nem sequer os tenho definidos,
Apenas sei que os tenho em algum lugar.
Ser melhor do que sou está incluído!
Fazer e realizar o que ainda não pude.
Surpreender aos poucos decepcionados
Fazer entendê-los e ampliar a visão, pois
Alguns acontecimentos fogem a racional compreensão.
Não quero e nem preciso das grandes coisas
Porém, sou do tamanho que pretendo
E me reservo a tudo o que é essencial,
Que minha alma agradece
E meu coração se engrandece.
Um carro? Uma casa? Um novo emprego...?
Amar mais e se doar mais ainda?
Abrir os braços e esperar...
O amor que me aguarda
Repousando no sofá da sala.
Disse que não eram grandes coisas
Mas, reforço, o essencial importa mais:
Amar, doar-se, curar-se, arriscar-se, feri-se...
Cair e recompor-se!
Desistir e persistir segundos depois.
Poucas linhas de um futuro pretendido;
Não são lá grandes planos
Nem sequer os tenho definidos,
Apenas sei que os tenho em algum lugar.
Ser melhor do que sou está incluído!
Fazer e realizar o que ainda não pude.
Surpreender aos poucos decepcionados
Fazer entendê-los e ampliar a visão, pois
Alguns acontecimentos fogem a racional compreensão.
Não quero e nem preciso das grandes coisas
Porém, sou do tamanho que pretendo
E me reservo a tudo o que é essencial,
Que minha alma agradece
E meu coração se engrandece.
Um carro? Uma casa? Um novo emprego...?
Amar mais e se doar mais ainda?
Abrir os braços e esperar...
O amor que me aguarda
Repousando no sofá da sala.
Disse que não eram grandes coisas
Mas, reforço, o essencial importa mais:
Amar, doar-se, curar-se, arriscar-se, feri-se...
Cair e recompor-se!
Desistir e persistir segundos depois.
Amanheceu e permaneci
escurecido
No peito a mesma
esperança perdida
O mesmo tesouro
enferrujado
Um punhado de ouro
ensanguentado
Devaneios e
tolerâncias de um amante enlouquecido.
Não é sequer um
bilhete suicida
Um testamento
rasurado com poesia
É somente o desabafo
De quem se esperou e
perseguiu
O pote de ouro no
final do arco-íris.
Em cada baú uma lembrança
Em cada carta uma
despedida
No guarda-roupa
saudade
Um quarto solitário e
negro...
A cortina de flores
murchas acinzentadas.
Amanheceu e eu anoiteci
Sentido a vontade de
voltar
A ser pasto
Verme e micróbio
Voltar a ser frio e imóvel
como pedra.
Escolha
Apesar do medo
escolho a ousadia.
Ao conforto das algemas, prefiro
a dura liberdade.
Vôo com meu par de asas tortas,
sem o tédio da comprovação.
Opto pela loucura, com um grão
de realidade:
meu ímpeto explode o ponto,
arqueia a linha, traça contornos
para os romper.
Desculpem, mas devo dizer:
eu
quero o delírio.
Lya Luft
Madrugada
Meu
sono fluía com perfeição;
Sem
pesadelos, sonhos e assombrações.
Como
pedra a deleitar
O
silêncio da madrugada morna.
Parece
loucura ou devaneio,
Mas
despertei atordoado procurando
Tua
voz mansa que gritou
Rasgando
o silêncio da noite com meu nome.
Seria
sonho? Não!
Percebi
que foi a tua falta.
Angustiado
apenas pensei:
Foi
a saudade batendo a minha porta!
E
se fosse diferente?
Gritasse
meu nome e aparecesse
Com
tua luz e teu calor
Iluminando
minha noite e aquecendo minha cama.
Que seja!
Amo-te,
pois roubar-me do meu mundo
Sequestrou-me
da minha própria vida
Agora,
tenho a sua atrelada a minha
Linhas
paralelas, movimentos sincronizados.
Sê
assim o amor, que seja!
Entrego-me,
desabo-me
Beijo-te
e me perco
Olho-te
e me reencontro.
Sê
assim a paixão, que seja!
Com
a intensidade de olhares
A
pressa de viver e reviver
A
ansiedade de tornar novo de novo.
Sim,
que amor improvável...
Desconcertante,
forte!
Mais
forte que a força humana
Mais
forte que a nossa capacidade de dizer não.
Mesma moeda
Disseram-me que o melhor de mim se perdeu
Foi deixado em qualquer rua sem nome,
Em qualquer casa sem endereço.
Errado, pois o melhor de mim ainda sou eu.
Não morri, tão pouco matei
Apenas escolhi!
Só não optei pela opção alheia
Mesmo assim ironiza, pisa e cospe.
Se intenciona afastar-me
Investe nas mesmas palavras.
Se o meu fracasso é o teu grande prazer...
É melhor esperar sentada.
Foi deixado em qualquer rua sem nome,
Em qualquer casa sem endereço.
Errado, pois o melhor de mim ainda sou eu.
Não morri, tão pouco matei
Apenas escolhi!
Só não optei pela opção alheia
Mesmo assim ironiza, pisa e cospe.
Se intenciona afastar-me
Investe nas mesmas palavras.
Se o meu fracasso é o teu grande prazer...
É melhor esperar sentada.
Contradição
Torce pela derrota e pelo fracasso!
Não eras assim,
Nunca foste assim,
Mas tua incompreensão mudou
A cor do teu sorriso
E a mansidão da tua voz.
Desperto e vejo
Não os olhos de outrora, acolhedores.
Noto, agora, inquisição e julgamento;
Desprezo e repulsa!
Mas vos digo:
Pondera hoje, pois o seguinte é incerto.
Verdade?
Se a verdade se manifestasse
E minha coragem impulsionasse o ato,
Não seria covarde,
Não seria fraco, mas seria livre.
Talvez minhas verdades
Sejam de fato
Versões falseadas
Dessa verdade nunca dita.
Talvez, amor
Minha verdade não seja
Aquela que seus ouvidos querem ouvir,
E que seus olhos se recusam a perceber.
E minha coragem impulsionasse o ato,
Não seria covarde,
Não seria fraco, mas seria livre.
Talvez minhas verdades
Sejam de fato
Versões falseadas
Dessa verdade nunca dita.
Talvez, amor
Minha verdade não seja
Aquela que seus ouvidos querem ouvir,
E que seus olhos se recusam a perceber.
Somente
Ouso bocas que me condenam
Olhos que sentenciam meu atos
Cabe pena de morte ou perpétua?
Preciso de quantos advogados?
Farto da nossa hipocrisia
De tanta cautela e do excesso de moral
Farto do diverso julgamento...
Preciso que ousam apenas como estou!
Olhos que sentenciam meu atos
Cabe pena de morte ou perpétua?
Preciso de quantos advogados?
Farto da nossa hipocrisia
De tanta cautela e do excesso de moral
Farto do diverso julgamento...
Preciso que ousam apenas como estou!
Mudança
Já não vejo teus olhos há tempos
Busco às pressas no meu baú
Qualquer memória frágil... uma recordação
Um beijo, uma frase... uma canção.
E quando quase a esqueço
O céu noturno se encarrega de relembrar
Hoje há lua sob nossos corpos,
Mesmo sabendo que agora preferes
O nascer do sol a esse triste luar.
Busco às pressas no meu baú
Qualquer memória frágil... uma recordação
Um beijo, uma frase... uma canção.
E quando quase a esqueço
O céu noturno se encarrega de relembrar
Hoje há lua sob nossos corpos,
Mesmo sabendo que agora preferes
O nascer do sol a esse triste luar.
Sábado
Tu partirás hoje...
Não irás nem tão longe e nem tão perto
Mas suficiente para magoar minha saudade
Que já não se remenda e nem se cura.
Vais mesmo, amor?
Sei que serás outra
Habitarás outros céus e paraísos
Eu, apenas sentirei que perdi.
Tu recolherás os pedaços...
As estruturas que te quebrei
Os caminhos que te desviei
Levar-te-ão a outros universos.
Veja, minha princesa...
O derradeiro sábado
Que não é de aleluia e nem ressuscita
Mas, que se despede e entristece.
Tenso entardecer
Recordo-me agora
Da conversa no final de tarde
Tão pesada quanto uma tonelada
Tão dolorosa quanto a despedida.
Saí, então, com os olhos no chão
Tão vazio quanto o silêncio
Tão perdido quanto bússola quebrada
Vi-me só, sem presença de mim.
Abri o portão...
Não vi teu sorriso, tão pouco um riso
Fui-me despindo e pensando
Espalhei as roupas des-perfumadas de ti
Nesse quarto breu e solitário.
Resolvi banhar o corpo
Abri o chuveiro, água fria,
Chorei camuflando as lágrimas com a queda d'água
Abafei minhas lamúrias com o barulho de chuva
Por um minuto consegui esquecer de você.
Da conversa no final de tarde
Tão pesada quanto uma tonelada
Tão dolorosa quanto a despedida.
Saí, então, com os olhos no chão
Tão vazio quanto o silêncio
Tão perdido quanto bússola quebrada
Vi-me só, sem presença de mim.
Abri o portão...
Não vi teu sorriso, tão pouco um riso
Fui-me despindo e pensando
Espalhei as roupas des-perfumadas de ti
Nesse quarto breu e solitário.
Resolvi banhar o corpo
Abri o chuveiro, água fria,
Chorei camuflando as lágrimas com a queda d'água
Abafei minhas lamúrias com o barulho de chuva
Por um minuto consegui esquecer de você.
Aonde?...
Ando a chamar por ti, demente, alucinada,Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde?
O eco ao pé de mim segreda... desgraçada...
E só a voz do eco, irônica, responde!
Estendo os braços meus! Chamo por ti ainda!
O vento, aos meus ouvidos, soluça a murmurar;
Parece a tua voz, a tua voz tão linda
Cantante como um rio banhado de luar.
Eu grito a minha dor, a minha dor intensa!
Esta saudade enorme, esta saudade imensa!
E só a voz do eco à minha voz responde...
Em gritos, a chorar, soluço o nome teu
E grito ao mar, à terra, ao puro azul do céu:
Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde?...
Florbela Espanca
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