Traficante mais procurado do Rio, Playboy é morto em ação conjunta
Celso Pinheiro Pimenta estava na casa da namorada no Morro da Pedreira
Rio - O traficante mais procurado do
Rio foi morto, neste sábado, em uma ação conjunta de três forças. Celso
Pinheiro Pimenta, conhecido como Playboy, foi baleado enquanto estava na
casa de sua namorada, no Morro da Pedreira, em Costa Barros, Zona Norte
do Rio. A operação que resultou na morte do bandido foi uma parceria
entre a Polícia Federal, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da
Polícia Civil e a Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar. O
Disque-Denúncia oferecia uma recompensa de R$ 50 mil por informações
sobre o paradeiro de Playboy.
Cerca de 80 policiais e um
helicóptero participaram da ação. O traficante foi baleado no abdômen e
socorrido ainda com vida, sendo levado para o Hospital Federal de
Bonsucesso. De acordo com assessoria do hospital, o blindado que
transportava Playboy chegou por volta das 13h30 na unidade, mas o
traficante já chegou morto ao local. O corpo seguiu para o Instituto
Médico Legal (IML).
No Morro da Pedreira, há intensa movimentação de viaturas do 41º BPM (Irajá). O clima é tenso na região.
Ações ousadas e pedido de cessar fogo
Condenado a 15 anos e oito meses de
prisão por tráfico, roubo e homicídio qualificado, Playboy era conhecido
pelas ações ousadas, que desafiavam a polícia. Uma delas foi invadir um
complexo esportivo e ostentar armas em uma piscina no local. No dia 31
de dezembro, o bando do traficante foi acusado de roubar 193 motos de um
galpão terceirizado do Detro, na Fazenda Botafogo. No entanto,
recentemente, o traficante vinha sofrendo duros golpes.
Em maio, um homem de confiança de
Playboy foi preso. Ênio Costa de Oliveira, conhecido como Rei Eco,
gerenciava o tráfico na Favela da Lagartixa, dentro do Complexo da
Pedreira. Em junho, a voz do bandido foi ouvida em áudios espalhados em
grupos do WhatsApp.
Traficantes de facções rivais
tentaram fazer um acordo para cessar fogo na região. Na conversa,
Playboy ordena que o chefes da facção rival CV, Ricardo Chaves de Castro
Lima, o Fu, e Claudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira,
parem de trocar tiros de longe para não atingir moradores.
"Não estou pedindo trégua pra ninguém, não.
Vocês são de uma facção, eu sou de outra. É guerra de sangue. Mas estou
aqui para não chamar mais atenção da mídia, pro morador ficar tranquilo,
pra criança poder brincar. A gente quer colocar uns pula-pula para as
nossas crianças poderem brincar e não dá", avisa ele. O áudio foi
analisado por agentes da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD).Os tiros de longe a que Playboy se refere é sobre o episódio do ataque de pelo menos 50 bandidos do CV fortemente armados a um caminhão que transportava bebidas na Avenida Brasil, na altura da Fazenda Botafogo, na tarde de 25 de maio. Ao interceptarem o veículo, os criminosos mandaram que o motorista seguisse um comboio para a comunidade da Quitanda, que faz parte do domínio da região onde Playboy atua. Houve uma intensa troca de tiros e pelo menos três mortos e três baleados. A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do local teve que ser fechada.
Durante a conversa, além de se mostrar "preocupado" com a repercussão na mídia, o traficante enfatiza que a trégua é só por conta dos moradores e que a guerra entre os bandidos continua. "Estou aqui para chegar a um denominador comum com esse bagulho de tiros de longe. Se não quiser parar, tá beleza, muita gente vai ser prejudicada. Eu não estou dando papo de comédia não, eu estou dando papo preocupado com morador, pra parar de dar tiro de longe. Fica na de vocês aí".
Fu da Mineira comenta a situação: “O papo de tiro já era pra ter acabado há um tempão, mas não vai ficar assim não porque eles querem descarregar fuzil na nossa cara”, explica o criminoso.
Claudinho também participa da conversa e se preocupa em relação ao domínio de território. “Com certeza, com isso tudo que tá acontecendo, quem diminui nosso espaço é nós mesmo, porque se você tem controle aí, nós também tenta ter daqui.”
Além de debaterem o assunto sobre os moradores, as ameaças entre eles são constantes e um dos traficantes fala até em respeito de hierarquia do tráfico: "Tu não serve nem para ser bandido, tu não sabe respeitar a hierarquia", fala Playboy para um traficante que debocha da conversa.
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