Como a Folha revelou em janeiro, o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, disse à Polícia Federal em novembro de 2014 que entregou R$ 1 milhão em 2010 a Anastasia, então candidato a governador, por ordem do doleiro Alberto Youssef.
O senador rechaçou a acusação na época, e disse desconhecer o policial e o doleiro, um dos principais operadores do esquema de corrupção descoberto na Petrobras.
A fala de Careca foi desmentida depois por Youssef, que fez acordo para colaborar com as investigações e negou ter pedido ao policial que entregasse o dinheiro.
Os procuradores da Lava Jato fizeram nos últimos meses checagens para verificar a história de Careca, que depôs na condição de testemunha. As apurações não confirmaram os fatos narrados.
Pedro Ladeira - 10.mar.2015/Folhapress | ||
O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) discursa na tribuna do plenário do Senado |
"Tempos mais tarde, vendo os resultados eleitorais, identifiquei que o candidato que ganhou a eleição era a pessoa para quem levei o dinheiro", disse Careca. A polícia mostrou então uma foto de Anastasia. "A pessoa que aparece na fotografia é muito parecida com a que recebeu a mala enviada por Youssef, contendo dinheiro'', disse o policial.
Youssef era um dos operadores encarregados de distribuir o dinheiro da propina paga pelas empresas que tinham negócios com a Petrobras. Careca era uma das pessoas que entregavam o dinheiro em nome do doleiro.
Segundo um dos investigadores, apesar de a apuração não confirmar o depoimento de Careca, o fato narrado pelo policial ainda não está descartado. A hipótese dos investigadores é que o dinheiro mencionado pode ter sido entregue a outro destinatário.
Em março, quando o STF autorizou a abertura de inquéritos sobre Anastasia e outros políticos, o senador pediu ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos associados à Lava Jato no tribunal, que revisse sua decisão.
Os advogados de Anastasia disseram que a abertura do inquérito foi baseada em depoimento "solitário e vazio" e por isso ele não deveria prosseguir. A Procuradoria reagiu ao pedido para trancar o inquérito na época.
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