Bio Brazil Fair: feira de produtos orgânicos no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera.
Uma pesquisa inédita sobre o comportamento e a percepção do
consumidor de alimentos orgânicos foi divulgada hoje, durante a Bio
Brazil Fair, que prossegue até o dia 24 de julho no Pavilhão da Bienal,
no Parque do Ibirapuera, na capital. A pesquisa foi realizada pela
Organic Services e a Vital Food, em sete capitais (São Paulo, Rio de
Janeiro, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte, Goiânia e Belém), num
total de 1.907 entrevistas, dos quais 765 feitas via internet e 1.139
nos principais pontos de venda de orgânicos em cada uma das cidades
acima mencionadas. A apresentação ficou a cargo do representante no
Brasil da Organic Services, o engenheiro agrônomo Ulisses Bocchi.
“É importante lembrar que antes de realizarmos as entrevistas
fizemos um mapeamento prévio desses pontos de vendas de orgânicos para
detectar quais os principais em cada município”, disse Bocchi, em sua
apresentação.
Mas vamos aos números: nada menos que 69% dos consumidores de
orgânicos são mulheres, sendo que 29% delas têm de 31 a 45 anos de
idade e 39% de 46 a 60 anos. “O fato de a maior parte das consumidoras
ser de mulheres de meia idade pode ser um indicativo de maior
preocupação com a saúde a partir de determinado estágio da vida”, diz
Bocchi.
O público consumidor de orgânicos é também economicamente ativo, tem
nível elevado de escolaridade (um terço tem graduação superior,
pós-graduação ou escolaridade acima disso). Em números, 40% têm pelo
menos o curso superior completo. Quanto à renda, 44% ganham acima de R$
6 mil (21% entre R$ 6 mil e R$ 10 mil e 23% mais de R$ 10 mil).
Sobre a imagem dos orgânicos, é fortemente ligada à saúde e à
ausência de agrotóxicos, além de hormônios e adubos químicos. Além
disso, 88% concordam que alimentos orgânicos têm alto valor nutritivo;
48% compram por questões de saúde e 36% compram pelo fato de o alimento
não conter agrotóxico.
O consumidor de orgânicos é relativamente bem informado, pois 44%
declararam que sabem bastante sobre o modo de produção orgânica; 52%
sabem um pouco a respeito e 4% dos consumidores de orgânicos já ouviram
falar do termo orgânico, mas não têm certeza do que significa.
Quanto às certificadoras, 72% reconhecem algum selo certificador e
29% não reconhecem selo nenhum. Além disso, 51% não lembraram de
nenhuma marca de orgânicos, espontaneamente, e 49% citaram pelo menos
uma marca.
Um dado intrigante da pesquisa abordou o tema transgênicos, vegetais
terminantemente proibidos, por lei, nos cultivos orgânicos. Na visão
dos consumidores pesquisados, 63% afirmaram que alimentos orgânicos não
podem ter elementos transgênicos, mas uma parcela relativamente alta –
17% e 4%, respectivamente –, concordaram que pode haver transgênicos em
orgânicos ou concorda plenamente com a presença de transgênicos em
alimentos orgânicos.
O consumidor de orgânicos é fiel, já que 58% compram orgânicos
semanalmente; 12% pelo menos a cada 15 dias; 8% mensalmente e 22%
ocasionalmente, mesmo com o fato de três quartos dos pesquisados
acharem os orgânicos caros demais. Entre os alimentos mais consumidos,
estão as frutas, legumes e verduras, com 94% do total. Já as principais
dificuldades para comprar orgânicos, na visão dos consumidores que
responderam à pesquisa, são preço alto, pouca variedade e dificuldade
para encontrar produtos orgânicos. “Os consumidores não encontram
sempre orgânicos; isso pode ser sinal de uma cadeia pouco
estabelecida”, explica Bocchi. De todo modo, justamente pela
dificuldade de encontrar orgânicos, os consumidores fiéis acabam
fazendo uma “peregrinação” em supermercados, lojas de orgânicos e
feiras orgânicas.
Entre os produtos à disposição do consumidor, os itens mais
procurados são, em primeiro lugar, as frutas; depois, verduras e
legumes, “que são os itens que estão mais à disposição do consumidor”
e, em seguida, cereais básicos, como arroz e feijão.
Quanto aos pontos de venda no varejo, Bocchi assinala que os
supermercados são, de longe, o principal meio de escoamento da produção
orgânica. Em seguida, vêm as lojas especializadas – “Há uma gama
variada dessas lojas e a Organic Services está fazendo um trabalho para
desenvolver mais estes pontos de venda”, diz Bocchi –; as feiras e, por
último, os restaurantes.
Quanto às feiras, Bocchi diz que ficou clara a satisfação dos
consumidores, já que os preços dos produtos orgânicos nesses locais de
venda são mais baixos; os produtos são melhores e mais frescos. Em
relação aos restaurantes, Bocchi acredita que é um setor que promete
crescer mais. “Há uma tendência, sobretudo em restaurantes gourmets, em
servir alimentos orgânicos”, diz ele, que acredita que, “com a cadeia
se estabelecendo, os orgânicos passarão a ser cada vez mais acessíveis”.
Mais informações sobre a pesquisa podem ser obtidas na Organic Services. Site
www.organic-services.com.br, ou com Ulisses Bocchi, e-mail
u.bocchi@organic-services.com.
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