Nutrição
Pesquisa do IBGE, 90% da população do país consome menos de 400 gramas desses alimentos diariamente - um índice abaixo do recomendado pela OMS
Consumo de frutas no país está abaixo do ideal (Digital Vision)
A maioria esmagadora da população brasileira consome uma quantidade de frutas, legumes e verduras inferior ao recomendado pelo Ministério da Saúde com base em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). É o que mostra um levantamento divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a pesquisa POF 2008-2009: Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, 90% dos brasileiros ingerem diariamente menos de 400 gramas desses alimentos por dia. Entre os homens, a situação é ainda mais grave: além de ingerirem menos frutas e legumes, eles consomem cinco vezes mais cerveja e bebidas destiladas do que as mulheres.Ainda segundo o levantamento, o cardápio diário do brasileiro combina a dieta tradicional à base de arroz e feijão - uma combinação nutritiva - a alimentos com reduzido teor de nutrientes e alto teor calórico. Para se ter uma ideia, enquanto o consumo de frutas e legumes fica abaixo do ideal, a ingestão de bebidas com adição de açúcar, como sucos, refrigerantes e refrescos chega a 122 ml por dia.
A maioria da população (61%) relatou ao IBGE o consumo excessivo de açúcar. A gordura saturada é também um item prevalente no cardápio nacional - presente na alimentação de 82% dos brasileiros. O porcentual de brasileiros com consumo abaixo do recomendado de fibras foi de 68%. E mais que 70% da população consome quantidades superiores ao valor máximo de ingestão tolerável para o sódio.
Homens e mulheres - Embora o cardápio feminino seja mais rico em verduras, frutas e saladas, as mulheres são também as maiores consumidoras de doces do país. Elas consomem diariamente, por exemplo, cerca de 4,2 gramas de chocolate, ante 2,7 gramas entre os homens. Já eles são os campeões quando o assunto é comer fora de casa: lideram essa corrida em quase todos os alimentos - exceto pão integral, biscoito doce, produtos diet, chocolates, sorvetes e salgadinhos industrializados.
Os maiores consumidores de biscoitos recheados no país são os adolescentes, com 12,3 gramas diárias. Os adultos consomem cerca de 3,2 gramas de biscoitos doces todos os dias e os idosos, 0,6 gramas. Os jovens, porém, costumam deixar as saladas cruas longe do prato: consomem apenas 8,8 gramas diários desses alimentos, ante 16,4 gramas entre adultos e 15,4 gramas entre idosos.
As maiores médias de consumo diário entre os brasileiros ficaram com o com café (215,1 gramas), feijão (182,9 gramas), arroz (160,3 gramas), sucos (145 gramas), refrigerantes (94,7 gramas) e carne bovina (63,2 gramas). Entre os alimentos mais consumidos fora de casa estão cerveja, com 63,6%; salgadinhos industrializados, 56,5%; e salgados fritos e assados, com 53,2%; bebidas destiladas, 44,7%; pizzas, 42,6%; sanduíches, 41,4%; refrigerantes diet ou light, 40,1%.
Dia a dia – Segundo a pesquisa do IBGE, o consumo diário de vários alimentos diminui com a idade. Entre os itens que começam a faltar na despensa e na geladeira do brasileiro, os principais são: iogurtes, embutidos, sorvetes, refrigerantes, sucos/refrescos/sucos em pó reconstituídos, bebidas lácteas, biscoitos, embutidos, sanduíches, salgados e salgadinhos industrializados.
Dieta do brasileiro é carente de vitamina - e abusa do sódio
Já o consumo energético médio do brasileiro varia de 1.490 kcal a 2.289 kcal
Exagero no sal: cerca de 69% das mulheres e 88% dos homens brasileiros consomem quantidades diárias de sódio acima das recomendadas (Thinkstock)
Rica em calorias e pobre em nutrientes, a dieta dos brasileiros resulta num consumo inadequado de vitaminas, cálcio e sódio, de acordo com levantamento do IBGE divulgado nesta quinta-feira. Entre os homens, por exemplo, 88,7% ingerem uma quantidade de sódio acima de 2.300 miligramas diariamente. Entre as mulheres, o total chega a 69,7%. Na população masculina com idades entre 19 e 59 anos, o consumo de sódio chega a ultrapassar os 5.200 miligramas. O brasileiro é, também, carente da ingestão das vitaminas D - 99,6% dos homens e 99,2% dos mulheres têm um consumo inadequado da substância - e E (99% dos homens e 100% dos mulheres não ingerem a quantidade ideal desta vitamina). O consumo diário de cálcio é insuficiente entre 83,8% dos homens, 90,7% das mulheres até 59 anos e 96,7% das mulheres de 51 a 59 anos.
Faixa etária - Em pessoas com 60 anos ou mais, a baixa ingestão de vitamina E chega a 100% para ambos os sexos. Já a da vitamina D chegou a 99,6% dos homens e 99,4% das mulheres. O consumo irregular de cálcio chegou a 85,9% para os homens até 70 anos, a 94,3% dos homens a partir dessa idade e a 95,8% para mulheres. Já a ingestão diária de sódio acima do limite chegou a 80,4% dos homens e 62,2% das mulheres desse grupo etário.
Na faixa dos 10 aos 13 anos de idade, 96,4% dos meninos e 97,2% das meninas registraram ingestão de cálcio abaixo do valor mínimo diário recomendável; o mesmo ocorreu com a vitamina D para 99,4% dos meninos e 99,0% das meninas; e, com a vitamina E, para 99,2% e 99,8%, respectivamente. Já a ingestão de sódio acima do limite diário máximo tolerável desse grupo (2.200 miligramas) foi registrada para 81,5% dos meninos e 77,7% das meninas.
Entre adolescentes de 14 a 18 anos, o consumo diário inadequado de cálcio foi registrado para 95,1% dos rapazes e 97,3% das moças; para a vitamina D, para 99,4% e 98,8%, respectivamente; e, para a vitamina E para 99,9% e 100%, respectivamente. O consumo diário excessivo de sódio para este grupo etário (acima de 2.300 miligramas) foi visto em 88,9% para os meninos e 72,9% para as meninas.
Calorias - O consumo energético médio da população brasileira variou de 1.490 kcal a 2.289 kcal. As maiores médias de ingestão de energia foram dos homens na faixa dos 14 aos 18 anos (2.289kcal/dia). Para ambos os sexos, os menores valores de ingestão energética foram na faixa de 60 anos ou mais: 1.490kcal/dia para mulheres e 1.796kcal/dia para homens. A região Norte apresentou as maiores médias de ingestão de energia diária, que variaram de 1.660kcal a 2.496kcal. As menores médias foram observadas no Nordeste, que variaram de 1.448 kcal a 2.289 kcal.
As médias diárias de ingestão de colesterol foram menores para as mulheres (de 186,3 miligramas a 237,9 miligramas), quando comparada aos homens (de 231,1 miligramas a 282,1 miligramas) em todos os grupos etários. A ingestão média diária de açúcares totais variou entre as faixas etárias. Os adolescentes tiveram os índices mais elevados, variando de 105,4 gramas a 113,1 gramas nos rapazes e de 106,8 gramas a 110,7 gramas nas garotas. O consumo médio diário de açúcar total entre esse grupo foi cerca de 30% maior do que o dos idosos e entre 15% e 18% maior que dos adultos.
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