RIO - Baixas cargas de energia elétrica podem ser usadas para controlar arritmias cardíacas, sugere um trabalho publicado na revista "Nature". Espera-se que o método desenvolvido numa associação entre institutos de pesquisa da Alemanha e dos Estados Unidos proporcione um tratamento alternativo menos danoso que a desfibrilação, que usa um único choque elétrico de alta carga energética para restaurar o ritmo cardíaco normal.
A técnica tradicional pode danificar o tecido do coração e causar dor intensa. É usada desde a década de 1950, e consiste na aplicação de cerca de mil volts de energia sobre o peito, despolarizando todas as células e levando todo o sistema a um estado de repouso. Alguns pacientes chegaram a receber cirurgicamente desfibriladores de 350 volts.
- Mas mesmo esse é muito doloroso - diz Flavio Fenton, da Universidade Cornell, em Nova York, EUA, e um dos autores da pesquisa.
A nova técnica, testada em cachorros, consiste em uma série de cinco pequenos choques, numa redução média de 84% da energia comparada à usada na desfibrilação. Como o músculo cardíaco não é uniforme, os cientistas Stefan Luther, do Instituto Max Planck de Dinâmica e Auto-Organização, em Göttingen, Alemanha, e Flavio Fenton acreditam que seu método funciona pela estimulação natural das diversas fibras cardíacas, como vasos sanguíneos e tecido adiposo, para redistribuir a corrente em torno do coração, restaurando seu ritmo normal.
Os pesquisadores induziram arritmias em partes isoladas de átrios e ventrículos dos cachorros, e observaram as ondas elétricas que elas geraram. Depois, mediram as mudanças que os vasos do tecido arterial causaram na corrente. Ao ajustar a intensidade do campo elétrico, alcançaram os valores das ondas emitidas em lugares distintos do coração. Usando eletrodos virtuais, uma série de cinco pequenos choques fez, progressivamente, com que o órgão voltasse a seu ritmo normal.
O globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário