3.30.2012

Neutrinos: Física de partículas mais rápidas que a velocidade da luz


Chefes de experimento com neutrinos renunciam ao cargo

Os físicos italianos Antonio Ereditato e Dario Autiero, líderes do projeto Opera, apresentaram sua renúncia nesta sexta-feira

Antonio Ereditato, porta-voz do experimento Opera Antonio Ereditato, porta-voz do experimento Opera (Martial Trezzini/Keystone/AP)
O Instituto Nacional de Física Nuclear (INFN), na Itália, anunciou nesta sexta-feira que o físico italiano Antonio Ereditato renunciou ao cargo de porta-voz do projeto Opera. Este experimento apontou neutrinos viajando mais rápido do que a luz, mas os resultados não convenceram a comunidade científica, uma vez que contradizem a Teoria da Relatividade formulada por Albert Einstein. Dario Autiero, do Instituto de Física de Lyon e um dos líderes do projeto, também apresentou sua renúncia nesta sexta-feira.

Saiba mais

O que é um neutrino?
Neutrinos são partículas subatômicas (como o elétron e o próton), sem carga elétrica (como o nêutron), muito pequenas e ainda pouco conhecidas. São gerados em grandes eventos cósmicos, como a explosão de supernovas, em reações nucleares no interior do Sol e também por aceleradores de partículas. Viajam perto da velocidade da luz e conseguem atravessar a matéria praticamente sem interagir com ela. Como não possuem carga, não são afetados pela força eletromagnética. Existem três "sabores" de neutrinos: o neutrino do múon, o neutrino do tau e o do elétron.
Por que um corpo com massa não é capaz de atingir a velocidade da luz?
De acordo com as equações da Teoria da Relatividade, quanto mais um corpo se aproxima da velocidade da luz, mais energia é necessária para que ele continue ganhando velocidade. Essa energia teria que ser infinita — uma quantidade maior, por exemplo, do que a existente no universo — para que esse corpo fosse acelerado até a velocidade da luz.
Entenda o experimento Opera
Os pesquisadores enviaram neutrinos, um tipo de partícula subatômica, dos laboratórios do CERN, na Suíça, para outras instalações a 732 quilômetros em Gran Sasso, na Itália, e descobriram que elas chegaram 60 bilionésimos de segundo antes da luz. A equipe fez a medição 16.000 vezes e chegou a um nível estatístico que a ciência aceita como descoberta formal. Mas depois foi descoberta uma falha nos equipamentos.
De acordo com a imprensa italiana, alguns dos colegas de Ereditato, que também trabalharam no experimento, apresentaram uma proposta em favor de sua saída. Apesar de não ter sido aprovada, tal proposta gerou um racha entre os pesquisadores, o que acabou levando o cientista italiano a se decidir pela renúncia.

Em setembro, o Opera surpreendeu o mundo da física ao constatar que neutrinos gerados na Suíça teriam percorrido a distância de 732 quilômetros pela crosta terrestre até a Itália e chegado 60 bilionésimos de segundo antes da luz. De acordo com a Teoria da Relatividade, isso seria impossível: a velocidade da luz é considerada o limite máximo.

Em fevereiro deste ano, “fontes familiarizadas com o experimento” declararam que os cálculos feitos pelo Opera poderiam estar errados. A diferença de 60 nanossegundos teria vindo de um mau contato entre uma placa de computador e um cabo de fibra ótica que conecta o receptor de GPS usado para corrigir o tempo de viagem dos neutrinos.

Um mês depois, o experimento Iacrus, do laboratório italiano de Gran Sasso, realizou nova medição da velocidade dos neutrinos em jornada igual ao do teste anterior. Os resultados mostraram um tempo de voo equivalente à velocidade da luz, e não maior, como sugeria o experimento Opera, refutando suas conclusões preliminares.
Ao site da revista Nature, Autiero negou que a renúncia fosse motivada pelo erro na medição da velocidade dos neutrinos.

(Com agência EFE)

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