Proibida no passado, a atividade física ganha hoje cada vez mais destaque como uma maneira eficaz de aumentar o controle sobre esse problema, que amplia seu número de vítimas mundo afora
O ano era 1988 e a cidade, Seul, capital da Coréia do Sul, sede da 24ª edição dos Jogos Olímpicos da era moderna. Após derrotar quatro adversários em um único dia, o judoca paulistano Aurélio Miguel chegava à final da categoria meio-pesado para enfrentar o alemão Marc Meiling. Depois de uma
luta tensa e disputada, os juízes decidiram pela vitória do brasileiro, o primeiro a ganhar uma medalha de ouro no judô na história do país. Para alcançar o lugar mais alto do pódio, no entanto, Aurélio Miguel teve que, antes de tudo, vencer uma adversária ainda mais tenebrosa: a asma.
O campeão olímpico começou a sofrer com a doença nos primeiros anos de vida. "Cheguei a ser internado por causa das crises ainda bebê e, desde essa época, frequentemente ia parar no pronto-socorro", lembra o judoca, hoje vereador da cidade de São Paulo. "Aí, os médicos orientaram meus pais a me colocarem em algum esporte." Por isso, com 4 anos e meio, Miguel foi matriculado em escolinhas de judô e natação. "Isso ajudou a desenvolver minha capacidade cardiorrespiratória. Atualmente quase não tenho mais problemas com a asma", diz.
A história do medalhista é um exemplo dos benefícios prestados pelo esporte a quem tem esse distúrbio respiratório. Inclusive para os asmáticos sem pretensões olímpicas, a prática de uma atividade física ajuda, e muito, a reduzir sintomas como tosse, chiados e apertos no peito, além de crises marcadas por respiração fora de ritmo. A prova científica desse efeito vem de um novo estudo da Universidade de São Paulo (USP), que constata: asmáticos adeptos de exercícios sentem melhoras consideráveis no condicionamento respiratório e na qualidade de vida. O motivo: suar a camisa também controla a inflamação nos pulmões.
Historicamente, a atividade física nunca foi recomendada a portadores de asma. "Os especialistas temiam os espasmos que poderiam ocorrer durante o esporte, mas logo se viu que os asmáticos submetidos a treinamentos se sentiam melhor depois", explica o fisioterapeuta Celso Fernandes de Carvalho, que orientou o trabalho da USP. "Nossa pesquisa demonstra que os exercícios regulares diminuem os sintomas do problema e ainda reduzem a ansiedade e a depressão que costumam estar associadas a ele", completa Fernandes.
Apesar de apresentarem um grande impacto sobre a asma, os esportes devem ser encarados como uma ferramenta auxiliar em seu tratamento. Em outras palavras, eles não substituem os remédios receitados. "Não há mais dúvidas de que o exercício seja positivo para o asmático. Contudo, ele não deixa de ser um coadjuvante", avalia a pneumologista Rosemary Ghefter, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
O educador físico Andres Meyer, da Associação Brasileira de Asmáticos, lembra ainda que todo portador do problema precisa conversar com seu médico de confiança antes de botar o corpo para se mexer. "Com a orientação de um pneumologista e a adesão ao tratamento, o asmático consegue praticar o esporte que deseja", garante. E, com o tempo, pode minimizar ou até eliminar sua dependência das bombinhas de ar. Caminhar todas as manhãs, pedalar à tarde ou nadar três vezes por semana não vai fazer ninguém disputar uma olimpíada. Para muita gente, porém, dar adeus à bombinha já é uma conquista digna de medalha de ouro.
E a DPOC?
Menos conhecida que a asma, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) costuma atingir pessoas acima dos 40 anos que tiveram contato com o cigarro ou outro agente tóxico por um longo período. Assim como na asma, a atividade física auxilia a barrar as crises. "Quem tem esse problema cansa mais durante os exercícios, mas se beneficia muito com eles", afirma a pneumologista Iara Fiks, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.
Por dentro da asma
Os brônquios de um asmático são extremamente sensíveis e se tornam facilmente alvos de inflamações
O empurrão alérgico
Alergias são respostas excessivas do organismo ante a presença de elementos estranhos ao corpo — como pó e pelos de animais. Isso provoca diversos sintomas e pode precipitar as crises asmáticas.
Antes do exercício
Ao respirar, uma partícula que causa alergia penetra as vias respiratórias do asmático. Como
reação, o sistema imune libera substâncias inflamatórias que estreitam os brônquios, limitando consideravelmente a passagem de ar. Ao mesmo tempo, aumenta a quantidade de muco para agarrar e mandar embora o agente estranho. Tudo isso resulta em chiadeira e aperto no peito, tosse
e movimentos de inspiração curtos e descompassados.
Depois do exercício
2) Após meia hora praticando uma atividade física, como a corrida e a natação, o corpo é estimulado a produzir substâncias anti-inflamatórias. Por isso é crucial vencer os primeiros 30 minutos de
esforço. Além disso, depois desse tempo, há um aumento na oferta de alguns neurotransmissores no cérebro. Isso faz com que o sistema nervoso envie uma mensagem para os brônquios se dilatarem e liberarem a passagem de ar.
Remédios para os esportistas
Alguns medicamentos auxiliam os asmáticos a adotar e praticar uma atividade física
Antes
Recomenda-se usar broncodilatadores de longa duração, inalados 30 minutos antes do exercício. Esses remédios melhoram a capacidade respiratória e evitam sustos no treino.
Durante
Nunca se sabe quando a crise vai acontecer. Por isso, mesmo no momento em que se faz o
exercício, vale deixar uma bombinha por perto. Assim, no caso de um ataque, o alívio está à mão.
Depois
O asmático pode sofrer com um problema conhecido como broncoespasmo induzido pelo exercício. A duração varia muito e a recuperação é natural. No entanto, tudo pode ser prevenido com os medicamentos recomendados para antes do suadouro.
Treino antiasma
Conheça as melhores modalidades e saiba onde, como e por quanto tempo praticá-las
Antes de começar
Se você estiver sofrendo com a asma nos últimos dias, é essencial maneirar ou suspender os treinamentos. "Durante a crise asmática, a pessoa deve sempre se resguardar. Primeiro, é imprescindível tratá-la, e só quando o problema estiver bem controlado partir para o exercício",
explica Rosemary Ghefter, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Esportes ideais
O exercício perfeito é aquele que melhor se adapta ao gosto do praticante. No entanto, as atividades
aeróbicas são mais recomendadas para os asmáticos por trabalhar a capacidade cardiorrespiratória.
• Caminhada
• Corrida
• Ciclismo
• Natação
No tempo certo
Os especialistas recomendam se exercitar três vezes por semana, de 50 minutos a 1 hora por dia. Só com esse tempo de atividade dá para desenvolver condicionamento físico essencial para domar a asma.
Olho no ambiente
Evite suar a camisa em dias muito secos e em locais poluídos, principalmente parques que ficam
próximos de ruas e avenidas movimentadas. Fuja dos horários de pico do trânsito por causa do
aumento de poluentes no ar. Também vale ficar atento aos dias mais frios e a mudanças bruscas
de temperatura.
Braçadas contra a doença
Os exercícios debaixo d’água têm qualidades que os fazem ideais para superar a asma
Vantagens da piscina
Praticar algum esporte na água, como natação ou hidroginástica, traz uma sensação de bem-estar ao asmático. Além do baixo impacto do exercício, o espaço fica mais quente e úmido no entorno da piscina, próximo das condições adequadas à sua respiração.
Longe Do frio
Lembre-se de procurar academias com piscinas aquecidas e dentro de locais fechados — nada de ambientes gelados, por favor! Também fique de olho no risco de choque térmico na entrada e saída da água, principalmente nos dias mais frios. Eles disparam crises.
Nada de cloro
Tome cuidado com piscinas que são tratadas com essa substância, porque ela irrita o sistema respiratório. Prefira as abastecidas de sal ou ozônio.
Uma morada segura
De nada adianta malhar e depois permanecer em um recinto cheio de pó, por exemplo. Confira as medidas que garantem uma casa limpa e sem armadilhas para o asmático
Só vassoura não!
É recomendável adotar um pano úmido para remover o excesso de pó. Cuidado com os espanadores tradicionais e as vassouras, uma vez que eles costumam fazer a poeira subir.
Janelas abertas
Lugares fechados, úmidos e pouco iluminados são os preferidos por ácaros e fungos, que proliferam com mais velocidade. Abra as janelas e deixe o ambiente arejado.
Abaixo a poeira
Para diminuir o contato com o pó, um dos principais vilões da asma, dê preferência a espaços sem
carpetes, tapetes, móveis estofados e bichos de pelúcia.
Enxoval de cama
Troque as roupas de cama ao menos uma vez por semana. Lavá-las com água quente reduz o
número de ácaros. Exponha cobertores e edredons ao sol com frequência.
Saude
luta tensa e disputada, os juízes decidiram pela vitória do brasileiro, o primeiro a ganhar uma medalha de ouro no judô na história do país. Para alcançar o lugar mais alto do pódio, no entanto, Aurélio Miguel teve que, antes de tudo, vencer uma adversária ainda mais tenebrosa: a asma.
O campeão olímpico começou a sofrer com a doença nos primeiros anos de vida. "Cheguei a ser internado por causa das crises ainda bebê e, desde essa época, frequentemente ia parar no pronto-socorro", lembra o judoca, hoje vereador da cidade de São Paulo. "Aí, os médicos orientaram meus pais a me colocarem em algum esporte." Por isso, com 4 anos e meio, Miguel foi matriculado em escolinhas de judô e natação. "Isso ajudou a desenvolver minha capacidade cardiorrespiratória. Atualmente quase não tenho mais problemas com a asma", diz.
A história do medalhista é um exemplo dos benefícios prestados pelo esporte a quem tem esse distúrbio respiratório. Inclusive para os asmáticos sem pretensões olímpicas, a prática de uma atividade física ajuda, e muito, a reduzir sintomas como tosse, chiados e apertos no peito, além de crises marcadas por respiração fora de ritmo. A prova científica desse efeito vem de um novo estudo da Universidade de São Paulo (USP), que constata: asmáticos adeptos de exercícios sentem melhoras consideráveis no condicionamento respiratório e na qualidade de vida. O motivo: suar a camisa também controla a inflamação nos pulmões.
Historicamente, a atividade física nunca foi recomendada a portadores de asma. "Os especialistas temiam os espasmos que poderiam ocorrer durante o esporte, mas logo se viu que os asmáticos submetidos a treinamentos se sentiam melhor depois", explica o fisioterapeuta Celso Fernandes de Carvalho, que orientou o trabalho da USP. "Nossa pesquisa demonstra que os exercícios regulares diminuem os sintomas do problema e ainda reduzem a ansiedade e a depressão que costumam estar associadas a ele", completa Fernandes.
Apesar de apresentarem um grande impacto sobre a asma, os esportes devem ser encarados como uma ferramenta auxiliar em seu tratamento. Em outras palavras, eles não substituem os remédios receitados. "Não há mais dúvidas de que o exercício seja positivo para o asmático. Contudo, ele não deixa de ser um coadjuvante", avalia a pneumologista Rosemary Ghefter, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
O educador físico Andres Meyer, da Associação Brasileira de Asmáticos, lembra ainda que todo portador do problema precisa conversar com seu médico de confiança antes de botar o corpo para se mexer. "Com a orientação de um pneumologista e a adesão ao tratamento, o asmático consegue praticar o esporte que deseja", garante. E, com o tempo, pode minimizar ou até eliminar sua dependência das bombinhas de ar. Caminhar todas as manhãs, pedalar à tarde ou nadar três vezes por semana não vai fazer ninguém disputar uma olimpíada. Para muita gente, porém, dar adeus à bombinha já é uma conquista digna de medalha de ouro.
E a DPOC?
Menos conhecida que a asma, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) costuma atingir pessoas acima dos 40 anos que tiveram contato com o cigarro ou outro agente tóxico por um longo período. Assim como na asma, a atividade física auxilia a barrar as crises. "Quem tem esse problema cansa mais durante os exercícios, mas se beneficia muito com eles", afirma a pneumologista Iara Fiks, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.
Por dentro da asma
Os brônquios de um asmático são extremamente sensíveis e se tornam facilmente alvos de inflamações
O empurrão alérgico
Alergias são respostas excessivas do organismo ante a presença de elementos estranhos ao corpo — como pó e pelos de animais. Isso provoca diversos sintomas e pode precipitar as crises asmáticas.
Antes do exercício
Ao respirar, uma partícula que causa alergia penetra as vias respiratórias do asmático. Como
reação, o sistema imune libera substâncias inflamatórias que estreitam os brônquios, limitando consideravelmente a passagem de ar. Ao mesmo tempo, aumenta a quantidade de muco para agarrar e mandar embora o agente estranho. Tudo isso resulta em chiadeira e aperto no peito, tosse
e movimentos de inspiração curtos e descompassados.
Depois do exercício
2) Após meia hora praticando uma atividade física, como a corrida e a natação, o corpo é estimulado a produzir substâncias anti-inflamatórias. Por isso é crucial vencer os primeiros 30 minutos de
esforço. Além disso, depois desse tempo, há um aumento na oferta de alguns neurotransmissores no cérebro. Isso faz com que o sistema nervoso envie uma mensagem para os brônquios se dilatarem e liberarem a passagem de ar.
Remédios para os esportistas
Alguns medicamentos auxiliam os asmáticos a adotar e praticar uma atividade física
Antes
Recomenda-se usar broncodilatadores de longa duração, inalados 30 minutos antes do exercício. Esses remédios melhoram a capacidade respiratória e evitam sustos no treino.
Durante
Nunca se sabe quando a crise vai acontecer. Por isso, mesmo no momento em que se faz o
exercício, vale deixar uma bombinha por perto. Assim, no caso de um ataque, o alívio está à mão.
Depois
O asmático pode sofrer com um problema conhecido como broncoespasmo induzido pelo exercício. A duração varia muito e a recuperação é natural. No entanto, tudo pode ser prevenido com os medicamentos recomendados para antes do suadouro.
Treino antiasma
Conheça as melhores modalidades e saiba onde, como e por quanto tempo praticá-las
Antes de começar
Se você estiver sofrendo com a asma nos últimos dias, é essencial maneirar ou suspender os treinamentos. "Durante a crise asmática, a pessoa deve sempre se resguardar. Primeiro, é imprescindível tratá-la, e só quando o problema estiver bem controlado partir para o exercício",
explica Rosemary Ghefter, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Esportes ideais
O exercício perfeito é aquele que melhor se adapta ao gosto do praticante. No entanto, as atividades
aeróbicas são mais recomendadas para os asmáticos por trabalhar a capacidade cardiorrespiratória.
• Caminhada
• Corrida
• Ciclismo
• Natação
No tempo certo
Os especialistas recomendam se exercitar três vezes por semana, de 50 minutos a 1 hora por dia. Só com esse tempo de atividade dá para desenvolver condicionamento físico essencial para domar a asma.
Olho no ambiente
Evite suar a camisa em dias muito secos e em locais poluídos, principalmente parques que ficam
próximos de ruas e avenidas movimentadas. Fuja dos horários de pico do trânsito por causa do
aumento de poluentes no ar. Também vale ficar atento aos dias mais frios e a mudanças bruscas
de temperatura.
Braçadas contra a doença
Os exercícios debaixo d’água têm qualidades que os fazem ideais para superar a asma
Vantagens da piscina
Praticar algum esporte na água, como natação ou hidroginástica, traz uma sensação de bem-estar ao asmático. Além do baixo impacto do exercício, o espaço fica mais quente e úmido no entorno da piscina, próximo das condições adequadas à sua respiração.
Longe Do frio
Lembre-se de procurar academias com piscinas aquecidas e dentro de locais fechados — nada de ambientes gelados, por favor! Também fique de olho no risco de choque térmico na entrada e saída da água, principalmente nos dias mais frios. Eles disparam crises.
Nada de cloro
Tome cuidado com piscinas que são tratadas com essa substância, porque ela irrita o sistema respiratório. Prefira as abastecidas de sal ou ozônio.
Uma morada segura
De nada adianta malhar e depois permanecer em um recinto cheio de pó, por exemplo. Confira as medidas que garantem uma casa limpa e sem armadilhas para o asmático
Só vassoura não!
É recomendável adotar um pano úmido para remover o excesso de pó. Cuidado com os espanadores tradicionais e as vassouras, uma vez que eles costumam fazer a poeira subir.
Janelas abertas
Lugares fechados, úmidos e pouco iluminados são os preferidos por ácaros e fungos, que proliferam com mais velocidade. Abra as janelas e deixe o ambiente arejado.
Abaixo a poeira
Para diminuir o contato com o pó, um dos principais vilões da asma, dê preferência a espaços sem
carpetes, tapetes, móveis estofados e bichos de pelúcia.
Enxoval de cama
Troque as roupas de cama ao menos uma vez por semana. Lavá-las com água quente reduz o
número de ácaros. Exponha cobertores e edredons ao sol com frequência.
Saude
Nenhum comentário:
Postar um comentário