Pacientes reúnem em livros orientações sobre o que amigos e familiares devem evitar falar nas visitas
Rachel Costa“Quando você passa por uma situação limite,
é difícil o outro se colocar no seu lugar”
Rafael Paim, que perdeu um filho
Não é fácil entrar no quarto e encarar alguém que acabou de receber o diagnóstico de um sério problema de saúde. O abatimento físico e a fragilidade emocional criam um vazio nos caminhos para o diálogo. Sem saber o que dizer, é comum o visitante se agarrar a uma série de bordões. Quem nunca perguntou ao doente se “está tudo bem” (sendo que a pessoa acaba de saber que tem uma doença gravíssima), garantiu que “vai dar tudo certo” (coisa que nem a mais avançada terapia médica pode garantir) ou soltou um “você está ótimo” (para alguém com olheiras profundas). A intenção pode até ser boa. O resultado, porém, fica aquém do esperado. “Mentir para o paciente faz com que ele se afaste de nós”, diz Elizabeth Nunes de Barros, coordenadora do serviço de psicologia do Centro de Combate ao Câncer.
Ser positivo sem dar falsas ilusões ao doente é o ideal, mas como fazer isso? Nos EUA, dois livros em fase de produção prometem algumas respostas. Em “Como Ser Amigo de um Amigo Doente”, da escritora Letty Cottin Pogrebin (que teve câncer de mama), a autora lembra, por exemplo, que visita tem hora para acabar. Letty propõe não exceder os 20 minutos – para não cansar ainda mais alguém abatido pelo problema de saúde. Já em seu livro, cujo título em português é algo como “Você Não Faz Por Mal, Mas...”, a executiva Jennifer Goodman Linn (que teve um sarcoma, tipo de tumor) alerta, entre outras coisas, que sugerir tratamentos mágicos não é uma boa ideia. Nada de mandar chazinho, amuleto e depois cobrar do paciente se ele está usando o presente ou, pior, se está dando resultado.
Além dessas pequenas ações, tato e paciência são fundamentais para se estabelecer uma relação agradável com o doente. Uma das orientações é que o visitante controle sua ansiedade e deixe o paciente guiar a conversa. Se ele quiser falar sobre morte e doença, que fale. Se quiser chorar, que chore. Se quiser, porém, conversar sobre assuntos leves ou simplesmente não falar nada, isso deve ser respeitado. “Não devemos ter medo do silêncio”, diz Maria Teresa Veit, coordenadora do Departamento de Psicologia da Associação Brasileira de Leucemia.
Ser positivo sem dar falsas ilusões ao doente é o ideal, mas como fazer isso? Nos EUA, dois livros em fase de produção prometem algumas respostas. Em “Como Ser Amigo de um Amigo Doente”, da escritora Letty Cottin Pogrebin (que teve câncer de mama), a autora lembra, por exemplo, que visita tem hora para acabar. Letty propõe não exceder os 20 minutos – para não cansar ainda mais alguém abatido pelo problema de saúde. Já em seu livro, cujo título em português é algo como “Você Não Faz Por Mal, Mas...”, a executiva Jennifer Goodman Linn (que teve um sarcoma, tipo de tumor) alerta, entre outras coisas, que sugerir tratamentos mágicos não é uma boa ideia. Nada de mandar chazinho, amuleto e depois cobrar do paciente se ele está usando o presente ou, pior, se está dando resultado.
Além dessas pequenas ações, tato e paciência são fundamentais para se estabelecer uma relação agradável com o doente. Uma das orientações é que o visitante controle sua ansiedade e deixe o paciente guiar a conversa. Se ele quiser falar sobre morte e doença, que fale. Se quiser chorar, que chore. Se quiser, porém, conversar sobre assuntos leves ou simplesmente não falar nada, isso deve ser respeitado. “Não devemos ter medo do silêncio”, diz Maria Teresa Veit, coordenadora do Departamento de Psicologia da Associação Brasileira de Leucemia.
“Pequenos gestos do meu namorado mostram
que ele está comigo para o que der e vier ”
Larissa Meira, em tratamento de câncer
Colocar-se à disposição, sem querer adivinhar como o doente está se sentindo, é outra boa dica. “Toda vez que você chega a uma situação limite é muito difícil para o outro se colocar no seu lugar”, avalia Rafael Paim, vice-presidente da ONG Adote. Rafael perdeu o filho recém-nascido depois que a criança aguardou, em vão, por um coração na fila de espera de transplante. O melhor a fazer é reconhecer a complexidade do problema do amigo e não tentar igualar o sofrimento causado por uma enfermidade séria com aquele oriundo de problemas do dia a dia. Ou seja: nada de dizer “entendo seu sofrimento. Ontem tive dor de cabeça o dia inteiro no trabalho”.
Para saber como ajudar, o melhor é seguir os sinais dados pelo próprio paciente. “Há quem prefira ficar mais só, outros querem estar rodeados por amigos”, diz Elizabeth Barros. E não é preciso ser um super-homem para ajudar. Pequenos gestos podem significar muito. A estudante de design Larissa Meira, 23 anos, por exemplo, acha reconfortante quando o namorado usa a máscara cirúrgica para acompanhá-la nos passeios – ela está em tratamento contra um câncer no sistema linfático e às vezes precisa usar a proteção. “Pode parecer bobo, mas quando ele faz isso me mostra que está junto para o que der e vier.” A auditora fiscal Marina Izy Dellores, 44 anos, que teve câncer de mama, também se lembra de como o apoio de amigos ajudou-a a superar as dores do tratamento. “Tinha quatro amigos que sempre me ligavam no dia da quimioterapia”, conta. A frase mágica que a aguardava do outro lado da linha e lhe dava coragem: um simples “força, amiga”.
Isto É
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