Com o que eles sonham? Que papel querem ocupar na vida a dois agora que as mulheres atropelaram séculos de patriarcado? O que desejam para o amanhã? Como os homens se enxergam nos próximos anos – e de que forma isso vai mexer com as suas relações amorosas
Resunindo o impasse do século: “Elas tomaram a frente. Agora temos que correr para não ficar para trás”. Emblemático, já que ele é casado com uma advogada que voa. “Minha mulher resolveu pular de paraquedas. Logo comigo, que sou protetor e gosto de ter o domínio da situação... Fiz um seguro de vida para ela!” Nossos entrevistados dizem sentir orgulho das conquistas das parceiras, mas reclamações não faltam. “Meus pacientes se queixam do excessivo controle feminino. Acham que a mulher, quando assume posições de mando no trabalho, acaba adotando a postura de chefe também em casa”, afirma o psicólogo e professor da UFRJ Sócrates Nolasco, autor de vários livros sobre o tema, entre eles A Desconstrução do Masculino (Ed. Rocco). Se o avanço feminino é irreversível, as transformações que gerou ainda não foram bem digeridas pelos homens, segundo o psicoterapeuta junguiano Waldemar Magaldi, autor do livro Dinheiro, Saúde e Sagrado (Ed. Eleva Cultural). “Diante dessa mulher poderosa, eles se sentem ameaçados e perdidos. Inseguros, precisam se afirmar porque são muitos os que duvidam da própria masculinidade.”
Embora a performance do “novo pai” tenha se destacado nos últimos anos, os especialistas não acreditam que exista um “novo homem”, com um comportamento diferenciado na esfera afetiva. Para Nolasco, talvez haja nos países nórdicos, onde o machismo já ficou para trás, mas não no Brasil. “Os latinos são moralistas e conservadores. Alguns adotam um discurso politicamente correto, mas querem é estar no poder.”
Na visão de Magaldi, o homem muda, mas com base nas revoluções femininas. “Atualmente, os homens são maioria no meu consultório, com queixas diversas. Atendo vários na faixa entre 35 e 45 anos, muitos em crise existencial e com sintomas de depressão.”
Seja como for, os papéis fixos ficaram no passado. Desde os anos 1960, populariza-se a noção de que todos nós temos aspectos femininos e masculinos. Na visão de Magaldi, além de beleza e sensualidade, hoje o homem busca na mulher a força – ela é a parceira que vai ajudá-lo a enfrentar todas as batalhas cotidianas. “A mulher, por sua vez, costuma buscar nos homens os atributos de herói, pai, filho e sábio”, acredita. A seguir, conheça os nossos entrevistados (todos são de São Paulo, com exceção de Rodrigo, que é de Florianópolis) e saiba o que passa pela cabeça deles.
Revista Cláudia
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