Alimentação
Os vegetarianos também adoecem menos do coração, porque seu níveis de colesterol são baixos e sua pressão fica melhor controlada. E ainda estão protegidos contra diabetes, que se tornou epidemia global. Os adeptos da dieta vegan - os vegetarianos extremos, que passam longe de qualquer produto de origem animal, incluindo carnes, ovos, leite e seus derivados - são os mais magros de todos, segundo Marcela Knibel, autora de "Nutrição contemporânea - Saúde com sabor" (Rubio, com Dora Cardoso). A dieta rica em vegetais eleva em 16% o efeito térmico dos alimentos por até três horas após a refeição.
- Por não consumirem produtos de origem animal, vegetarianos não comem gordura saturada e, portanto, acumulam menos calorias. Para ter ideia, um grama desse nutriente tem 9kcal. Vegetarianos ainda comem mais fibras de frutas, legumes, verduras, cereais integrais e leguminosas; e as fibras saciam. Então a ingestão de calorias total do dia é pouca - explica Marcela. - Um fato que sempre achei, e que o artigo mostra, é que vegetarianos são mais preocupados com a qualidade de vida. Isso também ajuda a emagrecer.
Alimentação deve ser equilibrada e fracionadaBia Rique, da Clínica Ivo Pitanguy, autora de "Comer para emagrecer" (Editora Casa da Palavra), concorda com Marcela e comenta que os vegetarianos que se alimentam de forma balanceada, com orientação de nutricionista, tendem a ser mais magros.
- O gasto calórico de repouso, o metabolismo basal, isto é, o que queimamos sem fazer nada, varia de acordo com genética, idade, peso e massa muscular. Porém a digestão do vegetariano costuma ser acelerada porque ele ingere menos gorduras e mais fibras, e segue uma dieta fracionada, comendo poucas porções em intervalos menores no dia. E come alimentos de alta densidade nutricional e baixas calorias.
Só que não basta cortar do cardápio as proteínas de origem animal, lembra Bia.
- Muitas pessoas deixam de comer carnes e consomem cereais refinados, doces e frituras. Ainda assim acreditam que estão tendo os mesmos benefícios dos vegetarianos - afirma a nutricionista.
Também a nutricionista Vilma Blondet, pesquisadora da UFF e da UFRJ, aprova a dieta vegetariana como medida para emagrecer bem, desde que orientada. O consumo de óleos vegetais é associado a baixo risco de doenças. As fibras normalizam o intestino, evitando males como câncer de intestino, e ajudam a controlar o nível de açúcar e colesterol.
- Com certeza a incidência de obesidade é muito pequena em vegetarianos, devido aos seus bons hábitos alimentares e ao estilo de vida - diz Vilma.
Mas a perda de peso nos vegetarianos tem um limite, que depende de cada metabolismo. Isso faz parte de um processo natural do próprio organismo, como lembra o endocrinologista Amelio Godoy-Matos. Quando a pessoa começa a restringir muito a alimentação, o corpo lança contrarreguladores do peso, ou mecanismos de proteção. O mais conhecido é a diminuição da produção de leptina, um hormônio produzido pela gordura corporal e que inibe a fome e aumenta o gasto de energia. Este contra-ataque mantém a fome e a pessoa não consegue sustentar a sua perda de peso.
Risco de anemia, unha fracas e queda de cabeloAlém disso, seguir dieta vegetariana por conta própria, sem nutricionista, não emagrece e ainda traz problemas de saúde, lembra Marcela. O organismo começa a ficar pobre em vitamina B12, em proteínas de alto valor biológico e em ferro-heme, aquele mais bem absorvido. Resultado: anemias; pele flácida e sem vida, palidez acentuada, cansaço, apatia, menor percentual de massa muscular, unhas quebradiças e queda de cabelo.
- Os vegans que não consomem leite e derivados ainda podem ter perda de massa óssea e osteoporose em idade madura. Sou contra a retirada de produtos de origem animal. Uma boa opção é dieta mediterrânea, baseada em parte na vegetariana - diz.
Harvard reprova o prato preferido dos brasileirosA refeição preferida dos brasileiros, composta por arroz, feijão, carne vermelha, café e pão francês - como mostrou a Pesquisa de Consumo Alimentar Pessoal no Brasil (IBGE) - está na berlinda: o novo "Prato da Alimentação Saudável" da Universidade de Harvard, lançado esta semana, condena o cardápio nacional. Os americanos privilegiam a dieta rica em grãos integrais, gorduras e proteínas saudáveis, o que quer dizer que os brasileiros estão comendo mais e mal, já que também adoram carboidratos refinados como lasanha, pizza e batata-frita, que só fazem engordar.
- Concordo que a combinação arroz, feijão, bife e batata frita não é a melhor - diz Vilma Blondet. - As frituras devem ser evitadas. Bife só com moderação, porque é rico em gordura saturada e colesterol. Prefira carne branca ou vermelha magra acompanhada de salada verde, hortaliças e sobremesa de fruta. Arroz, os nutricionistas de Harvard só aceitam o integral.
- O branco é processado e perde suas películas nutritivas, ricas em fibras, vitaminas e minerais, e só fica o carboidrato. Ele é preferido porque é de preparo rápido - acrescenta Marcela Knibel.
Assim como Harvard, ela recomenda um cardápio com água, chás e pouco café, legumes, verduras, frutas, cereais integrais, leite e derivados magros, frutas oleaginosas, azeite extravirgem, ervas aromáticas, molho de tomate caseiro, vinho tinto moderado, suco de frutas (naturais), especiarias, peixes, frango orgânico, ovos caipiras ou orgânicos. E é a favor de até 300g de carne de boi magra por semana, divididas em duas a três refeições semanais.
- Essa dieta garante a ingestão de todos os nutrientes para se manter no peso ideal, evitando doenças. A caloria total da alimentação deve ser personalizada, pois cada um de nós tem uma necessidade energética. E não use açúcar. Prefira a sucralose ou a estévia para adoçar.
Quanto ao feijão, só existe em sua forma integral, pois não há processamento para retirada da camada externa (a casca), onde está praticamente toda a fibra
Antônio Marinho (amarinho@oglobo.com.br)
O Globo.
RIO - Dietas têm muitos nomes, mas a única que leva a uma radical perda de peso é a vegetariana. E isto vale especialmente para quem nunca fez. Esta é a conclusão dos médicos americanos Susan E. Berkow e Neal Barnard, depois de analisarem 40 estudos diferentes relacionando hábitos vegetarianos e massa corporal. Os dois notaram que as mulheres vegetarianas pesam de 6% a 17% menos do que as que são carnívoras. E o mesmo vale para os homens: os que não comem carne são de 8% a 17% mais magros. INFOGRÁFICO:O prato do brasileiro
Mas a doutora Susan Berkow, PhD da Universidade de George Mason, de Washington D.C., faz um alerta: a dieta vegetariana só tem efeito de perda radical de peso para os carnívoros. Por que? Ela explica: como os vegetarianos são, em média, mais magros do que os carnívoros, para eles é muito mais difícil perder peso. Eles chegam a um ponto que, por defesa de seu organismo, não emagrecem mais.Os vegetarianos também adoecem menos do coração, porque seu níveis de colesterol são baixos e sua pressão fica melhor controlada. E ainda estão protegidos contra diabetes, que se tornou epidemia global. Os adeptos da dieta vegan - os vegetarianos extremos, que passam longe de qualquer produto de origem animal, incluindo carnes, ovos, leite e seus derivados - são os mais magros de todos, segundo Marcela Knibel, autora de "Nutrição contemporânea - Saúde com sabor" (Rubio, com Dora Cardoso). A dieta rica em vegetais eleva em 16% o efeito térmico dos alimentos por até três horas após a refeição.
- Por não consumirem produtos de origem animal, vegetarianos não comem gordura saturada e, portanto, acumulam menos calorias. Para ter ideia, um grama desse nutriente tem 9kcal. Vegetarianos ainda comem mais fibras de frutas, legumes, verduras, cereais integrais e leguminosas; e as fibras saciam. Então a ingestão de calorias total do dia é pouca - explica Marcela. - Um fato que sempre achei, e que o artigo mostra, é que vegetarianos são mais preocupados com a qualidade de vida. Isso também ajuda a emagrecer.
Alimentação deve ser equilibrada e fracionadaBia Rique, da Clínica Ivo Pitanguy, autora de "Comer para emagrecer" (Editora Casa da Palavra), concorda com Marcela e comenta que os vegetarianos que se alimentam de forma balanceada, com orientação de nutricionista, tendem a ser mais magros.
- O gasto calórico de repouso, o metabolismo basal, isto é, o que queimamos sem fazer nada, varia de acordo com genética, idade, peso e massa muscular. Porém a digestão do vegetariano costuma ser acelerada porque ele ingere menos gorduras e mais fibras, e segue uma dieta fracionada, comendo poucas porções em intervalos menores no dia. E come alimentos de alta densidade nutricional e baixas calorias.
Só que não basta cortar do cardápio as proteínas de origem animal, lembra Bia.
- Muitas pessoas deixam de comer carnes e consomem cereais refinados, doces e frituras. Ainda assim acreditam que estão tendo os mesmos benefícios dos vegetarianos - afirma a nutricionista.
Também a nutricionista Vilma Blondet, pesquisadora da UFF e da UFRJ, aprova a dieta vegetariana como medida para emagrecer bem, desde que orientada. O consumo de óleos vegetais é associado a baixo risco de doenças. As fibras normalizam o intestino, evitando males como câncer de intestino, e ajudam a controlar o nível de açúcar e colesterol.
- Com certeza a incidência de obesidade é muito pequena em vegetarianos, devido aos seus bons hábitos alimentares e ao estilo de vida - diz Vilma.
Mas a perda de peso nos vegetarianos tem um limite, que depende de cada metabolismo. Isso faz parte de um processo natural do próprio organismo, como lembra o endocrinologista Amelio Godoy-Matos. Quando a pessoa começa a restringir muito a alimentação, o corpo lança contrarreguladores do peso, ou mecanismos de proteção. O mais conhecido é a diminuição da produção de leptina, um hormônio produzido pela gordura corporal e que inibe a fome e aumenta o gasto de energia. Este contra-ataque mantém a fome e a pessoa não consegue sustentar a sua perda de peso.
Risco de anemia, unha fracas e queda de cabeloAlém disso, seguir dieta vegetariana por conta própria, sem nutricionista, não emagrece e ainda traz problemas de saúde, lembra Marcela. O organismo começa a ficar pobre em vitamina B12, em proteínas de alto valor biológico e em ferro-heme, aquele mais bem absorvido. Resultado: anemias; pele flácida e sem vida, palidez acentuada, cansaço, apatia, menor percentual de massa muscular, unhas quebradiças e queda de cabelo.
- Os vegans que não consomem leite e derivados ainda podem ter perda de massa óssea e osteoporose em idade madura. Sou contra a retirada de produtos de origem animal. Uma boa opção é dieta mediterrânea, baseada em parte na vegetariana - diz.
Harvard reprova o prato preferido dos brasileirosA refeição preferida dos brasileiros, composta por arroz, feijão, carne vermelha, café e pão francês - como mostrou a Pesquisa de Consumo Alimentar Pessoal no Brasil (IBGE) - está na berlinda: o novo "Prato da Alimentação Saudável" da Universidade de Harvard, lançado esta semana, condena o cardápio nacional. Os americanos privilegiam a dieta rica em grãos integrais, gorduras e proteínas saudáveis, o que quer dizer que os brasileiros estão comendo mais e mal, já que também adoram carboidratos refinados como lasanha, pizza e batata-frita, que só fazem engordar.
- Concordo que a combinação arroz, feijão, bife e batata frita não é a melhor - diz Vilma Blondet. - As frituras devem ser evitadas. Bife só com moderação, porque é rico em gordura saturada e colesterol. Prefira carne branca ou vermelha magra acompanhada de salada verde, hortaliças e sobremesa de fruta. Arroz, os nutricionistas de Harvard só aceitam o integral.
- O branco é processado e perde suas películas nutritivas, ricas em fibras, vitaminas e minerais, e só fica o carboidrato. Ele é preferido porque é de preparo rápido - acrescenta Marcela Knibel.
Assim como Harvard, ela recomenda um cardápio com água, chás e pouco café, legumes, verduras, frutas, cereais integrais, leite e derivados magros, frutas oleaginosas, azeite extravirgem, ervas aromáticas, molho de tomate caseiro, vinho tinto moderado, suco de frutas (naturais), especiarias, peixes, frango orgânico, ovos caipiras ou orgânicos. E é a favor de até 300g de carne de boi magra por semana, divididas em duas a três refeições semanais.
- Essa dieta garante a ingestão de todos os nutrientes para se manter no peso ideal, evitando doenças. A caloria total da alimentação deve ser personalizada, pois cada um de nós tem uma necessidade energética. E não use açúcar. Prefira a sucralose ou a estévia para adoçar.
Quanto ao feijão, só existe em sua forma integral, pois não há processamento para retirada da camada externa (a casca), onde está praticamente toda a fibra
Antônio Marinho (amarinho@oglobo.com.br)
O Globo.
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