De acordo com a Nova Ortografia da Língua Portuguesa, o hífen (aquele tracinho com fama de pedra no sapato de quem escreve) deve ser usado com o prefixo ex, em palavras como ex-prefeito, ex-marido, ex-amigo, e em qualquer expressão em que se queira exprimir as ideias de “separação, extração, afastamento”.
A presença do prefixo ex aumenta consideravelmente a força significativa do substantivo para designar que algo ou alguém foi importante, mas já não o é. Nada mais coerente que colocar um traço para separar aquilo que já não é mais importante. Será? A vida nos prova que nem sempre é assim.
Há situações em que o ex é algo que permanece para sempre. O simples prefixo “ex” diante de certas palavras pode conter poder destrutivo, se suas informações estiverem aliadas a desejos frustrados, rejeições, que culminam em um proposital desejo de humilhação ou vingança. Dizer que alguém é um ex-presidiário, um ex-alcólatra, uma ex-prostituta, um ex-traficante, ou algo parecido, soa mais como um estigma do que a constatação de uma vitória na vida da pessoa.
Gosto particularmente daqueles ex que continuam sendo in, se é que me entendem. Por exemplo, meus ex-alunos sempre se referem a mim como “minha professora“. E cada vez que um deles me encontra, seja pessoalmente ou virtualmente, faz questão de contar as conquistas em suas profissões e seus projetos realizados. E sinto-me gratificada quando um médico, um jornalista, um técnico, um engenheiro, um professor, um enfermeiro, enfim, um jovem ou uma jovem, ao me encontrar, diz sorridente: “professora!”.
Alguém que já se foi, necessariamente não se torna um ex. O prefixo ex só é usado para pessoas vivas. Um filho que morre nunca será um ex-filho. É estranho uma viúva referir-se a seu ex-marido, não é mesmo? Fica nítida a impressão de que está separado dela, jamais morto. Eu, meus alunos, meu filho e meu marido jamais seremos “ex“, é fato!
Imagem: daqui
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