ISTOÉ revela os bastidores da vida, do crime e da farsa que Elize Matsunaga montou para se livrar da polícia após ter assassinado e esquartejado o marido
Antonio Carlos PradoFOTO INÉDITA
Marcos e Elize felizes no casamento, em
julho de 2009: três anos depois, viria a tragédia
As mesmas pessoas íntimas do casal, que costumavam ir ao duplex de mil metros quadrados onde moravam o ex-diretor da Yoki e a bacharel em Direito, enfermeira e ex-garota de programa Elize, contaram também que ela lhes pediu indicação de médicos para submeter-se a tratamento hormonal uma vez que não conseguia engravidar. “Isso a irritava muito”, diz uma das fontes ouvidas por ISTOÉ. “Mas ficou muito feliz quando engravidou e se tornou uma amorosa e cuidadosa mãe.”
MARCOS E A AMANTE
Elize blefou quando disse que já tinha em
mãos esse vídeo provando a traição do marido
Segundo amigos próximos, Elize estava bem financeiramente. Ela teria se tornado dona de metade do duplex: Marcos lhe teria feito essa doação, embora a certidão de casamento aponte comunhão parcial de bens. Foi já com a filhinha quase a completar um ano, que despontou em Elize a desconfiança de que o marido tinha uma amante, garota de programa sete anos mais nova do que os 30 anos que ela tem, mas em contrapartida infinitamente menos aquinhoada pela sorte material. O ciúme fala mais alto, ela se enerva e chega ao ponto de contratar na surdina, por R$ 7 mil pagos em duas vezes, o detetive particular William Coelho de Oliveira para seguir o marido. No mesmo dia 17 de maio em que toma os serviços profissionais do detetive, Elize viaja para o Paraná deixando ordens expressas a uma das empregadas para municiar tanto a ela quanto a Oliveira com informações sobre os horários de saída de Marcos do apartamento. Retorna a São Paulo 48 horas depois. Vem então a noite fatídica: em meio a uma discussão no apartamento na qual ela teria sido ofendida verbal e fisicamente, e com uma pizza esfriando na mesa, Elize apanha uma pistola semiautomática .380 (ao contrário do que se disse não foi uma .765) e dispara um projétil (velocidade de 330 metros por segundo e alto poder de perfuração) na cabeça de Mauro. Entre policiais e amigos, comenta-se que o barulho do tiro não foi abafado porque os vidros do apartamento são à prova de som, como Elize declara, mas foi abafado, isso sim, porque ela teria se valido de um silenciador na arma. Revelado agora por ISTOÉ, a presença do silenciador contraria bastante a versão inicial de como o assassinato teria ocorrido – e há policiais que ainda insistem em descobrir como e onde Elize se desfez dele. Com o marido morto, ela coloca então em ação o seu plano para se livrar da polícia.
Enquanto “desovava” as partes do cadáver em diferentes pontos, Elize fez 15 telefonemas para a babá que ficara no apartamento cuidando de sua filha, conforme aponta o mapa de interceptação de seu celular, feita com ordem judicial. No dia seguinte Elize foi ao escritório do detetive que contratara para apanhar os CDs que ele gravara flagrando Marcos com a amante, e é aqui que se descobre um blefe: na noite do crime, antes de puxar o gatilho, Elize disse para Marcos que tinha em mãos imagens provando a sua traição. Diante disso Marcos a teria esbofeteado. Agora se sabe que, na verdade, até aquele momento, Elize não vira vídeo algum, apenas ouvira falar dele.
De posse do CD, ela parte então no dia 23
de maio para a essência do seu plano de despiste e dispara o e-mail
falso para Mauro, em nome do morto e através de seu endereço eletrônico.
Era a sua carta marcada para dizer que o marido ainda vivia e, a partir
daí, passa insistentemente a alimentar a suspeita da polícia e de
familiares de que ele fora sequestrado, tocando sempre na mesma tecla:
Marcos enviara um e-mail para o seu irmão.
No dia 30 de maio, Elize telefonou desesperada para a residência de um dos padrinhos de sua filha, foi convidada a ir até ela para consolar-se e chegou por volta das 11 horas. Segundo depoimento desse padrinho, a que ISTOÉ teve acesso, de óculos escuros e muito abalada, Elize lhe disse que haviam localizado o corpo de Marcos com um tiro na cabeça. Também para essa residência foi Cecília Yone Nishioka, prima de Marcos e ex-namorada desse mesmo padrinho, após receber inúmeras chamadas de Elize em seu celular. Nesse encontro, Elize pediu a Cecília que a levasse à casa da mãe de Marcos, no que foi prontamente atendida. Lá também se falou sobre a identificação do corpo, Elize chorou e manteve a história de sempre. Desde então passou a conversar com Cecília quase que diariamente, inclusive sobre o velório, mas nunca abandonou o tema do sequestro – o que só viria mesmo a acontecer quando foi presa no dia 4 de junho. “Eu gostava muito do casal, só agora estou conseguindo dormir direito. Vivo um momento completamente sem expectativas e não sei quando verei novamente a Elize ou a criança”, disse o padrinho à ISTOÉ, pedindo que não fosse identificado. “A Elize deveria ganhar um prêmio de atriz, conseguiu enganar toda a família. Poderia ganhar o Oscar”, declarou Cecília em depoimento. Resta saber, agora, para quem Elize deu o primeiro telefonema após o assassinato, e isso a Justiça descobrirá em breve porque já determinou a quebra de seu sigilo telefônico. E resta saber, também, se Elize já estava atuando como atriz quando telefonou em abril para a Polícia Militar indagando se era crime trocar as fechaduras do apartamento numa oportunidade em que o marido estivesse fora dele, uma vez que desconfiava que estivesse sendo traída. Finalmente, será que Elize já era candidata à estatueta, à qual Cecília se refere, quando ligou para amigos no início de maio pedindo indicações de advogados de família e voltou a ligar no fim do mesmo mês querendo indicação de um advogado em direito penal, sem explicar o motivo do pedido? Entre um telefonema e outro, ela assassinou Marcos. E tentou então conseguir o impossível: com um e-mail falso, fazer de conta que nada acontecera no quarto da jiboia.
No dia 30 de maio, Elize telefonou desesperada para a residência de um dos padrinhos de sua filha, foi convidada a ir até ela para consolar-se e chegou por volta das 11 horas. Segundo depoimento desse padrinho, a que ISTOÉ teve acesso, de óculos escuros e muito abalada, Elize lhe disse que haviam localizado o corpo de Marcos com um tiro na cabeça. Também para essa residência foi Cecília Yone Nishioka, prima de Marcos e ex-namorada desse mesmo padrinho, após receber inúmeras chamadas de Elize em seu celular. Nesse encontro, Elize pediu a Cecília que a levasse à casa da mãe de Marcos, no que foi prontamente atendida. Lá também se falou sobre a identificação do corpo, Elize chorou e manteve a história de sempre. Desde então passou a conversar com Cecília quase que diariamente, inclusive sobre o velório, mas nunca abandonou o tema do sequestro – o que só viria mesmo a acontecer quando foi presa no dia 4 de junho. “Eu gostava muito do casal, só agora estou conseguindo dormir direito. Vivo um momento completamente sem expectativas e não sei quando verei novamente a Elize ou a criança”, disse o padrinho à ISTOÉ, pedindo que não fosse identificado. “A Elize deveria ganhar um prêmio de atriz, conseguiu enganar toda a família. Poderia ganhar o Oscar”, declarou Cecília em depoimento. Resta saber, agora, para quem Elize deu o primeiro telefonema após o assassinato, e isso a Justiça descobrirá em breve porque já determinou a quebra de seu sigilo telefônico. E resta saber, também, se Elize já estava atuando como atriz quando telefonou em abril para a Polícia Militar indagando se era crime trocar as fechaduras do apartamento numa oportunidade em que o marido estivesse fora dele, uma vez que desconfiava que estivesse sendo traída. Finalmente, será que Elize já era candidata à estatueta, à qual Cecília se refere, quando ligou para amigos no início de maio pedindo indicações de advogados de família e voltou a ligar no fim do mesmo mês querendo indicação de um advogado em direito penal, sem explicar o motivo do pedido? Entre um telefonema e outro, ela assassinou Marcos. E tentou então conseguir o impossível: com um e-mail falso, fazer de conta que nada acontecera no quarto da jiboia.
Os passos da espionagem
Foi no dia 17 de maio que o detetive particular William Coelho de Oliveira começou a trabalhar para Elize Matsunaga na captura de imagens que provassem a traição de seu marido. Fixou o preço de seu trabalho em R$ 7 mil, parcelado em duas vezes. Isso consta de documentos aos quais ISTOÉ teve acesso na semana passada. Quarenta e oito horas depois, Marcos, o marido espionado, morreu com um tiro na cabeça, disparado pela própria Elize, e teve o corpo por ela esquartejado. O detetive Oliveira, que obviamente jamais desejou esse final trágico, conseguira flagrá-lo e gravara as cenas que a esposa tanto desejava e, ao mesmo tempo, tanto temia.
A pedido da própria contratante do serviço – que naquele mesmo dia
viajara para o Paraná mentindo ao detetive ao dizer que iria para o
interior de São Paulo –, a equipe de Oliveira a mantinha informada pelo
celular sobre todos os passos do marido e também sobre as filmagens que
ela exigia serem bastante nítidas. Na noite de 18 de maio, Marcos e a
mulher com a qual ele traía a esposa, a garota de programa Nathalia,
foram seguidos em um restaurante japonês. Ao saírem dele, rumaram para o
Café Vipiteno, tradicional e sofisticado ponto de São Paulo. A última
parada deu-se no hotel Mercure. Pronto, as imagens estavam concluídas e o
trabalho feito. Oliveira admite, no entanto, que se sentiu surpreso
quando, no dia 21 de maio, Elize esteve em seu escritório. A esposa do
homem que ele seguira comunicou-lhe justamente o desaparecimento do
marido, e falou da possibilidade, bastante concreta segundo ela, de que
tivesse ocorrido um sequestro. Oliveira, imediatamente, fez-lhe
perguntas básicas e se prontificou a ajudá-la em sua localização.
Estranhou muito quando ouviu um não. Mais: ouviu que era para ele
esquecer completamente o caso. Elize, é claro, sabia que Marcos já
estava morto. O detetive, não.Foi no dia 17 de maio que o detetive particular William Coelho de Oliveira começou a trabalhar para Elize Matsunaga na captura de imagens que provassem a traição de seu marido. Fixou o preço de seu trabalho em R$ 7 mil, parcelado em duas vezes. Isso consta de documentos aos quais ISTOÉ teve acesso na semana passada. Quarenta e oito horas depois, Marcos, o marido espionado, morreu com um tiro na cabeça, disparado pela própria Elize, e teve o corpo por ela esquartejado. O detetive Oliveira, que obviamente jamais desejou esse final trágico, conseguira flagrá-lo e gravara as cenas que a esposa tanto desejava e, ao mesmo tempo, tanto temia.
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