7.18.2012

ONU: é possível ter tratamento universal para a aids até 2015

E a América Latina é pioneira no acesso aos medicamentos antirretrovirais segundo o coordenador do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) no Brasil

Do Portal Terra e Agência Brasil

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Ao comentar dados globais sobre aids divulgados nesta quarta-feira, o coordenador do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) no Brasil, Pedro Chequer, disse que há uma possibilidade de se alcançar tratamento universal da doença até 2015. Segundo ele, a América Latina aparece como pioneira no acesso aos medicamentos antirretrovirais, seguida pela região do Caribe e pela África Subsaariana. Em 2011, 8 milhões de pessoas receberam tratamento em países de baixa e média renda, um aumento de 1,4 milhão em relação ao ano anterior. Ainda assim, o número representa 54% das 14,8 milhões de pessoas que precisam ser tratadas na região. "Parte desta vitória se deve ao Brasil porque, já nos anos de 1990, adotou uma política de governo que passou a ser política de Estado e se mantem de maneira firme, independentemente da situação adversa da economia", avaliou Chequer.
O relatório indica que 82 países aumentaram em mais de 50% os investimentos nacionais no controle e prevenção da aids entre 2006 e 2011. Países de baixa e média renda, juntos, representaram investimentos de US$ 8,6 bilhões no ano passado, um aumento de 11% em relação a 2010. Os gastos públicos internos em países da África Subsaariana, por exemplo, cresceram 97% nos últimos cinco anos, enquanto os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) aumentaram os gastos nacionais públicos em mais de 120%.
 
Já o financiamento internacional permanece no mesmo nível de 2008, totalizando US$ 8,2 bilhões, sendo que os fundos disponibilizados pelos Estados Unidos representam cerca de 48% da assistência internacional para a aids. Sobre o medicamento Truvada, aprovado para uso nesta semana pelo governo dos Estados Unidos como alternativa para reforçar a prevenção contra o HIV, o coordenador do Unaids ressaltou que o remédio está sendo divulgado como uma espécie de panaceia e que é preciso ter cautela.
 
"Temos outras pesquisas com maior relevância no sentido do controle da epidemia do que esta", disse Chequer, ao destacar um estudo que indica a eficácia do tratamento antirretroviral como forma de prevenir a infecção entre casais em que um dos parceiros tem aids. "Não podemos comemorar (o Truvada) como um milagre", completou.
 
Saúde diz que política de aids respeita direitos humanos, mas admite falhas
 
O diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Dirceu Greco, disse hoje (18) que a política brasileira de enfrentamento à doença continua caminhando no sentido do respeito aos direitos humanos. Durante o lançamento do relatório global sobre aids, ele admitiu, entretanto, que o país registra “acidentes de percurso”, como o caso do vídeo de prevenção ao HIV com foco em homossexuais que foi retirado do site do ministério sob o argumento de que seria apenas para veiculação em ambientes fechados e frequentados pelo público gay.
 
O ocorrido foi mencionado pelo coordenador do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) no Brasil, Pedro Chequer, como um risco de retrocesso para o país. Ele avaliou que o vídeo integrou uma das melhores campanhas de prevenção ao HIV voltada para populações consideradas vulneráveis, por ser direto e objetivo.
 
“Nosso caminho está marcado. A posição brasileira nos fóruns internacionais é a mais ouvida, porque respeitamos a diversidade e lutamos contra a homofobia”, disse o representante do ministério, Dirceu Greco. “O retrocesso nós vamos segurar”, completou.
 
Greco lembrou que cerca de 250 mil brasileiros vivem com o vírus HIV sem saber e destacou que o foco do governo federal atualmente é o diagnóstico da doença em grupos vulneráveis. Segundo ele, cerca de 30 mil pessoas iniciam o tratamento antirretroviral no país a cada ano.

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