Autoria foi assumida pelo Exército Livre Sírio (ELS), formado por militares desertores
Do Portal Terra
O ministro da Defesa sírio, o general Daoud Rajha, e o vice-ministro
da pasta e cunhado do presidente Bashar al-Assad, Assef Shawkat,
morreram nesta quarta-feira (18) em um atentado contra o edifício da
Segurança Nacional, em Damasco, durante uma reunião de ministros,
segundo informações da televisão estatal síria. O general Hassan
Turkmani também morreu em decorrência do ataque, cuja autoria foi
assumida pelo Exército Livre Sírio (ELS), formado por militares
desertores.
"O general Daoud Rajha caiu como mártir no atentado terrorista contra
o edifício da Segurança Nacional", disse o canal do governo. "O
atentado suicida deixou feridos entre os participantes da reunião,
alguns deles em estado grave", acrescentou a televisão logo após o
ataque. Até o momento, as três autoridades são as únicas mortes
confirmadas no atentado.
Nascido em 1947, Rajha era também vice-presidente do Comando Geral do
Exército e do Conselho de Ministros. Com longa carreira nas Forças
Armadas, das quais foi comandante de batalhão e de brigada, ele ocupou o
posto de chefe do Estado-Maior até ser nomeado ministro da Defesa, em
agosto de 2011.
Shawkat era casado com Bushra al-Assad, irmã do presidente sírio. Ele
ocupava o cargo de vice-ministro da Defesa desde setembro de 2011, e
foi no passado chefe da inteligência militar. Era considerado um dos
principais responsáveis pela segurança do país e parte do círculo mais
próximo do presidente.
Ex-ministro da Defesa e militar de alta patente, Turkmani morreu em
decorrência de ferimentos sofridos no ataque, segundo a
televisão Al-Manar, do grupo Hezbollah. Ele era chefe da célula de crise
criada para combater a rebelião síria. "O general Hassan Turkmeni
morreu em consequência dos ferimentos que sofreu no atentado", assegurou
o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres.
Funcionários dos serviços de segurança disseram à agência AFP que
muitos outros participantes da reunião de alto nível ficaram feridos na
explosão e foram levados ao hospital Al-Shami, da capital. Os
funcionários informaram que o ministro do Interior, Mohammed al-Shaar,
estava entre os feridos. A televisão estatal confirmou que al-Shaar foi
atingido e afirmou que ele está em condição estável.
O edifício ultraprotegido encontra-se no bairro de Rawda, no centro
da capital. Segundo a Al Jazeera, o prédio está localizado a apenas 10
minutos de caminhada da casa em que Bashar al-Assad mora com a família.
Ativistas em Damasco disseram por telefone que a Guarda Republicana da
Síria isolou o hospital Al-Shami, na capital, enquanto ambulâncias
levavam vítimas do local da explosão.
Rebeldes assumem autoria
O Exército Livre Sírio (ELS), de oposição ao regime de Assad,
reivindicou a autoria do atentado. Em entrevista à agência EFE pela
internet, um dos organizadores do ataque, Muayed al Zouabi, explicou que
a ação foi realizada em coordenação com agentes de segurança do
edifício governamental e com um cozinheiro da sede.
Zouabi disse que foi colocado veneno no café da manhã dos
participantes do encontro - entre elas o ministro e o cunhado de Assad.
Quando se sentiram mal, chamaram uma ambulância, que na verdade era um
carro-bomba enviado pelo ELS. O ataque faz parte da chamada operação
"Vulcão de Damasco, Terremoto da Síria", lançada na capital nos últimos
dias, e que foi desenvolvida pela Brigada do Islã, pertencente ao ELS,
afirmou Zouabi.
Em entrevista à agência AP, o comandante do ELS, Riad al-Asaad, que
está baseado na Turquia, também confirmou que o grupo realizou o ataque,
mas negou que tenha sido um atentado suicida. Segundo ele, todos os
envolvidos na operação estão em segurança. Riad al-Assad ainda afirmou
que este é "o começo do fim do regime".
Exército promete eliminar agressores
Em um comunicado lido na rede de televisão estatal, o Exército da
Síria comprometeu-se a perseguir os autores do atentado para eliminá-los
e "limpar a pátria de maldade". "As Forças Armadas estão determinadas a
acabar com as gangues assassinas e criminosas e persegui-las onde quer
que elas estejam", disse um comunicado dos militares lido na televisão
estatal. "Quem pensa que ao atacar comandantes pode enroscar o Exército
da Síria, esta iludido."
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