11.27.2013

Aplicativo Lulu, em que meninas ‘avaliam’ rapazes, é contestado na Justiça

'Clube da Luluzinha’ virtual vira febre e abre polêmica

O Dia
Rio - Não é de hoje que o termo ‘Clube da Luluzinha’ é usado quando um grupo de mulheres se reúne para tratar de assuntos ‘proibidos’ para homens. Na internet, o que era fofoca inocente materializou-se no ‘Lulu’, aplicativo restrito ao público feminino que julga e atribui notas aos rapazes de forma anônima. A nova ferramenta, febre entre as meninas e dor de cabeça para os homens, levanta discussões sobre invasão de privacidade e pode ter sérias consequências judiciais para quem usa e psicológicas para quem é ‘julgado’.
Maria Vitória quis saber as notas do namorado: não gostou do que viu
Foto:  Alexandre Vieira / Agência O Dia
Nas redes sociais, a primeira petição contra o Lulu veio à tona nesta terça-feira. Um estudante de Direito de 26 anos entrou com uma ação contra o aplicativo. Ele se sentiu ofendido ao saber que foi avaliado como “mais barato que um pão com manteiga”, “bafo da morte” e “aparadinho”. Leonardo Vizeu, advogado constitucionalista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ), disse que a iniciativa pode e deve ser seguida por quem se sentir lesado pela ferramenta.
“A Constituição garante proteção à intimidade e veda o anonimato. O sujeito exposto pode entrar com ação cível, por perdas e danos, ou penal, por difamação e crime contra a honra. O culpado pode pegar de 3 meses a 1 ano de detenção ou pagar multa de R$ 5 mil a 10 mil”, diz.
Já a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática informou que é possível quebrar o sigilo do aplicativo e desmascarar os autores das supostas injustiças virtuais. O mais difícil, porém, é lidar com as feridas psicológicas, diz a psicóloga Alexandra Araújo.
“Pessoas com baixa autoestima podem desenvolver quadro de depressão por acreditarem nos comentários. É uma plataforma perigosa, propícia para disseminar mentira, vingança e cyberbullyng”, avalia.

Visões para o bem e para o mal
Polêmico, o aplicativo Lulu, criado pela jamaicana Alexandra Chong, tem pouco mais de uma semana de existência, já está no ranking dos mais baixados da Apple Store e da Google Play e divide opiniões entre homens e mulheres. Curiosa, a cientista política Maria Victoria Magno, de 22 anos, resolveu baixar o ‘app’ para ver as avaliações do namorado.
Gabriel, nota 7,9 no perfil involuntário: “Quem não deve, não teme”
Foto:  Alexandre Vieira / Agência O Dia
“Não gostei. Um aplicativo como esse pode gerar desconfiança entre o casal, além de dificultar as relações interpessoais, já que a ideia é ‘fugir’ dos meninos mal avaliados. Nada substitui o encontro cara a cara”, acredita. Já o designer Gabriel Gomes, 26, acha que o Lulu só reflete comentários da ‘vida real’. “Quem não deve não teme. Se uma menina deixa de ficar comigo por comentários dos outros está me fazendo um favor”, diz.
O aplicativo exibe a foto e o perfil do ‘avaliado’, sem sua autorização
Foto:  Reprodução
Mas nem todos são tão confiantes. Um universitário que não quis ser identificado criticou: “Pessoas falam mentiras sobre mim publicamente e eu não tenho nem direito de saber quem são? Isso é injustiça”.

Como deletar o perfil do Lulu
Não tem jeito. Se você é do sexo masculino e tem conta no Facebook, automaticamente já existe no aplicativo Lulu. Mas há um jeito — não muito simples, porém rápido — de deletar o perfil dos mais indignados e insatisfeitos. Basta acessar o link http://company.onlulu.com/deactivate .
O site em inglês pode ser traduzido para português.

Depois, o usuário deve clicar em ‘remover meu perfil agora’ e esperar até 15 minutos. Se houver falhas, pode repetir o procedimento.
Outra alternativa é enviar um e-mail, indicando seu perfil para iwantout@lulu.com e esperar que os responsáveis pelo aplicativo retirem-no do ar.



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