'Clube da Luluzinha’ virtual vira febre e abre polêmica
Rio - Não é de hoje que o termo
‘Clube da Luluzinha’ é usado quando um grupo de mulheres se reúne para
tratar de assuntos ‘proibidos’ para homens. Na internet, o que era
fofoca inocente materializou-se no ‘Lulu’, aplicativo restrito ao
público feminino que julga e atribui notas aos rapazes de forma anônima.
A nova ferramenta, febre entre as meninas e dor de cabeça para os
homens, levanta discussões sobre invasão de privacidade e pode ter
sérias consequências judiciais para quem usa e psicológicas para quem é
‘julgado’.
Nas redes sociais, a primeira petição
contra o Lulu veio à tona nesta terça-feira. Um estudante de Direito de
26 anos entrou com uma ação contra o aplicativo. Ele se sentiu ofendido
ao saber que foi avaliado como “mais barato que um pão com manteiga”,
“bafo da morte” e “aparadinho”. Leonardo Vizeu, advogado
constitucionalista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ), disse que a
iniciativa pode e deve ser seguida por quem se sentir lesado pela
ferramenta.
“A Constituição garante proteção à
intimidade e veda o anonimato. O sujeito exposto pode entrar com ação
cível, por perdas e danos, ou penal, por difamação e crime contra a
honra. O culpado pode pegar de 3 meses a 1 ano de detenção ou pagar
multa de R$ 5 mil a 10 mil”, diz.
Já a Delegacia de Repressão a Crimes de
Informática informou que é possível quebrar o sigilo do aplicativo e
desmascarar os autores das supostas injustiças virtuais. O mais difícil,
porém, é lidar com as feridas psicológicas, diz a psicóloga Alexandra
Araújo.“Pessoas com baixa autoestima podem desenvolver quadro de depressão por acreditarem nos comentários. É uma plataforma perigosa, propícia para disseminar mentira, vingança e cyberbullyng”, avalia.
Visões para o bem e para o mal
Polêmico, o aplicativo Lulu, criado pela jamaicana Alexandra Chong, tem pouco mais de uma semana de existência, já está no ranking dos mais baixados da Apple Store e da Google Play e divide opiniões entre homens e mulheres. Curiosa, a cientista política Maria Victoria Magno, de 22 anos, resolveu baixar o ‘app’ para ver as avaliações do namorado.
“Não gostei. Um aplicativo como esse
pode gerar desconfiança entre o casal, além de dificultar as relações
interpessoais, já que a ideia é ‘fugir’ dos meninos mal avaliados. Nada
substitui o encontro cara a cara”, acredita. Já o designer Gabriel
Gomes, 26, acha que o Lulu só reflete comentários da ‘vida real’. “Quem
não deve não teme. Se uma menina deixa de ficar comigo por comentários
dos outros está me fazendo um favor”, diz.
Mas nem todos são tão confiantes. Um
universitário que não quis ser identificado criticou: “Pessoas falam
mentiras sobre mim publicamente e eu não tenho nem direito de saber quem
são? Isso é injustiça”.
Não tem jeito. Se você é do sexo masculino e tem conta no Facebook, automaticamente já existe no aplicativo Lulu. Mas há um jeito — não muito simples, porém rápido — de deletar o perfil dos mais indignados e insatisfeitos. Basta acessar o link http://company.onlulu.com/deactivate .
O site em inglês pode ser traduzido para português.
Depois, o usuário deve clicar em ‘remover meu perfil agora’ e esperar até 15 minutos. Se houver falhas, pode repetir o procedimento.
Outra alternativa é enviar um e-mail, indicando seu perfil para iwantout@lulu.com e esperar que os responsáveis pelo aplicativo retirem-no do ar.
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