“A cefaleia, nome técnico da dor de cabeça, destaca-se como uma das
queixas mais frequentes em consultórios de pediatras e neuropediatras”,
afirma Paulo Liberalesso, neuropediatra e membro do Departamento
Científico de Neurologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), esse mal atinge cerca
de cinco milhões de crianças e adolescentes em todo o Brasil. Destes,
aproximadamente 409 mil sentem um desconforto mais intenso a cada dois
dias.
Apesar de o problema ser comum no dia a dia de muitas crianças, acaba
não recebendo a devida atenção por parte dos pais. E isso tem uma
explicação: a dificuldade dos pequenos de, muitas vezes, verbalizar a
sensação de dor e a falta de conhecimento dos adultos sobre os sintomas.
Daí a importância de estar atento a alguns sinais!
Para ajudar as mães e os pais cujos filhos se queixam sempre de dor de
cabeça, o Portal Vital foi em busca de mais explicações a respeito desse
mal. Confira a seguir.
Como perceber
Em primeiro lugar, os adultos precisam ter em mente que os sintomas
aparecem cedo, geralmente a partir dos seis meses de idade, provocando
desconfortos no bebê. Em algumas situações, os médicos podem dar o
diagnóstico errôneo de dores abdominais e cólicas
(http://www.portalvital.com/sua-casa/filhos/entenda-por-que-seu-bebe-esta-chorando),
que normalmente desaparecem no terceiro mês de idade.
Então, como perceber se o seu filho tem dores de cabeça? Veja se ele
sente desconforto com movimentos bruscos, se dá sinais de tontura ou
fica enjoado em brinquedos de girar.
“É preciso verificar o fator da hereditariedade, sobretudo quanto às
enxaquecas. Já no caso das crianças um pouco maiores, reflita se as
reclamações de dores são frequentes, se ocorrem em períodos de jejum ou
depois de noites maldormidas. Isso ajuda também a perceber se é uma
eventual manha”, salienta Célia Roesler, neurologista e membro da SBCe.
Se você perceber que não é nada grave, pode ser que seu pequeno esteja fazendo denguinho. Por isso, leia esta matéria: Aprenda a lidar com manhas e birras dos seus filhos.
Não descarte a ajuda de profissionais. O oftalmologista e o
otorrinolaringologista, por exemplo, podem confirmar ou afastar uma
relação com problemas nos olhos ou inflamações respiratórias, como a
sinusite. Já o pediatra saberá interpretar de que modo essas e outras
possíveis causas devem ser tratadas, tendo em vista o conhecimento que
ele tem do desenvolvimento da criança.
Os tipos de dores
No consultório, o pediatra poderá identificar quais tipos de dores de
cabeça as crianças sentem. As primárias (causadas por alterações
químicas no cérebro) costumam ser tensionais, de intensidade moderada e
duração de horas até dias.
Por sua vez, as enxaquecas começam como um incômodo e aumentam
gradativamente, piorando com o tempo. “Uma crise dura de 4 a 72 horas,
em geral com sensação de pontada ou latejos. Na maioria das vezes, é de
origem genética”, explica Célia.
Já as secundárias (provocadas por doenças associadas) podem ter
diversas origens ou sintomas, como tumores, problemas de visão e na
coluna, entre outras razões.
Vale lembrar que as meninas estão expostas a um fator adicional: os
hormônios. Na puberdade, eles podem estimular o surgimento de dores de
cabeça mais frequentes, não necessariamente ligadas a uma doença.
Casos graves
Paulo Liberalesso ressalta que existem alguns sintomas que, ligados às
cefaleias, indicam um problema de maior gravidade. “O surgimento súbito
de uma dor de cabeça muito forte em uma criança que nunca teve a queixa,
por exemplo, é um alerta”, diz o especialista.
Outros motivos são as crises convulsivas, os desmaios, a perda de força
muscular, as alterações ao caminhar e a diplopia (visão dupla). Em
situações como essas, que tenham alguma associação com as dores de
cabeça, leve a criança ao consultório para ser examinada por um
neuropediatra.
O que fazer
A mudança de alguns hábitos pode ajudar a diminuir ou a acabar com as dores:
- Alivie o peso das mochilas (http://www.portalvital.com/sua-casa/crianca/tire-o-peso-das-costas-de-seu-filho). Pode não parecer, mas o esforço excessivo é um dos motivos de dores na coluna e, consequentemente, na cabeça.
- Descansar em um ambiente silencioso e com pouca luz contribui muito para eliminar o incômodo.
- Quando a criança está com dores de cabeça, alguns alimentos devem ser evitados, por exemplo, chocolate, queijo amarelo, condimentos picantes e corantes avermelhados.
Tratamento
Os analgésicos simples ou anti-inflamatórios geralmente resolvem o
problema. Contudo, quando as crises de enxaqueca são frequentes ou
intensas a ponto de prejudicar a rotina da criança, o médico pode
indicar um tratamento contínuo, com a prescrição de remédios.
E lembre-se sempre de que o uso abusivo de analgésicos e a
automedicação oferecem riscos para a saúde dos pequenos. Por isso, é
imprescindível consultar o pediatra.
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