12.03.2013

Lula e Dilma Rousseff se despedem de Marcelo Déda em Aracaju

Governador morreu na madrugada desta segunda-feira (2) vítima de câncer.
Lula e Dilma Rousseff participaram de missa com a família do governador.

Fredson Navarro e Marina Fontenele Do G1 SE
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Lula compareceu ao velório de Marcelo Déda, em Aracaju (Foto: Marcelle Cristinne/ASN)Ex-presidente Lula compareceu ao velório de Marcelo Déda, em Aracaju (Foto: Marcelle Cristinne/ASN)
A presidente da República, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participaram de uma missa durante o velório do governador de Sergipe, Marcelo Déda, na noite desta segunda-feira (2), no Palácio Olímpio Campos, em Aracaju. Déda morreu às 4h45, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em decorrência de um câncer no estômago e no pâncreas.

O velório começou por volta das 20h, e a missa foi realizada pelo arcebispo de Aracaju, Dom Palmeira Lesse. A cerimônia contou apenas com a presença da família e dos amigos mais próximos. Em seguida, o velório foi aberto para visitação de moradores.

A assessoria de comunicação do governo de Sergipe informou que, durante a missa, Lula fez um discurso, se mostrou orgulhoso com a trajetória construída pelo companheiro de partido e foi aplaudido. "Você não nos deve nada, Dedinha. Nós lhe seremos eternamente gratos", afirmou o ex-presidente.
Lula fala sobre a amizade de longa data com Marcelo Déda (Foto: Marina Fontenele/G1)Lula fala sobre a amizade com Marcelo Déda
(Foto: Marina Fontenele/G1)
Após a cerimônia, Lula conversou com os jornalistas.
"Acompanhei a carreira de Déda desde o início. Além de militantes do PT, fomos amigos e compadres. Ele morreu muito novo, tudo aconteceu muito rápido na vida dele. Meu sonho era vê-lo no Senado. Ele poderia ser o tribuno que está faltando lá e se destacar como um senador extraordinário de que o Brasil precisa. Ele vivia pela política 24h por dia e sofria com os problemas da comunidade e dos amigos. Estou triste com a partida precoce dele, mas temos que guardar em nossas memórias ele bem e feliz", disse Lula.

Sobre a doença enfrentada por Déda, o ex-presidente disse acompanhou todo o sofrimento do colega e sempre fez questão de fazer constantes visitas para incentivá-lo a lutar pela vida. “Ele sofreu muito e ficava muito triste cada vez que passava por uma sessão de quimioterapia e o medicamento não funcionava. Tinha dia que ele estava se entregando e dizia ser o fim, mas eu estava sempre por perto dando força para ele e o colocando para cima, incentivando-o a lutar pela vida e nunca desistir”, lembrou Lula.
Velório ficará aberto ao público até o meio-dia desta terça-feira (3) (Foto: Marina Fontenele/G1)Velório ficará aberto ao público até o meio-dia desta terça-feira (3) (Foto: Marina Fontenele/G1)


A presidente Dilma Rousseff não se pronunciou e retornou a Brasília no fim da noite. Lula voltou para São Paulo. "Queria ficar mais um pouco, mas a Marisa está me esperando", afirmou.
Janeiro de 2013 - O governador de Sergipe, Marcelo Deda, e a presidente Dilma Rousseff conversam durante cerimônia de inauguração do Parque Eólico Barra dos Coqueiros, em Aracaju (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo/Arquivo)Déda e Dilma em conversa durante cerimônia em
Sergipe (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)
Dilma fala em 'grande amigo'
Mais cedo, Dilma Rousseff lamentou, em seu perfil no microblog Twitter, a morte do governador de Sergipe e disse que perdeu "um grande amigo" e que Déda "fará falta".
Em nota oficial divulgada pelo Palácio do Planalto, a presidente ressaltou os talentos literários e políticos do governador.
"Déda era capaz de recitar poesia, inclusive as próprias, com a força de um grande artista e a naturalidade de um repentista. Ao mesmo tempo, era capaz de aprimorar uma discussão com uma lógica irretocável", disse Dilma em nota oficial.
No comunicado, a presidente citou o nome da mulher e dos cinco filhos de Déda e disse que eles perderam "um companheiro leal" e "um pai amoroso". "Déda foi um exemplo de coragem na saúde e na doença e um exemplo de caráter na vida privada e na trajetória pública", destacou Dilma.
Além da presidente e do ex-presidente Lula, participaram do velório o governador em exercício de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB), o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), os governadores da Bahia, Jaques Wagner, do Ceará, Cid Gomes, do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Os ministros José Elito Siqueira (Segurança Institucional), Helena Chagas (Comunicação), Eleonora Menicucci (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres), José Eduardo Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Educação) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social) também participaram da cerimônia de despedida de Déda.
O velório segue aberto para o público até as 13h desta terça-feira (3). Em seguida, o corpo será levado para ser cremado em Salvador.
População acompanha de longe a cerimônia religiosa na Praça Fausto Cardoso (Foto: Marina Fontenele/G1)População acompanha de longe a cerimônia religiosa na Praça Fausto Cardoso (Foto: Marina Fontenele/G1)
Chegada a Aracaju
O corpo do governador Marcelo Déda chegou a Aracaju às 17h35 (horário de Brasília) em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) a pedido da presidente Dilma Rousseff. O corpo saiu do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e seguiu no fim da manhã para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em um carro fúnebre. O avião decolou para Aracaju por volta das 15h, de acordo com a assessoria do governo de Sergipe.
Corpo do governador Marcelo Déda foi trazido por um avião da Força Aérea Brasileira (Foto: Divulgação/ASN)Corpo do governador Marcelo Déda foi trazido por avião da Força Aérea Brasileira (Foto: Divulgação/ASN)
Do Aeroporto Santa Maria, o corpo foi transportado pelo Corpo de Bombeiros para o Palácio Museu Olímpio Campos, no Centro da capital, para o velório. O trajeto foi feito em carro aberto, pela Avenida Beira Mar, uma das mais importantes de Aracaju.
A primeira-dama, Eliane Aquino, os filhos de Marcelo Déda e o petista Luis Eduardo Dutra acompanharam o cortejo em cima do carro do Corpo de Bombeiros. Centenas de sergipanos seguiram o cortejo e acompanharam a passagem do carro pelas ruas. Por onde passou, o governador foi aplaudido com a bandeira de Sergipe e também camisas, bandeiras e bonés do PT.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e o governador do Ceará, Cid Gomes (PROS), também participaram do cortejo.
Corpo de Marcelo Déda foi colocado no carro do Corpo de Bombeiros que segue em cortejo até o Centro da capital (Foto: Marina Fontenele/G1)Corpo de Marcelo Déda foi colocado em carro do Corpo de Bombeiros que seguiu em cortejo até o Centro de Aracaju (Foto: Marina Fontenele/G1)
O governador em exercício Jackson Barreto, secretários de estado, deputados, prefeitos, diversas autoridades e centenas de sergipanos acompanharam a chegada do corpo e seguiram em cortejo.
“Estive com Déda pela última vez há 15 dias e ele me perguntou se eu estava inaugurando as obras e pediu para eu continuar me comprometendo em realizar nossos projetos. A morte dele é difícil até para nós cristãos, que acreditamos nos ensinamentos de Cristo”, disse Barreto.
Governador em exercício, Jackson Barreto, e diversas personalidades foram ao aeroporto receber Marcelo Déda (Foto: Marina Fontenele/G1)Governador em exercício Jackson Barreto e várias personalidades foram ao aeroporto receber o corpo de Marcelo Déda (Foto: Marina Fontenele/G1)
Centenas de pessoas tomaram a Avenida Senador Julio César Leite para acompanhar a saída do cortejo (Foto: João Áquila/G1)Centenas de pessoas tomaram a Avenida Senador Julio César Leite para acompanhar a saída do cortejo (Foto: João Áquila/G1)
O governador em exercício Jackson Barreto decretou luto oficial de sete dias em homenagem a Marcelo Déda.

Déda cumpria seu segundo mandato como governador, após ser reeleito em 2010. Filiado ao PT desde os anos 1980, iniciou a carreira como deputado estadual. Foi eleito duas vezes deputado federal e também foi prefeito da capital Aracaju.

O político foi diagnosticado com câncer em 2009, quando se submeteu a uma cirurgia para retirada de um nódulo benigno do pâncreas. Em 2012, ele retomou o tratamento quimioterápico.
Tratamento em São Paulo
No dia 27 de maio, Déda transferiu seu cargo para o vice-governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB). Naquele momento, a assessoria de imprensa do governo informou que ele se afastaria por 15 dias para dedicar mais atenção ao tratamento de saúde realizado em São Paulo.

Segundo especialistas ouvidos pelo G1, os tipos de câncer no estômago e no pâncreas, são silenciosos e dos mais letais, pois provocam metástase, processo em que a doença se espalha pelo organismo através da corrente sanguínea.

Marcelo Déda deixa cinco filhos, sendo três do primeiro casamento, com Márcia, (Marcella, Yasmim e Luísa), e dois do segundo casamento, com Eliane Aquino (João Marcelo e Mateus).
Carreira política
Marcelo Déda era militante do PT desde 1985 e conquistou seu primeiro cargo político em 1986, quando foi eleito deputado estadual com mais de 30 mil votos. Voltou à política em 1994, quando foi eleito deputado federal, e reeleito na Câmara em 1998.

Em 2000, Déda foi eleito prefeito de Aracaju e começou seu primeiro mandato em 2001. Foi reeleito em 2004. Além disso, o petista foi eleito governador de Sergipe em 2007 e reeleito em 2011.

No fim de 2009, o Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sua cassação por abuso de poder. Em 2010, o TSE absolveu Déda da mesma acusação.
Veja a nota divulgada pelo hospital:

O governador de Sergipe, Marcelo Déda, internado no Hospital Sírio-Libanês, devido a complicações de uma neoplasia gastroentestinal, faleceu às 4h45 desta madrugada.

O governador estava com sua família e vinha sendo acompanhado pelas equipes dos professores-doutores Paulo Hoff, Raul Cutait e Roberto Kalil Filho.

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