Todos nós, em maior ou menor grau, carregamos uma inquietação interior. Muitas vezes chamamos essa inquietação de "ansiedade". Para algumas pessoas pode ser que essa inquietação não apareça tanto em forma de ansiedade, mas aparecerá na forma de algum outro desconforto qualquer: sensação de insegurança, tristeza, preocupação, medo e etc...
Nem
sempre essas sensações são nítidas para nós, por que as carregamos por
tanto tempo, que nos parece a maneira normal e natural de viver.
Prazeres
momentâneos encobrem temporariamente esse sofrimento interior: comida,
sexo, bebida, drogas, compras e outros são recursos que utilizamos para
anestesiar um pouco essa incômodo que carregamos constantemente. Só que
logo o prazer acaba, o efeito do anestésico passa, e precisamos de mais
uma dose.
Atividades
que exigem muito da nossa mente ou que absorvem a nossa atenção por
completo desviam o nosso foco das sensações desconfortáveis que
carregamos constantemente. Servem também como outra forma de nos
anestesiar, e não entrar em contato com o sofrimento: Estudar demais,
trabalhar em excesso, navegar na internet, jogos eletrônicos,
televisão...
Esporte
radicais e situações que provocam grande adrenalina também absorvem por
completo nossa atenção e temporariamente ficamos ilusoriamente livres
do sofrimento interior.
Observe
que existem pessoas viciadas e compulsivas por todos os tipos de
coisas: aposta, compras, drogas, trabalho, comida, exercícios, esportes
radicais, televisão, internet, estudo, balada e etc... Todas essas
coisas são utilizadas como um meio de sentir alívio temporário. O que
nos vicia não é a atividade ou a droga em si, e sim, a sensação de bem
estar que provoca momentaneamente. Se curarmos a causa real do vício,
que é o sofrimento interior, deixamos de ter a necessidade do
anestésico, pois não haverá mais nada a fugir. Ficamos viciados em
mascarar o nosso desconforto, pois não sabemos como sentir alívio de
outra forma.
Todo
esse processo não é claro para a pessoa que está se utilizando desses
métodos para se livrar do sofrimento. Parece que simplesmente dá uma
vontade intensa de fazer algo e sem nenhuma razão aparente por trás. É
como. por exemplo, uma vontade que pode bater a noite de comer um doce. O
que nos levou a isso? Será fome? Não, muitas vezes já estamos bem
alimentados. É o processo inconsciente de buscar um prazer para encobrir
nossa inquietação interior. Em algum nível, todos nós utilizamos essas
formas de fuga já citadas.
Ninguém
se vicia por que foi influenciado por alguém. Uma pessoa que está em
maior equilíbrio não será suscetível a esse tipo de influencia. E mesmo
que resolva experimentar alguma droga, acabará não tendo muito interesse
e não utilizará mais depois. As supostas influências só atingem aqueles
que já estão realmente pré dispostos emocionalmente.
E
do que é formado essa "ansiedade", "inquietação" ou sofrimento
interior? É formado pelo acúmulo de sentimentos negativos: medos,
preocupações, raiva, tristeza, abandono, rejeição, mágoas, culpa,
solidão e etc... Acumulamos essas emoções ao longo da vida ao passarmos
por diversas experiências negativas que nos deixam impregnados com
sentimentos negativos.
Para
que você tenha um exemplo claro do que é um "sentimento acumulado" é só
pensar em algum evento passado que ainda causa desconforto emocional ao
ser lembrado. Essa emoção que brota agora ao acessar a lembrança, é o
resto do sentimento que foi gerado na época, e que não foi plenamente
dissolvido ao longo do tempo, permanecendo em você até hoje. Imagine
então quantas memórias existem dentro de nós com carga emocional, e o
quanto isso pesa e contribui para o aumento do nosso sofrimento
interior. E tudo normalmente acontece aos poucos, lentamente, sem a
nossa percepção clara.
Todo
e qualquer vício é uma busca inconsciente para se livrar dessa sensação
incômoda que guardamos. Para eliminar o vício, é preciso eliminar as
suas reais causas. Isso somente ocorre quando dissolvemos profundamente
os sentimentos guardados.
Outro
dia estava vendo na televisão sobre a "cracolândia" e as formas que o
governo usa para lidar com o problema. A maioria delas miram nas
consequências, como a repressão ao uso por exemplo. Todos aqueles que
estão por lá são pessoas extremamente afetadas emocionalmente, quer elas
tenham consciência disso ou não. E grande parte não tem consciência
disso mesmo. Elas apenas sentem um impulso de usar a droga, e não tem
noção de onde isso vem.
Mas
é realmente um problema difícil de se resolver, porque a solução real
passa pelo tratamento daquelas pessoas. É raro que o viciado tenha
vontade de se tratar, e mesmo quando tem, os métodos de tratamento
dificilmente tem um poder profundo de eliminação dos sentimentos
negativos. A pessoa sai melhor, mas por dentro ainda guarda suas feridas
emocionais e terá que se valer de esforço, e força de vontade para
"combater" e reprimir o vício.
Por
não ocorrer essa cura emocional profunda, o que vai acontecer com
muitos, é a troca da válvula de escape. O alcoólatra deixa a bebida, e
começa fumar. Ou começa a comer mais e engorda. Ou então precisa de
antidepressivos.
Quando
o trabalho emocional consegue realmente curar as feridas emocionais, a
paz interior e os níveis de felicidade aumentam, e naturalmente aquele
impulso de buscar algo externo simplesmente se extingue.
André Lima - EFT
Blog (A Auto cura para os Transtornos Alimentares)
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