Pesquisadores "treinam" sistema imunológico de crianças e jovens para que ele resista a pequenas quantidades do alimento
Alergia: Pesquisa usa imunoterapia oral para melhorar tolerância de crianças alérgicas ao amendoim
(Thinktosck)
Em um estudo publicado nesta quinta-feira na revista médica The Lancet, a equipe testou a chamada imunoterapia oral em crianças e adolescentes com alergia ao amendoim. O tratamento consiste em dar ao paciente porções diárias do alimento, que começam muito pequenas e vão aumentando gradualmente caso não haja reação alérgica. Segundo os resultados, em seis meses, 84% dos jovens submetidos a essa terapia conseguiram tolerar, sem reação alérgica, a ingestão de cinco amendoins por dia.
"O tratamento permitiu que crianças muito alérgicas consumissem quantidades de amendoim muito superiores às encontradas nos alimentos contaminados acidentalmente, algo tranquilizador para os pais que temem reações alérgicas fatais em seus filhos", diz, Andrew Clark, pesquisador da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, e coordenador do estudo. Cerca de uma em cada 50 crianças é alérgica ao amendoim, e a única forma de evitar reações adversas é não ingerir o alimento.
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Testes — Participaram da pesquisa 99 crianças e adolescentes de 7 a 16 anos – todos sofriam de alergia ao amendoim. Durante seis meses, parte deles foi submetida à imunoterapia oral e o restante, orientado a evitar amendoim completamente, recomendação atual para quem é alérgico. Esse grupo, que não foi submetido à terapia, não tolerou ingerir nenhuma quantidade do alimento ao final da pesquisa.
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Esses resultados fazem parte da segunda fase dos testes clínicos do estudo – ao todo, uma pesquisa passa por três etapas como essa para ser concluída. Ou seja, ainda não é possível recomendar esse tratamento às pessoas com alergia ao amendoim. Além disso, embora a maioria dos participantes que passaram pela imunoterapia oral tenha conseguido tolerar o amendoim, 20% apresentaram efeitos adversos leves: o mais comum foi coceira na boca. “Precisamos de uma avaliação adequada dos riscos da abordagem para garantir que ela não torne a vida de crianças alérgicas ainda mais perigosa”, dizem os autores.
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