4.13.2015

Especialistas falam sobre trauma de criança ao ver assassinato do avô

pinião de psicólogos

Mário Corso e Felipe Pimentel comentam o impacto na vida de uma criança ao presenciar uma cena brutal, como a execução de um familiar 

O psicólogo Felipe Pimentel e o psicanalista Mário Corso analisam o vídeo publicado pelo Diário Gaúcho, em que um homem é executado diante de uma filha e dois netos — um deles, aparentando no máximo três anos. Para os especialistas, é difícil precisar qual o impacto de uma cena brutal como essa no desenvolvimento de uma criança, mas explicam que o trauma é inevitável.
— Essas questões mais difíceis da vida, como a violência, a morte, as perdas, essas coisas por si só já são difíceis de uma criança lidar. Só que a gente sempre cria imaginários e coisas simbólicas para que as crianças possam lidar com isso. Se tu pensares, por exemplo, quando a criança perde o bichinho de estimação, a gente cria essas coisas imaginarias e simbólicas, dizemos que o passarinho voou para longe e que o cachorrinho foi para o céu — analisa Felipe.

VÍDEO: homem executado na frente da filha e de netos, em Porto Alegre
O psicólogo também avalia que, para uma criança, presenciar uma situação dessas empobrece a relação deste ser — que ainda não consegue decifrar o simbólico e o imaginário — com o mundo:
— Uma criança que fica marcada pela brutalidade tem um mundo esvaziado de sentido. O que fica de ver o avô ser assassinado? Fica apenas a brutalidade. A definição de trauma é exatamente essa, quando só sobra o horror da situação.
Para Mário Corso, também é importante ter noção do papel que o avô tinha na vida do menino.
— É óbvio que vai causar um trauma. A gente não sabe o papel que esse avô tinha. Mas, o que eu já vi de situações semelhantes, trata-se de pessoas que, normalmente, já vêm de uma condição humana desamparada. E a gente fica muito mais desamparado quando perde um pai, um avô. É muito maior o impacto do que quando perdemos um irmão, com o qual temos uma relação lateral — pondera.
Membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA), Corso ainda lembra uma entrevista de um ex-mafioso italiano que ele assistiu na televisão sobre o "código de conduta" dos mafiosos.
— Para a máfia italiana, não era permitido que eles fizessem nada que envolvesse o testemunho de uma criança. Tem a história de um cara que só saia para a rua com filho, porque assim ele nunca sofreria nada. o código de honra da máfia não permitia que eles fizessem isso. Já tivemos bandidos melhores. Se perdeu a dignidade. Não existe mais código de conduta.

VÍDEO: homem executado na frente da filha e de netos

Matador foi preso neste domingo, suspeito de sete assassinatos em quatro meses no Bairro Sarandi

Um homem foi executado na frente da filha e de dois netos na Avenida Francisco Silveira Bitencourt, no bairro Sarandi, em Porto Alegre. Luís Fernando Linhares Machado foi morto a tiros por Fabiano Siqueira Batirola, conhecido como Fábio Alemão, no dia 26 de fevereiro. O assassinato foi gravado por câmeras de monitoramento, e as imagens divulgadas pela polícia.
 
Fábio Alemão e Jonata Rodrigues do Nascimento, o Chumbinho, foram presos no final da noite deste domingo em um sítio no Bairro Itacolomi, em Gravataí. A ação da 3ª DHPP tinha Fábio Alemão como principal alvo. Ele é investigado por sete homicídios e uma tentativa de homicídio. Os crimes teriam ocorrido no Bairro Sarandi, Zona Norte de Porto Alegre.

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De acordo com a investigação, a série de crimes teve início com o assassinato de Noemi Siqueira Batirola, mãe do Fábio Alemão. Ela foi assassinada em um bar no dia 21 de novembro do ano passado. O alvo dos matadores era o filho dela que, a partir daquele momento, deu início a uma violenta vingança.

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Na mesma noite, ele foi reconhecido por participação no assassinato de Rosângela Maria Colares, mãe do principal suspeito do crime que vitimou Noemi. Já em março deste ano, Rodrigo Colares Domingos, o Saci, foi executado a tiros. E novamente Fábio Alemão foi reconhecido pelo crime. Saci era apontado pela polícia como o principal suspeito da morte que deu início à vingança.
 
— Eles eram antigos parceiros de roubos e por algum motivo entraram em desavença. Nessa vingança, o Fábio Alemão não se limitou em eliminar quem matou a sua mãe. Foi atrás de todos que se relacionavam com o seu rival — diz o delegado João Paulo de Abreu.
 
Agora, a polícia trabalha para identificar quem dirigia o carro usado pelo matador naquele dia.
 
Denúncias anônimas podem ser feitas pelo 8608-9998.

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