4.14.2015

EUA expressam preocupação à Rússia por plano de entregar mísseis S-300 ao Irã

O secretário de Estado americano, John Kerry, expressou nesta segunda-feira sua preocupação ao ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, pela decisão de Moscou de fornecer sistemas de mísseis antiaéreos S-300 ao Irã, embora Washington não acredite que esse passo vá prejudicar o processo de negociações nucleares com Teerã.
A porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, disse em sua entrevista coletiva diária que Kerry "expôs as preocupações" dos Estados Unidos sobre o plano russo "em uma conversa telefônica com o ministro das Relações Exteriores (russo) Lavrov nesta manhã".
"Não achamos que seja construtivo neste momento que a Rússia siga adiante com isso (...). Dadas as ações desestabilizadoras do Irã na região, em lugares como Iêmen, Síria ou Líbano, este não é o momento de vender-lhes este tipo de sistemas", afirmou Harf.
A Rússia suspendeu hoje a proibição de provisão de sistemas de mísseis antiaéreos S-300 ao Irã, à espera que a ONU anule o embargo às exportações de armas ao regime iraniano.
Moscou exigirá o fim do embargo internacional de armas ao Irã uma vez que seja fechado, previsivelmente antes de 30 de junho, o acordo nuclear definitivo com a República Islâmica, segundo anunciou o vice-ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov.
No entanto, segundo Harf, os EUA não acreditam "que isto vá ter um impacto na unidade (das potências do Grupo 5+1) dentro das salas de negociação" com o Irã.
O Grupo 5+1 (formado por EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) alcançou no último dia 2 de abril, na cidade suíça de Lausanne, um princípio de pacto com o Irã sobre seu programa nuclear, com o objetivo de chegar a um acordo definitivo que deverá estar pronto antes de 1º de julho.
O decreto assinado hoje pelo presidente russo, Vladimir Putin, não faz referência à possibilidade de provisão imediata dos S-300 ao Irã, mas abre a porta a entregas deste armamento por via terrestre, marítima ou aérea, inclusive antes do fim do embargo da ONU.
Em 2010, o então presidente russo, Dmitri Medvedev, cancelou o contrato para a provisão dos S-300 ao Irã, mas fez isso "de maneira voluntária, para estimular um processo de negociação construtiva sobre o programa nuclear iraniano", segundo assegurou hoje Lavrov.
"Estamos convencidos que nesta etapa perdeu todo seu sentido a necessidade de um embargo desta natureza, em particular de um embargo russo separado, voluntário", explicou Lavrov.
Israel também criticou hoje a possível provisão ao Irã de sistemas S-300 russos, que consistem em uma avançada bateria antiaérea com um alto grau de efetividade em ataques por parte de aviões e mísseis inimigos.
Segundo Israel, esse tipo de sistema, colocado em torno das instalações nucleares iranianas, impedirá qualquer opção militar se fracassarem as negociações ou se o Irã decidir finalmente fabricar armas atômicas.
EFE   

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