Líderes estudantis reivindicam melhores condições
Giorgio Jackson, presidente da Feuc, diz que a preocupação dos estudantes é com a qualidade
Cecília Araújo, de Santiago
Chile: Giorgio Jackson é um dos líderes estudantis, ao lado de Camila Vallejo (Felipe Trueba/EFE)
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Entenda o caso
- • Em maio, estudantes chilenos tomaram as ruas do país para protestar contra a má qualidade do ensino - e as manifestações seguem ocorrendo quase que diariamente.
- • Entre as reivindicações, das quais recebem apoio da maioria da população, exigem principalmente educação gratuita.
- • Em resposta, o presidente, Sebastián Piñera, lançou um plano de reforma para o setor, que amplia bolsas de estudos e créditos a taxas baixas a alunos pobres, mas a proposta não foi bem recebida.
- • No dia 26 de agosto, os confrontos entre polícia e manifestantes causaram a primeira morte: um adolescente de 16 anos, que foi baleado durante a greve geral (quando centrais sindicais se uniram aos jovens).
Nesta quinta-feira, porém, outro líder estudantil, Giorgio Jackson, presidente da Federação de Estudantes da Universidade Católica (Feuc), tentou amenizar as reivindicações, sufocando um pouco o pedido de estatização total da educação - grande bandeira dos protestos até então - e defendendo que a preocupação maior agora é com o conteúdo ensinado. A fala atual contraria as próprias faixas e slogans do movimento, que pedem ensino gratuito a todos. "O que queremos é qualidade", resumiu, acusando as autoridades de fazerem uma "campanha de terror" contra as exigências deles.
Governo - Na véspera, Piñera foi categórico ao rejeitar qualquer projeto de estatização da educação, alegando ser "um atentado não só à qualidade do ensino, mas também à liberdade e à igualdade". Em discurso proferido durante um jantar da Sociedade Nacional de Mineração, o presidente afirmou ser a favor de um sistema misto, com projetos educativos diversificados. "Temos um desafio enorme para transformar o nosso sistema educacional, mas a solução não é padronizar a educação", enfatizou. Ele disse ainda que não acredita no monopólio da educação por parte do estado e adiantou que poderá fazer mudanças tributárias em favor da educação gratuita, ressalvando, porém, que seria injusto estender a medida a todos.
Mais cedo, sob o olhar vigilante dos líderes do movimento estudantil, o ministro da educação, Felipe Bulnes, não hesitou em defender no Senado o lucro no sistema escolar, outro dos principais temas de rechaço entre os estudantes. "Acreditamos em uma sociedade docente em que participe tanto o estado quanto o privado. Neste caso, é fundamental que intervenham na educação não apenas com motivos religiosos e de filantropia, mas também com espírito de empreendedorismo", reforçou. Mesmo assim, uma comissão de educação aprovou na primeira instância - com apenas um voto contra - um projeto que proíbe o lucro em instituições que também recebam o aporte público do estado. Esta foi a primeira proposta sobre o assunto a ser votado no Congresso, em uma sessão marcada por recriminações mútuas.
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