10.04.2011

ABORTO DE REPETIÇÃO TEM TRATAMENTO

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Aborto de repetição tem tratamento
Saiba tudo sobre este assunto!

Engravidar é o sonho de grande parte das mulheres. Mas, o sonho pode virar um pesadelo para quem sofre com um problema chamado aborto de repetição. Esta dificuldade atinge as mulheres em idade fértil e caracteriza-se pela perda recorrente do feto antes deste completar 12 semanas. Para quem sofre com isso, uma boa notícia. O aborto repetitivo pode ser tratado.
Segundo a ginecologista Emanuelli Alvarenga Silva, do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André, em São Paulo, o aborto de repetição tem causas genéticas, endócrinas, anatômicas, infecciosas, imunológicas, ambientais e até desconhecidas.
Ainda segundo a médica, é preciso realizar uma investigação, analisando alguns pontos, como quando foram os abortamentos e alterações no útero. Também é importante perceber que muitas mulheres podem ser assintomáticas durante a vida, mas em uma gravidez podem surgir problemas, além do desenvolvimento de algumas síndromes.
O problema surge, principalmente, em razão de doenças de causa autoimune, que acometem o sangue e produzem anticorpos contra o próprio organismo, levando ao entupimento dos vasos sanguíneos e a diversas manifestações como a trombose arterial ou venosa, podendo afetar quase todos os órgãos.
Tratamento
Durante a gestação, a mulher que sofre com o aborto de repetição precisará de um tratamento multidisciplinar. A médica explica que a imunidade da gestante deve ser diminuída para segurar o bebê. Também serão indicados medicamentos controladores da imunidade que elevam a taxa de sucesso da gravidez. Além disto, ela será orientada a ter uma alimentação saudável, abolir o tabagismo e frequentar as consultas de pré-natal.
As mulheres vítimas do problema devem ser acompanhadas de perto durante as semanas iniciais da gestação e, se for preciso, as consultas de pré-natal deverão ser mais constantes.
De acordo com a ginecologista, durante a vida fértil até dois abortos são considerados normais. “O aborto espontâneo costuma ser frequente. Mas, no aborto de repetição é preciso averiguar as possíveis causas e iniciar o tratamento logo no início da própria gestação”, explica a médica.
Sua Dieta

ABORTO DE REPETIÇÃO – Causas e Tratamentos

O aborto é definido como a perda de uma gestação até a 20a semana e peso menor que meio quilo. O aborto espontâneo normalmente incide em até 10% das gestações. Acredita-se que em até 85% dos casos deve-se a anomalias. A maioria dos abortos acontece no 1º trimestre da gravidez. Especialmente com o avanço da idade
materna, a perda de gestações se torna mais freqüente devido ao
envelhecimentodos óvulos, fator este que ocasiona uma maior incidência de alterações cromossômicas nos embriões.

No entanto, quando o aborto se torna recorrente é necessário investigar a causa e possíveis tratamentos. Os especialistas começam a considerar aborto recorrente a partir de 3 ocorrências. Quando a mulher tem acima de 35 anos é sugerido que já comece uma investigação com a ocorrência de 2 abortos, uma vez que o fator tempo
passa a ser primordial.


FATOR GENÉTICO

Geralmente por anomalias incompatíveis com a vida. Estas podem acontecer aleatoriamente ou devido a alterações herdadas dos pais. As anomalias aleatórias tendem a se enquadrar no percentual de abortos da população, enquanto que as alterações cromossômicas hereditárias tendem a se repetir diversas vezes.

- TRATAMENTO: O material de qualquer aborto deverá ser enviado para análise a fim de detectar a possível causa. Um estudo do cariótipo dos pais pode detectar se estes portam alterações genéticas. Trata-se de uma situação delicada, uma vez que não existe tratamento para anomalias. Um geneticista pode avaliar quais as chances
do casal conseguir um embrião saudável.
Atualmente é possível através do Diagnóstico Genético Pré-Implantancional (PGD) durante um processo de fertilização in vitro a seleção de embriões saudáveis. O método mais comum é através da extração de uma célula do embrião para biópsia nos primeiros dias,
antes da transferência para o útero materno. Desta forma pode-se evitar, com boa chance de acerto, que embriões com anomalias sejam
implantados.

Outra causa descoberta recentemente é a fragmentação do DNA do espermatozóide. Na tentativa de melhorar este quadro tem sido administradas vitaminas antioxidantes e ácido fólico. Outra alternativa é durante um processo de fertilização in vitro ser realizada biópsia testicular onde podem se encontrar espermatozóides
com menor fragmentação.


FATOR UTERINO

Malformações do útero podem prejudicar o progresso da gravidez, podemos citar o útero didelfo (dois úteros formados por dois cornos uterinos e dois colos), o útero bicorno (dois corpos uterinos em um só colo), o útero unicorno (com apenas um corno) e o útero septado (com uma fenda na cavidade uterina). A incompetência
istmo-cervical pode ser de origem hereditária ou adquirida levando também
a perda da gestação. Da mesma forma, miomas, pólipos e aderências podem se relacionar com abortos. Entretanto, uma parcela considerável de mulheres com alterações anatômicas consegue chegar a termo na gestação.

- TRATAMENTO: É indicado principalmente a realização do exame de histeroscopia para um diagnóstico mais preciso da causa anatômica. Outros exames diagnósticos são a histerosalpingografia e a ultrassonografia.
No caso de útero septado é possível à cirurgia histeroscópica para remoção do septo. O tratamento para miomas pode ser realizado por remoção, através de medicamentos ou ambas ações, de acordo com cada caso. As aderências são geralmente resolvidas com histeroscopia cirúrgica. Para
incompetência istmo-cervical tem sido utilizada a cerclagem. O médico especialista avaliará cada situação.


FATOR HORMONAL

A mais conhecida é a insuficiência luteínica, baixa produção de progesterona na fase pós-ovulatória e primeiras semanas de gestação. O tratamento é com a reposição de progesterona natural até 16 semanas de gestação.
Tanto doenças da tireóide quanto diabete melitu se relacionam com aborto de repetição, se estiverem fora de controle. A incidência de abortos também é mais elevada em mulheres com Síndrome do Ovário Policístico. A hiperprolactinemia (prolactina alta) se estiver fora de controle também é um fator prejudicial
à fase inicial de implantação do embrião, uma vez que diminui a produção de hormônios
da fase pós-ovulatória do ciclo menstrual.

- TRATAMENTO: Específico para cada caso.


FATOR IMUNOLÓGICO

A Aloimunidade: O embrião é formado por características genéticas do pai e da mãe. Quanto maior a compatibilidade genética do casal, maiores as chances do corpo materno não reconhecer o feto como tal e iniciar uma reação imunológica.

- TRATAMENTO: Através da prova cruzada do casal, o Crossmatch, há como se avaliar se o corpo materno já produziu o anticorpo bloqueador necessário. Caso negativo o tratamento é feito com injeções de linfócitos do pai.

A Autoimunidade: Atividade elevada das células de defesa Natural Killer, do fator anti-núcleo, dos anticorpos Anti-peroxidase tireoideana (TPO) e Anti-tireoglobulina entre outros.

- TRATAMENTO: Para Natural Killer com atividade aumentada se usa vacinas com linfócitos do pai e imunoglobulina humana. Para as demais causas se utiliza a prednisona. No caso de alterações do anticorpo TPO e anti-tireoglobulina deve-se também investigar problemas na tireóide.



FATOR HEMATOLÓGICO

Problemas de coagulação, as trombofilias, tem uma relação com aborto e problemas durante a gestação como pré-eclampsia e óbito fetal. Estas se dividem em hereditárias e adquiridas.
Entre as hereditárias encontram-se as causadas pela deficiência de proteína C, deficiência de proteína S, mutação da antitrombina III, Fator V de Leiden, mutação no Gen da Protrombina e a homocisteína (causada por algumas combinações das mutações na enzima da MTHFR).
Entre as causas adquiridas encontra-se a Síndrome Antifosfolípide (que também pode ser entendida com um fator imunológico), caracterizada pela presença dos anticorpos antifosfolípides em conjunto com ocorrência de abortos de repetição ou trombose. Dentre estes anticorpos, os mais estudados são a anticardiolipina e o
anticoagulante lúpico.

- TRATAMENTO: Geralmente é realizado com anticoagulantes. É importante o acompanhamento de um especialista.

Outra causa é a eritroblastose fetal. Doença causada pela reação imunológica do sangue da mulher RH- contra um feto R+, caso a mesma tenha entrado previamente em contato com sangue RH+ sem ter tomado a vacina imunoglobulina anti-RH nas primeiras 72 horas. A investigação é feita através do Teste de Combs. Em caso de resultado
positivo, a gravidez necessitará de um acompanhamento especial.


FATOR BACTERIOLÓGICO E DEMAIS INFECÇOES

As mais comuns são as causadas por clamídia, micoplasma e ureaplasma. A tuberculose genital, embora causa menos comum, também pode estar relacionada a perdas de gestação. A toxoplasmose, a brucelose entre outras também podem se associar a aborto.

- TRATAMENTO: O tratamento é realizado com antibióticos apropriados. Algumas infecções como a clamídia e a tuberculose genital podem causar danos especialmente nas trompas, necessitando de maior investigação e tratamento específico no caso de infertilidade.


OUTROS FATORES

A radiação é um fator conhecido de aborto. Há indícios de que o café, o álcool e o cigarro se associem com uma maior incidência de abortos.
Entretanto ainda existe um campo a ser explorado pela medicina a fim de encontrar resposta para casos desconhecidos.


BIBLIOGRAFIA:

O que é Aborto Recorrente, Habitual ou de Repetição?
Ricardo Barini

Abortamento de Repetição
Joji Ueno

Diagnóstico Genético Pré-Implantacional
Roger Abdelmassih

Histeroscopia nas Anomalias Uterinas
Rosally Rulli Costa, Joaquim Roberto Costa Lopes

Reprodução Assistida
J. G. Franco Junior, Ricardo L. R. Baruffi, Ana Lúcia Mauri, Cláudia G. Petersen

Imunologia da Reprodução
Ricardo Barini, Eagle Couto, Joanne Y. H. Kwak-Kin, Alan E. Beer

O papel do complexo principal de histocompatibilidade na fisiologia da gravidez e na patogênese de complicações obstétricas
Crésio Alves; Sâmia Veiga; Maria Betânia P. Toralles; Antônio Carlos Vieira Lopes

O que é Trombofilia?
Ricardo Barini

Síndrome Antifosfolípide
Jesus Rodriguez Santamaría, Daniela Badziak, Michelle Ferreira de Barros, Fernando Luiz Mandelli, Leila Cristina Cavalin, Maurício Shigueru Sato

Síndrome dos anticorpos antifosfolípides (SAAFLS): anticoagulante lúpico (AL) e/ou anticorpo anticardiolipina (ACL)
Maria José Nogueira Diógenes, José Ibiapina Siqueira Neto, Carlos da Costa Ribeiro Neto, Rosângela Ribeiro A. Holanda

O que é a Síndrome Antifosfolípide?
Ricardo Barini

As causas do aborto repetitivo
Carla Oliveira

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