Presidenta Dilma diz que ausência de regulação causou nova crise econômica
BRUXELAS - A presidenta Dilma Rousseff disse ontem que a ausência de uma regulação eficaz do sistema financeiro é a origem da nova crise econômica mundial, em particular na Europa. A afirmação de Dilma ocorreu durante declaração à imprensa, ao lado do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. Dilma observou que o mundo assiste à segunda fase da crise e que a política de socorro às instituições financeiras, ocorrida em 2008, levou a um elevado endividamento público na maioria dos países desenvolvidos.
- Estamos agora diante do aumento do risco soberano. Acredito que é fundamental a coordenação política entre os países para fazer face a este momento internacional. A história nos mostra que a saída da crise somente virá pelo estímulo ao crescimento econômico, estabilidades macroeconômicas, conjugados a políticas sociais de geração de renda e emprego - receitou, numa declaração semelhante feita no dia anterior diante do primeiro-ministro belga, Yves Leterme.
- Não faz sentido a adoção só a adoção de ajustes recessivos. É necessário que se faça e se tome medidas macroeconômicas e, ao mesmo tempo, que se busque o combate firme ao desemprego para que as populações não percam a esperança no futuro - ressaltou.
Dilma voltou a lembrar da experiência latinoamericana nas décadas de 80 e 90, quando a região sofreu com a recessão. A recessão traz como resultado a regressão produtiva, o aumento do desemprego e das desigualdades sociais. Para a presidenta Dilma, somente o estímulo ao crescimento econômico é capaz de gerar recursos para o pagamento das dívidas e para o equilíbrio das finanças públicas.
- Nossa região, que foi durante mais de 20 anos, sinônimo de crise, hoje é uma das que mais crescem no mundo - afirmou.
A presidenta Dilma criticou a dificuldade de construir consensos políticos. Para ela, isso só acentua os problemas. Dilma disse que o Brasil está pronto para assumir suas responsabilidades de forma cooperativa. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, há 15 disse que os países emergentes poderiam ajudar a Europa a encontrar saídas para a crise.
- Somos parceiros da União Europeia. Podem contar com o Brasil - discursou a presidenta Dilma, afirmando que os países da América do Sul também querem contribuir para ajudar a Europa.
Durão Barroso foi elogioso à atuação do Brasil.
- Penso que é hora de pensar em passarmos de parceria estratégica para cumplicidade estratégica.
O presidente da Comissão Europeia disse que é preciso reforçar o diálogo político entre a União Europeia e o Brasil abrindo novas áreas comuns. No entanto, uma das aspirações brasileiras, de evoluir num tratado de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, tema que está na pauta desde 2007, acabou apenas como uma menção de boa vontade na continuidade dos diálogos.
- Um acordo entre União Europeia e Mercosul poderá ter grandes ganhos político-econômicos para nossas regiões - afirmou, lembrando que o Mercosul é o destino de mais investimentos europeus do que outros países como China, Rússia e Índia juntos.
Herman Van Rompuy disse esperar que o plano de trabalho entre UE e Brasil para os próximos três anos possa redundar em parcerias em questões econômicas e comerciais. Ele também disse que o Brasil é um parceiro importante para a União Europeia.
Chico de Gois (chico.gois@bsb.oglobo.com.br)
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