A hipertensão - que mesmo sem dar sinal ataca as artérias -, o excesso de açúcar - que leva ao diabetes - e o aumento de gorduras no sangue além de 200 mg/dL são os maiores vilões do coração. No Brasil, o número de hipertensos tem aumentado nas últimas décadas. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, pelo menos 50% das pessoas acima de 65 anos têm pressão alta, mal que já atinge 5% das crianças e dos adolescentes. A doença é responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal grave.
E ter acesso à informação ajuda a prevenir. Quanto menos anos de estudo, maior o risco de adoecer, de acordo com a pesquisa "Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico" (Vigitel), realizada em parceria com a USP e publicada este ano. A pressão alta atinge 30% dos indivíduos com zero a 8 anos de escolaridade, contra 15,3% daqueles que dizem ter estudado entre 9 e 11 anos. Ainda afeta 16,2% com 12 ou mais anos de ensino regular. Essa diferença aumenta quando a comparação leva em conta o sexo. Pelo menos 34% das entrevistadas com menor escolaridade tinham hipertensão em 2010, contra 13% entre as mulheres com 12 ou mais anos de estudo.
No Rio, 29,2% são hipertensos. No caso das mulheres, este índice alcança 33,9%, e nos homens, 23,6%. Para piorar a situação, segundo o Ministério da Saúde, 52% dos moradores do Rio acima de 18 anos estão acima do peso, e 16% obesos, um dos principais fatores para hipertensão, doença que pode se tornar resistente, mesmo tomando mais de um medicamento.
- Há 30 anos, a pressão alta resistente afetava entre 1% e 3% dos hipertensos; hoje, entre 15% e 17% deles têm hipertensão de difícil controle - diz João Mansur Filho, chefe do serviço de Hipertensão do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. - Nos últimos 20 anos esse índice piorou.
Além de medir a pressão arterial periodicamente com o médico e seguir à risca suas recomendações, praticar exercícios e controlar o estresse, é preciso reduzir ao máximo o consumo de sal. Vale a pena investir em frutas, legumes, hortaliças, cereais integrais e castanhas para cuidar do coração, ensina a nutricionista Jacqueline Farret, do hospital Pró-Cardíaco.
- Quanto mais colorida mais saudável será sua alimentação - ensina Jacqueline.
Algumas verduras ou legumes podem ser cozidos com o arroz, como, por exemplo, brócolis, agrião, tomate; com alguma carne (agrião ou cenoura) ou acrescentados à farofa (couve ou cenoura), diz Jacqueline. Já as frutas frescas ou secas são boas opções em lanches e reuniões de trabalho. E ficam saborosas com iogurte, sementes torradas (como de abóbora e girassol) e cereais, como granola e aveia.
- Prefira o leite desnatado ao integral, use queijos magros e derivados do leite com teor reduzido de gordura. Tente comer peixes, principalmente os ricos em ômega 3, como sardinha, atum e salmão, duas a três vezes por semana - sugere Jacqueline.
E procure se mexer. Caminhar 30 minutos por dia, cinco vezes por semana, é uma atividade simples que colabora na redução de 50% dos riscos de sofrer um infarto, diz Ricardo Vivácqua, diretor técnico do Serviço de Medicina do Exercício do Hospital Pró-Cardíaco.
- Uma forma de avaliar a caminhada é manter a marcha numa intensidade que lhe permita permanecer falando. Desta forma, você reduzirá os níveis de glicose e triglicerídeos no sangue, assim como a pressão arterial - explica o médico. - Antes de qualquer atividade física, é preciso passar por avaliação clínica/cardiológica, incluindo teste ergométrico e ecocardiograma.
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