12.30.2013

Buscar muita informação sobre uma tragédia pode ser pior do que vivê-la

Stress

Segundo pesquisa, stress após atentado na maratona de Boston foi maior entre pessoas que passavam mais de seis horas por dia atrás de informações sobre o ataque do que entre aquelas que o presenciaram

Mulher em homenagem às vítimas do ataque durante a maratona de Boston, em abril deste ano
Mulher em homenagem às vítimas do ataque durante a maratona de Boston, em abril deste ano (Robert F. Bukaty/AP)
Um novo estudo sugere que passar muitas horas atrás de informações sobre uma tragédia deixa uma pessoa mais traumatizada do que se ela tivesse presenciado o acontecimento. A pesquisa, publicada nesta terça-feira na revista PNAS, avaliou o impacto psicológico da exposição repetida à violência no ataque à maratona de Boston, em abril deste ano, que deixou três mortos e mais de 260 feridos, muitos deles mutilados.
De acordo com os autores do trabalho, os veículos de comunicação não mostraram imagens de pessoas que perderam algum membro na explosão das bombas. Mesmo assim, essas imagens circularam em redes sociais.
O estudo, feito na Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos, avaliou 4 675 americanos de duas a quatro semanas após o ataque de Boston. Os autores perguntaram aos participantes quanto tempo dedicaram a algum meio de comunicação (internet, televisão, jornal, rádio ou redes sociais) na semana seguinte ao atentado. Os voluntários também foram avaliados em relação a seus níveis de stress.
Em média, os entrevistados passavam quase cinco horas por dia em algum veículo de comunicação – principalmente em redes sociais, assistindo vídeos sobre os ataques, lendo reportagens e vendo o noticiário da televisão.
Stress agudo — Os níveis de stress foram mais elevados entre pessoas que estavam na maratona ou que conheciam alguém que presenciou o ataque. O trauma, porém, foi maior entre indivíduos que não estavam na prova, mas dedicaram mais de seis horas diárias à procura de notícias, imagens, vídeos e outras informações sobre o atentado.
O estudo ainda mostrou que pessoas que passaram mais de seis horas por dia em busca de informações sobre a tragédia foram até nove vezes mais propensas a apresentar stress agudo do que quem passou uma hora e meia diante dessas notícias. De acordo com Roxane Cohen Silver, uma das autoras da pesquisa, uma reação aguda de stress após uma situação como a tragédia de Boston inclui sintomas como pensamentos repetitivos, flashbacks ou tentativas mal sucedidas de evitar a lembrança de um acontecimento.
"Não é que a exposição direta não tenha sido importante, mas, mais do que ter estado lá, a exposição aos meios de comunicação foi o principal indicador de reação aguda ao stress", diz Roxane.
(Com AFP)

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