Amendoim ajuda a perder peso, afasta o risco de doenças cardiovasculares e pode até incendiar a libido. Descubra os segredos do petisco
Reportagem: Hilda Sabino | Fotos: Alex Silva
Seja para acompanhar a cerveja ou no pé de moleque, o amendoim é uma preferência nacional: 75% dos brasileiros costumam comer a leguminosa (sim, ele é um parente do feijão e da soja). Apesar disso, 63% dos entrevistados do Ibope para uma pesquisa encomendada pela Abicab, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados desconhecem as propriedades nutricionais da semente e 12% acreditam que ela é constituída apenas de gordura e colesterol ruim.
Embora bastante calórico, o
amendoim é um aliado da boa forma. Um de seus principais predicados é
promover a sensação de barriga cheia. "Ele precisa ser muito mastigado, o
que ativa o centro cerebral que controla nossa saciedade e faz com que a
fome demore mais para aparecer", explica a nutricionista Vanderlí
Marchiori, de São Paulo. Além disso, é fonte de fibras, que demoram mais
tempo para ser digeridas, prolongando esse efeito.
Defensores do amendoim
Para
dar um basta definitivo à má fama que ronda o petisco, pesquisadores da
Universidade Federal do Espírito Santo observaram ratos que o consumiam
regularmente e chegaram a duas conclusões importantes: mesmo sem
restrição de calorias, o amendoim ajudou a controlar o peso dos animais e
"até quando o amendoim é bem triturado pelos dentes, nem todas as
moléculas de gordura são quebradas", observa a pesquisadora Neuza Maria
Brunoro Costa, que liderou a investigação
Outro
trabalho, dessa vez da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais,
revelou que o amendoim dá uma acelerada de 11% no metabolismo - pelo
menos no dos roedores analisados. Em seres humanos, a pesquisadora
Sandra Bragança Coelho, autora da investigação, constatou que indivíduos
com peso normal deixavam de beliscar a torto e a direito depois de se
deliciarem com amendoim. No entanto, esse fenômeno não se repetiu entre
os obesos, que devoravam a leguminosa sem excluir itens pró-pneus do
cardápio. "O ideal é substituir fontes de gorduras saturadas, como os
embutidos, por ela", adverte. Daí, vale o alerta: é preciso ter
autocontrole para não fugir da recomendação de 30 gramas diários, o
equivalente a uma mão fechada. Do contrário, o auxílio vira sabotagem.
Além
da mãozinha na hora de emagrecer, o amendoim também é um protetor do
coração. Isso porque contém nutrientes fundamentais para diminuir o
colesterol LDL, a faceta ruim da molécula, e manter as artérias sempre
saudáveis, afastando o risco de doenças cardiovasculares. É o caso dos
fitoesteróis, substâncias que competem com o LDL na hora em que ele
gruda em células específicas para ser assimilado. "Os fitoesteróis
enganam o organismo, tomando o lugar do mau colesterol e favorecendo sua
eliminação", esclarece a pesquisadora Neuza Maria Brunoro Costa.
Outro
defensor do peito encontrado aos montes no amendoim é o resveratrol,
aquele corante natural que também dá pinta em uvas e cebolas roxas. Por
ser um poderoso antioxidante, ele age impedindo que o colesterol LDL
forme placas enrijecidas nas artérias, a gênese da aterosclerose, um
entupimento generalizado que abre caminho para a ocorrência de um
infarto.
Um trunfo pouco estudado desse primo do
feijão é a presença da arginina, um aminoácido que, dentro do corpo, se
transforma em óxido nítrico. "Ele relaxa as artérias, o que aumenta o
fluxo sanguíneo e diminui a pressão arterial", ensina o nutrólogo José
Alves Lara Neto, da Associação Brasileira de Nutrologia. E, como toda
oleaginosa, o amendoim é fonte de ácidos graxos monoinsaturados, as
gorduras do bem - incluindo o ômega-3. "Ele ainda fornece grandes
quantidades de potássio, magnésio e vitamina E", elenca Lara. Por falar
nesses dois últimos nutrientes, trata-se de uma dupla essencial para
deixar o cérebro funcionando nos trinques. Já o potássio é célebre por
evitar cãibras e fortalecer os ossos. Tudo isso é, sem dúvida, um prato
cheio para a sua saúde.
O jeito certo de consumir
Apesar
de tão nutritivo, nessa altura já está claro que não pode ser saboreado
aos montes. Até porque algumas versões industrializadas, aquelas
coloridas e com cascas bonitas, têm sódio a rodo. Essas pitadas a mais
do ingrediente fazem o risco de doenças cardiovasculares, como a pressão
alta, disparar. É importante também se atentar à quantidade. Para fugir
das armadilhas, a nutricionista ensina uma dica: torrá-lo em casa.
Se
optar pelo industrializado, procure marcas com o selo da Fundação Pró-
Amendoim, que fiscaliza todas as etapas de produção do tira-gosto,
atestando sua boa procedência. É que a aflatoxina, uma substância
maligna presente em um fungo, pode dar as caras se o amendoim teve
problemas na armazenagem ou empacotamento. "Ela então se aloja na
casquinha e produz sérios danos ao fígado", adverte Sandra Bragança
Coelho. Mas, com cuidado na hora da compra, é possível incluir essa
delícia no cardápio numa boa.
Atenção à mesa
Nem todas as formas de consumo do amendoim freiam o ponteiro da balança. Conheça as mais populares e acerte na hora da compra:
Torrado: ele preserva todos os nutrientes da leguminosa.
Paçoca: na versão tradicional, o açúcar vem em excesso.
In natura: liberado! Sua casca vermelha é nutritiva.
Pé de moleque: o caramelo é uma doce armadilha para a dieta.
Japonês: o alto teor de sódio é seu ponto fraco.
Um verdadeiro afrodisíaco
A
sabedoria popular já dizia e a ciência comprova: o amendoim turbina,
sim, a libido. O segredo de seu sucesso está na grande oferta de zinco,
nutriente vital para o cérebro. "Quando estamos sob estresse, nossos
neurônios gastam mais zinco do que o previsto. Daí, sobra pouco para a
produção dos hormônios sexuais, o que derruba o desejo", explica a
nutricionista Vanderlí Marchiori. A ajuda vale para ambos os sexos, mas
atenção: não adianta comer minutos antes do bem-bom. "Esse efeito só
pode ser observado com o consumo frequente da leguminosa", completa ela.
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