1.02.2014

O Sol e a Visão



Imagem de um olho

Luz Ultravioleta. Soa bonito. Envelhecimento precoce: feio. Câncer de pele. Muito pior. O que têm estas palavras em comum? O sol. Acho que todo mundo sabe desta correlação, mas nem todos se preocupam com ela.
Ninguém quer ficar muito tempo longe do sol. Ninguém gosta de ter um céu sempre nublado. Há os que se sentem deprimidos quando os dias passam assim. Todos aplaudem o verão. O brasileiro especialmente tem o seu lado tropical na alma. Aliás, todos os homens em todos os tempos veneraram o sol que, para alguns povos, era deus. O sol responsável pela vida na terra faz, com sua luz visível, crescer as plantas, crescer os fitoplanctos no mar. E com isto produzir vida vegetal, oxigênio, alimentos e, por conseqüência, vida animal. Estamos aqui só por causa do sol. Por causa do sol, ficam os astrônomos a procura de outros planetas – um corpo celeste girando em torno de uma estrela – porque seria num outro lugar assim que poderia existir vida. Vida – este misterioso, maravilhoso, raro, senão único acontecimento em milhões de galáxias, não necessariamente explicado pela crença em deuses, mas com certeza pela crença nos fenômenos estelares.

Neste ponto é até simples: as estrelas são magníficas usinas de energia e matéria resultantes de um fenômeno bem conhecido – a fusão nuclear. Nelas formam-se elementos maiores, mais pesados, a partir do elemento mais simples da natureza, um gás levíssimo – o hidrogênio cujo nome lhe foi dado porque gera água ao se combinar com o oxigênio. Muito bem, é a fusão nuclear que cria os pesados e complexos elementos como carbono, ferro, oxigênio e tantos outros, imprescindíveis à vida que, ao se combinarem, resultam moléculas simples mas essenciais como a água e bilhões de outras e, por obra dos seres vivos, moléculas complexas como os carboidratos, gorduras, proteínas.

Quizemos dizer tudo isto apenas para voltarmos ao sol, para lembrarmo-nos, poética e efetivamente, que somos, em última análise, o produto de fornos estelares! O resultado da luz e da fusão nuclear no sol e de talvez de outros distantes sóis.

Pois bem, o sol criador de matéria da vida e fonte da maravilhosa luz visível, aquela que obviamente nos faz ver, luz que é fundamental para o estímulo ao nosso sistema imunológico e para a resistência dos ossos - tem também perigosas e invisíveis luzes – a infravermelha – que causa queimaduras e a ultravioleta que dá câncer de pele e envelhece. Elas estão presentes, inclusive, nos dias nublados, e em algumas luzes artificiais como as das lâmpadas fluorescentes.

E nos olhos?

Foto de mulher com óculos protetores especiais
- A luz ultravioleta pode causar degeneração macular, doença da parte mais importante da retina (aquela responsável pela visão de detalhes e de cores), que não tem tratamento efetivo e, lesão nas lentes oculares:

- Na córnea a exposição inadequada ao sol provoca-nos uma afecção muito desconfortável e comum, com sensação de areia, olhos vermelhos e intolerantes à luz - irritados, como se diz. E também o pterígio, aquela membrana avermelhada, feia, que sai do canto do olho, começa a cobrir a córnea e causa distorção importante nesta refinada lente.

- No cristalino o prejuízo é maior: catarata – a nossa magnífica lente intra-ocular perde, com a prolongada exposição à luz ultravioleta, o seu caráter mais peculiar e que lhe deu o seu bonito nome e se torna manchado, às vezes opaco e é a maior causa de cegueira no mundo (reversível, com cirurgia). Está comprovado que a incidência de catarata é seis vezes maior nas pessoas expostas sem proteção à luz ultravioleta.

Usemos pois, proteção solar: filtros para pele, chapéu, boné, óculos de sol. Entretanto, nem todos os óculos escuros têm filtro antiluz ultravioleta (filtro 100% UV). É perigoso comprar quaisquer óculos escuros (desses vendidos na rua, em particular) porque se eles não têm a camada filtrante Anti-UV, seria menos prejudicial se expor à luz com os olhos nus porque, ao se fecharem as pupilas, diante do ambiente claro, estará introduzida uma proteção natural que minimiza a quantidade de luz UV que atinge o interior dos olhos.

Se o uso de óculos solares é corriqueiro, seja pelo conforto e proteção que oferecem, seja por uma questão fashion (como gostam de falar os deslumbrados com estrangeirismos), não nos esqueçamos jamais de proteger também os olhos das crianças, muito mais sensíveis à luz UV do que os adultos, por dois motivos: o cristalino nas crianças filtra menos essas radiações e elas estarão naturalmente muito mais tempo expostas aos seus efeitos deletérios cumulativos.

Por fim uma questão crucial: como saber se determinados óculos têm realmente um bloqueio UV? É evidente que uma etiquetazinha pregada na lente não garante nada e, infelizmente, óticas conhecidas e marcas de renome não asseguram esta qualidade.

Um equipamento que mede o percentual filtrante de uma lente e de qual radiação, que seria ideal para o comerciante de óculos é o espectro-radiômetro. Mas como isto é raro no Brasil, a gente acaba se conformando com a apenas subjetiva sensação de conforto e proteção que lentes de qualidade oferecem. E com a ausência de sinais clínicos oftalmológicos de foto-agressão.

Mas como é que se pode ficar com a cor que só o sol nos dá? Acho que você está querendo lembrar-se da palavra que vem de um costume tão velho quanto o uso daquela liga metálica que, antes do alumínio, do aço inoxidável, do titânio e do plástico estava em todos os objetos e que desde aquele tempo empresta seu nome para definir uma bela cor humana – o bronze. Infelizmente, meus amigos, bronzeado não é mais fashion.



Colaboração: Jussara Dutra Izac
Fonte: Clínica de Olhos Matta Machado
(61) 3577.4743 - 3368-6501 - 9555-4787
Brasília - DF

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