7.12.2011

Infidelidade ou traição

"Os homens não foram feitos para ser monógamos."
A frase é do americano Dan Savage, 46, colunista de sexo e relacionamentos do jornal "The Stranger", de Seattle. Sua opinião foi o centro da reportagem da penúltima edição da revista dominical do "New York Times".
Ao longo da semana passada, essa capa sobre infidelidade se manteve entre as mais enviadas no site do jornal e rendeu 600 comentários de leitores -a maioria enfurecida com as investidas contra os votos do matrimônio.
Só se fala de traição, lá, como aqui. Dos tuítes do congressista Anthony Weiner ao divórcio do ex-governador Schwarzenegger, passando, no Brasil, por novos sites "especializados" em traição e o programa "Traidores", que está bombando no canal a cabo Discovery Home & Health.
E o que pensa Savage, exatamente? Que algumas pessoas precisam de mais de um parceiro sexual, e que o discurso sobre a monogamia é desonesto. Sua proposta: um acordo aberto entre o casal, permitindo pequenas traições, para salvar a relação.
"Os homens sempre tiveram amantes e prostitutas, até decidirem que o casamento tinha que ser igualitário", afirmou à revista.
O texto repercutiu até entre teóricos. "O sacrifício que cada um faz em uma relação monogâmica é o que dá sentido a ela", disse Mark D. White, professor de filosofia e ciências políticas da City University de Nova York. Segundo ele, se não há mais satisfação com o parceiro, a união deve ser rompida.
A historiadora Stephanie Coontz, autora de "Marriage, a History" (casamento, uma história), também "xoxou" a ideia de Savage: "Difícil imaginar que um casal vá aderir a isso, confiante de que os casos não vão se tornar ameaçadores ou permanentes", disse, em entrevista ao site de notícias Salon.
Por aqui, a terapeuta de casais Lidia Aratangy con­corda."Casamento aberto não dá certo. O acordo nunca é simétrico, deixa de fora quem não tem condições ou vontade de achar um amante."
Folha

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