A próxima temporada não foge à regra. "Sempre optamos por cores mais fechadas no frio, como o loiro avelã, o chocolate e o mel", diz o cabeleireiro Paulo Cesar Schettini, do salão MG Hair, em São Paulo. A exceção, na paleta de tendências invernais, é o loiro acinzentado, que pode ser claríssimo ou levemente dourado.
Mas nada de cabelo monocromático. "A ideia nunca é ter um cabelo compacto, com uma só cor por igual. As técnicas de luzes continuam, mas no inverno elas são muito mais sutis, com um resultado mais natural", afirma Schettini.
O cabeleireiro Claus Borges, do salão 1838, em São Paulo, concorda: "As mechas são fininhas, feitas com pinceladas diagonais, para dar um reflexo apenas". As cores vão do loiro claro aos castanhos, passando pelo ruivo brilhante, pelo chocolate e pelo loiro avelã. Todas iluminadas com mechas finas com, no máximo, três tons de diferença.
ASSIMETRIA E LUZ
Carlos Cecconello/Folhapress | ||
Assimetria e luz |
UNIFORMIDADE LOIRA
Carlos Cecconello/Folhapress | ||
Uniformidade loira |
CABEÇA DE DIVA
Carlos Cecconello/Folhapress | ||
Cabeça de diva |
CACHOS DE COBRE
Carlos Cecconello/Folhapress | ||
Cachos de cobre |
As brasileiras vão no mínimo uma vez ao ano pintar o cabelo em salão. Passam por esse ritual 79% delas, segundo um estudo da L'Oréal feito em 2010.
Um levantamento realizado pelo "hairstylist" britânico Andrew Collinge, um dos mais importantes no segmento, mostrou que as inglesas passam em média por 104 mudanças de looks entre os 13 e os 65 anos.
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Mudança de estação é boa desculpa para renovar o visual |
O aumento no poder aquisitivo das mulheres, inclusive das classes C e D, e uma liberdade cada vez maior para usar cores diferentes são algumas explicações para a corrida aos salões.
Se antes as brasileiras queriam sempre um look mais natural e procuravam só "cobrir os branquinhos", hoje, assumiram a cor e o artificial em seu arsenal de beleza. Tanto é assim que tonalidades de loiro empatam com diferentes nuances de castanho na preferência nacional.
SER E ESTAR
"A mulher trocou o ser pelo estar. É morena, mas pode estar ruiva ou loira. Pode estar de cabelo liso ou cheia de cachos. Pode, até, estar com os cabelos brancos. Ela se apropriou dos estereótipos, que hoje trabalham para a mulher, não mais o inverso", diz Isabella Anchieta, pesquisadora e doutoranda em sociologia da USP.
Sua tese de mestrado foi toda dedicada à relação das mulheres com sua imagem. "Hoje, a cor ou o corte não estão mais marcados para uma faixa etária específica. Se até há alguns anos era inadequado uma mulher mais velha ter cabelos compridos, hoje isso é perfeitamente aceitável. O cabelo da brasileira simboliza hoje sua liberdade de 'estar' como quiser por determinado período."
Segundo Isabella, o cabelo esteve sempre relacionado ao controle do homem sobre a natureza e o selvagem.
"Cobrir o cabelo com peruca era símbolo de nossa supremacia sobre a natureza. Hoje, ainda usamos o cabelo para projetar uma imagem, mas escolhemos o que queremos projetar e mudamos conforme nossa vontade."
Há um movimento claro de democratização da beleza, analisa Juliana Avi, gerente de marketing de desenvolvimento da divisão de produtos profissionais da L'Oréal. Citando a mesma pesquisa da marca, ela diz que entre as mulheres que fazem coloração, 70% declaram que o fazem principalmente para mudar a cor dos cabelos, enquanto 30% o fazem para cobrir os brancos.
Mesmo assim, 64% das brasileiras dizem usar sempre a mesma tonalidade nos cabelos. Poucas mudam radicalmente o visual.
Celso Kamura, o "primeiro-cabeleireiro" (responsável pela mudança nos cabelos da presidente Dilma Rousseff), tem uma experiência um pouco diferente.
"Minhas clientes têm pelo menos dois looks durante o ano, um de inverno e um de verão. Tenho clientes que passam por transformações grandes duas ou três vezes ao ano. A gente faz pelo menos 80 tratamentos (coloração e corte) por mês", diz ele.
Kamura acredita que a brasileira se libertou das cores mais básicas, e as mais novas aderiram à cor, ou à total ausência dela.
Paula Reboredo, fashionista e dona do brechó B. Luxo, é uma radical do próprio estilo. "Ou tenho cabelos muito escuros ou completamente descoloridos. Estou natural, mas é porque meu cabelo está crescendo. Passei máquina três nele e aí mantive a cor, mas fui mudando o corte enquanto ele crescia. Já estou enjoando, vou mudar novamente", diz.
"O cabelo da brasileira é um capítulo à parte. É muito importante para ela. Essa consumidora mudou muito dos anos 90 para cá. Ela tem acesso a muito mais coisas e de maneira mais rápida. A brasileira tem inovado e experimentado mais", diz Denise Figueiredo, diretora de unidade de negócios da Natura. Para ela, a moda é uma das principais responsáveis pela maior ousadia nos estilos e nas cores de cabelos.
Mudar o visual, claro, também é uma maneira de ritualizar transformações interiores. Diz a psicóloga e neuropsicóloga Marília Salgado Paulino da Costa, que atua no Instituto de Psiquiatria do HC da USP: "Pode ser sinal de que realizamos uma mudança profunda ou estamos por fazê-la. Mas, em caso de pessoas que mudam muito o visual, não quer dizer que elas estão se transformando o tempo todo. Pode ser simplesmente um prazer".
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Carlos Cecconello/Folhapress | ||
A figurinista Julyana Medeiros, 27, antes (à esquerda) e depois. |
A figurinista Julyana Medeiros, 27, queria ficar com a cor igual à da atriz Deborah Secco. Já havia tentado três vezes, sem sucesso. Os fios estavam amarelados, opacos e com uma raiz de mais de três dedos, e precisavam de um corte, para dar mais movimento.
DEPOIS
O cabeleireiro Paulo Cesar Schettini aplicou loiro escuro acinzentado na raiz, igualou o restante com um bege e fez mechas finas com tom dourado no comprimento e nas pontas."Fiz o corte do momento,em linha quadrada, com franja diagonal, levemente desfiada."
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O REPERTÓRIO VARIADO DE RIHANNA Editoria de Arte / Folhapress | ||
A moda hoje está presente em tudo: nas roupas, nos calçados, na maquiagem, e até nos esmaltes e cabelos. Se você gosta de estar antenada nisso tudo, sem deixar nenhum item de fora, veja só quais serão as tendências em cabelo para este verão:
- A grande sensação do verão serão os penteados com tranças. Use no dia-a-dia, na balada e em festas.
- As tranças serão de todos os tipos: embutidas, de lado, no estilo escama de peixe...
- A tendência é não usar tranças certinhas, mas sim desalinhadas. Fazer de um lado só da cabeça, caindo para a frente, com fios soltos e mais soltas.
- Para ocasiões mais formais, como casamentos e formaturas, faça uma trança embutida apenas de lado na franja, e prenda atrás da orelha. Se quiser, enfeite com acessórios de cabelo para festas.
- As cores dos cabelos seguem a tendência surf. Não mais com luzes californianas tão evidentes, mas continuam com as pontas um pouco mais claras, criando um ar de menina da praia.
- Os cabelos presos em coques soltos no alto da cabeça também serão sensação. Use para trabalhar e passear. É prático, fresquinho e feminino.
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