7.14.2011

Viver em grandes cidades é um desafio à saude

Nova York/ Cristina Massari
RIO - Parece que não há escapatória para a vida na cidade. Os grandes centros já reúnem a maioria da população mundial e estima-se que, até 2050, cerca de 70% das pessoas se concentrem nesses locais, com suas vantagens, que são muitas, e incoveniências. Entre essas últimas, há uma que ganha destaque: os prejuízos à saúde psiquiátrica. Que o ritmo de vida urbano produz danos relacionados ao estresse já é sabido, mas pela primeira vez um estudo descobriu as reações biológicas por trás desse processo.
Quem vive em cidades grandes tem mais risco de sofrer depressão e esquizofrenia, entre outros problemas psiquiátricos. O estresse aumenta os níveis de cortisol e adrenalina. Em grandes quantidades, essas substâncias provocam o esgotamento progressivo do sistema nervoso, encarregado de manter a situação de equilíbrio do organismo e efetuar as respostas de adaptação diante das mudanças internas ou externas. Quando esses mecanismos de controle falham, primeiro aparece a ansiedade e, mais tarde, a depressão. Este processo até a perda da saúde mental também pode acontecer em pessoas que foram criadas ou vivem no campo, mas em medida muito menor.
Estudo publicado na semana passada na "Nature" mostra que o cérebro de quem vive em grandes centros urbanos e dos habitantes de áreas menores reagem de forma diferente ao estresse. Diante de uma situação de tensão, as técnicas de imagem cerebral mostraram que, nos primeiros, a amígdala, a que se atribui um papel importante no processamento de reações emocionais, era ativada de forma muito mais intensa.
Trata-se de uma conclusão preliminar, já que ainda falta determinar o mecanismo concreto que produz essas diferenças e que está diretamente relacionado ao desenvolvimento de doenças psiquiátricas. O trabalho também não explica por que as pessoas das cidades são mais vulneráveis às ações do estresse, mas isso não é difícil de adivinhar.
Nos núcleos populacionais grandes, há, segundo disse o médico García Campayo ao "El Mundo", "multidões de estímulos negativos". Em primeiro lugar, aponta, "a vivência do tempo é muito diferente da que se experimenta nos locais menores. Por outro lado, nas pequenas localidades, há relações interpessoais mais ricas".

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