SÃO PAULO - As meias elásticas podem se tornar Equipamento de Proteção Individual (EPI) para profissionais que trabalham em pé por períodos longos, de seis a oito horas diárias. Um dos defensores da tese é o angiologista Marcondes Figueiredo, responsável pelas diretrizes de terapia de compressão elástica dos membros inferiores, elaboradas pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) a pedido da Agência Nacional de Saúde (ANS). Segundo ele, a meia elástica é a melhor arma que o médico tem para aliviar sintomas como dor e inchaço nas pernas, mesmo em pacientes que não tenham patologia venosa. Para quem sofre com varizes, além de reduzir o desconforto, o uso de meias deste tipo previve aparecimento de úlceras e coágulos.
A compressão é medida em milímetros de mercúrio (mmHg). Meias com até 15 mmHg têm venda livre e podem ser usadas para alívio do desconforto em viagens de longa distância, comumente descrito como "peso nas pernas". Acima deste nível de compressão, é preciso orientação médica. Dados da SBACV mostram que, no Brasil, 50% das mulheres adultas e 37% dos homens sofrem com varizes.
- Para quem tem varizes, o uso de meias melhora a qualidade de vida e e, em muitos casos, substituiu os analgésicos - explica o especialista.
O modelo 3/4 é o mais prescrito no mundo, indicado para quase 50% dos pacientes. De acordo com Figueiredo, a maioria das doenças venosas estão abaixo do joelho. Na prática, as meias funcionam como um tubo de pasta de dente: apertam embaixo, no tornozelo, para que o sangue suba em direção ao coração. A compressão é medida no tornozelo e vai reduzindo em direção à virilha. Na batata da perna, a compressão corresponde a 70% da medida do tornozelo. Na coxa, entre 30% e 40%.
- A meia entende que a perna é como um cone e funciona como uma ordenha - diz o médico.
No caso das pessoas que trabalham em pé, o médico calcula que a compressão indicada varia de 20 mmHg a 30 mmHg. Se o inchaço for intenso, pode ser necessária uma compressão maior. Já há, de acordo com Figueiredo, estudos que comprovam que o uso de meias elásticas reduz o absenteísmo.
De acordo com Figueiredo, as meias elásticas, antigamente grosseiras, se tornaram fashion e já estão disponíveis em várias cores, o que facilita a aceitação principalmente pelas mulheres. Apesar de o modelo 3/4 ser o mais vendido, há no mercado opções de meias de compressão 7/8 e meias-calças. Cada par de mia custa entre R$ 100 e R$ 150, em média. Com o uso diário, a duração é de quatro meses.
Assim como diabetes, a varizes é um predisposição hereditária, que pode ser desencadeada por gestações, obesidade, tabagismo, sedentarismo e uso de pílulas anticoncepcionais. Marcondes Figueiredo explica que o uso das meias não evita o surgimento de varizes. A atividade física é a ainda a melhor prevenção, pois beneficia a circulação sanguínea. Para quem já sofre com o problema, a escolha deve recair, segundo o médico, em atividades de baixo impacto, como caminhadas, natação, hidroginástica e musculação mantenedora.
Para o especialista, não é possível afirmar que há um aumento no número de pacientes com varizes, mas há, com certeza, maior procura aos consultórios médicos. O acesso à medicina aumentou para a população de menor poder aquisitivo e os consultórios estão cheios,
Cleide Carvalho (cleide.carvalho@sp.oglobo.com.br)
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário