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6.09.2010
Adoçantes artificiais
Faz tempo que o adoçante deixou de ser consumido apenas por quem não pode ingerir açúcar. Refrigerantes, doces, tortas, balas, chicletes e uma infinidade de outros produtos têm suas versões diet e, se há alguns anos os adoçantes pareciam ser a solução de quem queria comer um docinho sem culpa, hoje a substância já não é tão mais bem vista assim. Apesar de não existirem estudos científicos confiáveis que comprovem que o adoçante possa fazer mal a saúde, há um consenso entre os especialistas de que ele deve ser consumido com bastante moderação.
Atualmente, o adoçante mais recomendado pelos médicos é o stévia, substância derivada de uma planta que tem capacidade de adoçar 300 vezes mais que o açúcar. No próximo ano, deve chegar ao mercado americano o Cweet, também extraído de um planta e com capacidade adoçante mil vezes mais poderosa do que o açúcar. Mas embora os adoçantes estejam cada vez mais naturais, especialistas alertam que eles não devem fazer parte da dieta de todos.
Os adoçantes são medicamentos que devem ser utilizados por pessoas com diabetes, hipoglicemia, ou triglicérides elevados, e não por todas as pessoas, inclusive crianças, que hoje os consomem como se a substância fosse totalmente isenta de riscos - explica o nutrólogo Edson Credidio, diretor da Associação Brasileira de Nutrologia.
Para a médica Elizabeth Ayoub, especialista em alimentação funcional, alguns adoçantes, em especial o aspartame, podem trazer uma série de efeitos colaterais se consumidos em excesso. Ela frisa que, se consumido com moderação, o aspartame é seguro. Mas, em algumas pessoas, pode provocar alergias e hipotireoidismo, enfraquecer o sistema imunológico e afetar a memória e a concentração.
Gestantes não devem consumir aspartame de forma alguma, já que a substância pode atrapalhar o desenvolvimento cognitivo dos bebês - alerta Elizabeth. A médica também explica que o aspartame nunca pode ser aquecido acima dos 30 graus, pois, a partir dessa temperatura, se converte em ácido fórmico, mesma susbtância usada para matar formigas e tóxica ao nosso organismo.
Em excesso, os adoçantes podem engordar
Parece brincadeira, mas estudos têm apontado que quem consome adoçantes em excesso pode engordar mais do que quem só come açúcar ou prefere se abster dos doces. Um estudo feito pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos, mostrou que quem consome duas ou mais latas de refrigerante diet diariamente tem 40% mais chances de engordar do que quem opta pelo normal.
Quem utiliza muito adoçante pode acabar com uma verdadeira compulsão por doces, já que a substância não elimina a vontade de comer açúcar - diz Edson Credidio.
A nutricionista Patrícia Davidson Haiat, especialista em nutrição funcional pelo Insitituto de Medicina Funcional dos Estados Unidos, vai além:
Em excesso, os adoçantes agem como substâncias tóxicas no corpo. Além disso, os produtos adoçados artificialmente contêm conservantes, corantes e outros aditivos que geram alergias alimentares e até obesidade, pois quem está com o organismo sobrecarregado de toxinas tem mais facilidade para acumular gordura. Pesquisas também mostram que os adoçantes atrapalham o corpo a identificar a sensação de saciedade, ou seja, a pessoa, mesmo de dieta, acaba comendo mais.
Para Patrícia, assim como o sal, o adoçante vicia o paladar. A solução é ficar algumas semanas sem comer produtos adoçados artificialmente para que o corpo volte a identificar corretamente a quantidade de açúcar que precisa.
Quem não vive sem um refrigerante, uma gelatina ou uma balinha diet não precisa se desesperar. Uma dica dos especialistas é alternar as diferentes substâncias adoçantes e optar por marcas alternadas quando for ao supermercado.
O rodízio é uma boa forma de evitar o acúmulo de uma única substância no corpo. O ideal é variar o adoçante a cada três meses e minimizar ao máximo o uso de produtos light e diet. Com moderação, não há riscos. O problema é que hoje as pessoas consomem facilmente um litro de refrigerante ou mate diet, por exemplo, e depois não sabem por que estão se sentindo mal.
O Globo
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