6.09.2010

AVANÇOS NA LUTA CONTRA O CÂNCER REVELA OTIMISMO NO COMBATE À DOENÇA

Medicina está otimista quanto à luta contra o câncer
Congresso nos Estados Unidos reuniu pesquisadores da área
Jean-Louis Santini
O otimismo prevaleceu na 46ª conferência sobre o câncer da American Society of Clinical Oncology (ASCO), realizada em Chicago esta semana, onde foram anunciados progressos, apesar da doença avançar a passos largos e ter se convertido na segunda causa de morte no mundo.

– Nossa compreensão crescente da complexidade do câncer se traduz pelo desenvolvimento de terapias mais eficazes, mais dirigidas contra uma variedade de tumores – explicou Douglas Blayney, professor de medicina interna na Universidade de Michigan (norte dos Estados Unidos) e presidente da ASCO.

Os resultados mais alentadores revelados durante a conferência do fim de semana confirmam o crescente papel das terapias dirigidas a funções "vitais" de tumores ou que dopam o sistema imunológico para destruir as células cancerígenas, em comparação com a quimioterapia padrão.

Estes avanços mostraram aumento da sobrevivência sobretudo em doentes que sofrem de tipos de câncer avançados ou com mestástase, como o melanoma, contra os quais existem poucos ou nenhum tratamento.

Um anticorpo experimental monoclonal (Ipilimumab), que ativa as células T (timócitos) do sistema imunitário para destruir o câncer, deu pela primeira vez "resultados muito encorajadores" contra o melanoma avançado, um câncer de pele cuja incidência disparou há 30 anos.

Uma terapia experimental (crizonitinib), que neutraliza a enzima cinase de linfoma anaplásico (ALK), essencial para o crescimento das células cancerígenas, também revelou-se muito promissora contra a forma mais frequente de câncer de pulmão avançado em pacientes com um perfil genético particular. O de pulmão é o câncer mais frequente e mortal do mundo.

Outro ensaio clínico demonstrou que o tratamento específico Avastin, que bloqueia o crescimento dos vasos sanguíneos que levam os nutrientes e oxigênio necessários para o tumor, combinado com uma quimioterapia, permitiu prolongar o período que transcorre sem que um câncer de ovário progrida.

Um estudo demonstrou também que a radioterapia combinada com um tratamento hormonal reduz em 43% o risco de mortalidade dos homens afetados por um câncer localizado e avançado da próstata.

– O tema desta conferência é o avanço da qualidade dos tratamentos através da inovação – comentou Lynn Schuchter, professora de medicina na Universidade da Pensilvânia (leste).

– Realmente queremos melhorar a qualidade de vida dos doentes com terapias que produzem menos efeitos colaterais, cirurgias e radioterapias mais específicas – prossegue Schuchter.

Mas, apesar de todos esses progressos e da melhora dos tratamentos, a doença segue muito frequente nos Estados Unidos, lamenta a Associação americana do Câncer (ACS), segundo a qual foram registrados cerca de 1,5 milhão de novos casos em 2009, que provocaram mais de 560 mil mortes.

Um recente informe da Organização Mundial de Saúde estima que o número mundial de mortos por câncer pode duplicar até 2030 e alcançar os 13 milhões.

Com o envelhecimento da população nos países industrializados, cerca de um homem em cada dois e uma mulher em cada três serão diagnosticados com um câncer durante a vida, afirma a ACS.

Vários tipos de câncer (de fígado, pâncreas, ovários, pulmão e cérebro) são altamente mortais e se mantêm insensíveis às terapias existentes.

Mas a incidência do câncer está fortemente ligada ao modo de vida, o que faz que a prevenção possa supor uma grande diferença.

Desta forma, cerca de 40% da diminuição da mortalidade masculina de 1990 a 2006 foi resultado de uma baixa dos falecimentos do câncer de pulmão, do qual o tabagismo é a principal causa.

AFP - Chicago

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