Estudo divulgado neste fim de semana no congresso da Associação Americana de Oncologia Clínica mostra, pela primeira vez, uma droga capaz de aumentar a sobrevida de pacientes com melanoma em estágio avançado.
Esse tumor é responsável por mais de 80% das mortes causadas por câncer de pele. A descoberta deve mudar o tratamento dessa doença. A última droga aprovada para tratar melanoma, há 12 anos, não traz benefício algum para 85% dos pacientes.
Hoje, os medicamentos disponíveis para melanoma avançado (que apresenta metástases), quando geram benefícios, dão cerca de nove meses de sobrevida.
A nova droga, ipilimumab, deu em média dois anos de sobrevida aos participantes do estudo. Alguns sobreviveram por quatro ou mais anos.
Em 30% dos que usaram a droga, o melanoma não progrediu por seis meses. Outros remédios atingem esse resultado só em 10% dos doentes.
Conduzido por Stephen Hodi, do Dana-Faber Cancer Institute, em Boston, e por Steven ODay, do instituto The Angeles, Califórnia, o estudo envolveu 676 doentes, em 125 centros de 13 países.
O oncologista José Segalla, diretor de ensino e pesquisa do Hospital do Câncer Amaral Carvalho, de Jaú (SP), diz que o medicamento traz novas esperanças.
Para Segalla, os resultados são significativos, mas é preciso investigar os benefícios e riscos da droga em longo prazo. Foram observados efeitos colaterais importantes, como infecções de pele.
"Até o momento, esses efeitos se mostraram relativamente controláveis, e os benefícios da droga superam os riscos", diz Segalla.
SEM VACINA
O ipilimumab atua no sistema de defesa. Ele impede a liberação de uma substância que bloqueia as células de defesa. Isso acelera e potencializa a produção de células que atacam o tumor.
"É uma forma diferente de manipular o sistema imunológico para fazer o corpo atacar o tumor", diz Hodi.
A pesquisa investigou a ação do ipilimumab isoladamente e em associação com uma vacina para melanoma. Mas esse uso combinado não melhorou os resultados.
"A comunidade científica e os leigos têm um desejo grande de que vacinas para o câncer sejam descobertas, mas isso não está acontecendo. Uma das conclusões indiretas da pesquisa do ipilimumab é que a vacina para o melanoma não funciona",
Tv Ponta Negra
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