O termo
programação fetal refere-se ao processo pelo qual um estímulo ou
insulto, quando ocorrido no período crítico do desenvolvimento, tem
efeitos permanentes sobre a estrutura e as funções do organismo. Isso
ocorre devido à plasticidade e sensibilidade a alterações do ambiente.
Esse período
crítico do desenvolvimento, para a maioria dos órgãos e sistemas
humanos, ocorre especialmente na fase intrauterina. Nesta fase, a
plasticidade do organismo requer uma modulação estável da expressão de
genes, mediada principalmente por mecanismos epigenéticos, como
metilação do DNA (ácido desoxirribonucleico) e modificações em histonas.
Dessa maneira, o genoma (paterno e materno) e o epigenoma determinam a
sensibilidade a fatores ambientais e o posterior risco de doenças.
Assim, a
influência do ambiente intrauterino sobre a saúde do feto é explicada
pelo conceito de programação fetal, no qual fez surgir a “origem fetal
das doenças dos adultos”, também conhecida como a hipótese de Barker.
Na fase
intrauterina, as mães transmitem informações do ambiente externo, como o
seu estado nutricional, através da placenta, e aos lactentes, através
da lactação. Diversos estudos demonstraram que o crescimento do feto é o
resultado do tamanho corpóreo da mãe e do fornecimento materno de
nutrientes. A desnutrição no período fetal ou neonatal pode programar o
indivíduo para um aumento ou preservação dos estoques de gordura
corporal ao longo da vida.
Neste sentido,
as respostas fetais ou perinatais influenciam mudanças no metabolismo,
produção hormonal, sensibilidade tecidual aos hormônios que afetam o
desenvolvimento de vários órgãos, levando a alterações persistentes na
homeostase metabólica dos filhos.
Portanto, esses
conceitos demonstram a importância do questionamento e incentivo de
estilo de vida materno mais saudável a fim de evitar doenças e garantir
um melhor estado nutricional para seus descendentes.
Autora: Rita de Cássia Borges de Castro
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