11.26.2012

Mais de 1 milhão tratou câncer de mama sem precisar, diz estudo

Pesquisa reavaliou tratamentos feitos nos EUA nos últimos 30 anos.
Resultados representam novo questionamento à eficácia da mamografia.

Da AFP
Comente agora
Mais de 1 milhão de mulheres americanas fizeram tratamentos desnecessários e invasivos contra o câncer de mama nos últimos 30 anos, devido às mamografias de rotina que detectaram tumores inofensivos, segundo um estudo publicado esta quinta-feira (22).
Os resultados da pesquisa, publicados pela revista médica "New England Journal of Medicine", semeiam novas dúvidas sobre a eficácia da mamografia, exame recomendado, mas também fonte de controvérsia. O objetivo da mamografia é detectar os tumores antes que se espalhem e sejam mais difíceis de tratar.
"Concluímos que as mamografias detectaram tumores que jamais se desenvolveram até produzir sintomas clínicos em 1,3 milhão de mulhares nos últimos 30 anos", explicaram os autores do estudo, Gilbert Welch, da Faculdade de Medicina de Dartmouth e Archie Bleyer, da Universidade de Ciências do Oregon, ambas nos EUA.
Exame de mamografia ajuda no diagnóstico do câncer de mama (Foto: Reprodução EPTV)Hoje, mamografia é exame de rotina para o
diagnóstico do câncer de mama
(Foto: Reprodução EPTV)
Os tratamentos contra o câncer de mama costumam envolver intervenções complexas -- como cirurgias, tratamentos radiológicos, terapias hormonais e quimioterapias --, que são preferíveis evitar nos casos em que não forem indispensáveis, destacou o estudo.
Os cientistas analisaram dados epidemiológicos para determinar a frequência dos tumores de mama descobertos precocemente e os casos de câncer diagnosticados em estado avançado em mulheres a partir dos 40 anos, entre 1976 e 2008.
Depois que o uso da mamografia nos Estados Unidos se sistematizou, o número de casos de câncer de mama detectados na fase inicial dobrou, mas a taxa de mulheres diagnosticadas com câncer avançado diminuiu apenas 8%.
Segundo os cientistas, as mamografias não têm conseguido detectar de forma eficaz os cânceres avançados, mas paralelamente conduziram a um diagnóstico excessivo desta doença na fase inicial, correspondente a 31% em 2008, percentual equivalente a 70 mil mulheres.
O estudo concluiu que a forte queda da mortalidade por câncer de mama se explica principalmente pela melhora dos tratamentos e não pela detecção precoce dos tumores através de mamografias.
Esta pesquisa se soma a outros trabalhos publicados em anos anteriores que questionam a utilidade das mamografias de controle.

Médico britânico é suspenso após mais de mil cirurgias de mama desnecessárias

Ian Paterson teria retirado tecidos de seios de 450 mulheres saudáveis e operado outras 700 com técnica não aprovada.

Da BBC
Comente agora
Ian Stuart Paterson é acusado de aplicar técnicas não aprovadas em pacientes (Foto: BBC)Ian Stuart Paterson é acusado de aplicar técnicas
não aprovadas em pacientes (Foto: BBC)
Um cirurgião britânico foi suspenso depois que uma investigação revelou que ele realizou operações de seio "desnecessárias ou inadequadas" em mais de mil mulheres.
Ian Stuart Paterson é especialista em câncer de mama do National Health System (NHS), o sistema público de saúde da Grã-Bretanha. Ele trabalhava no hospital de Solihull, na região central da Inglaterra.
Ele é suspeito de ter realizado 450 lumpectomias -- retirada de tecido do seio -- em mulheres saudáveis, que foram diagnosticadas erroneamente com câncer de mama.
Além disso, ele teria feito 700 mastectomias -- cirurgia que retira uma quantidade maior de tecido mamário -- usando uma técnica não-convencional, que não é aprovada pelas regras de saúde do NHS.
A Heart of England NHS Foundation Trust, fundação que administra o hospital onde Paterson trabalhava, está enviando cartas a todas as pacientes que foram diagnosticadas e operadas pelo médico entre 2004 e 2007.
Elas estão sendo chamadas para fazer uma nova consulta médica.
Suspensão
Paterson foi suspenso pelo General Medical Council, o conselho de medicina britânico. O Heart of England Foundation confirmou que ele não opera mais no hospital desde maio de 2011.
A polícia confirmou que o médico está sendo investigado criminalmente.
"Um inquérito criminal foi aberto e a força policial está trabalhando em conjunto com a promotoria para determinar o curso da investigação", disse Matt Markham, delegado de polícia da região de West Midlands.
A empresa de advocacia Thompsons Solicitors disse que um dos 90 processos que está movendo contra o NHS, devido ao caso, já foi resolvido por acordo, e que uma das clientes receberá compensação financeira por danos causados pelo médico.

Nenhum comentário: