Mesmo sem Policarpo e Gurgel, relatório de CPI corre risco de ser rejeitado
Sessão de hoje terminou com pedido coletivo de vista após
bate-boca; relator Odair Cunha (PT-MG) pede indiciamento do governador
Marconi Perillo e do dono da empreiteira Delta
Leitura do relatório da CPI do Cachoeira está sendo
emperrada tanto por oposicionistas como pela base aliada (Foto: Laycer
Tomaz/Ag Câmara)
São Paulo – Mesmo após sofrer a perda de dois pontos espinhosos Gurgel e Policarpo (Revista Veja), o
relatório final da CPMI do Cachoeira continuou sendo alvo de ataques, e
um pedido de vista adiou para 5 de dezembro a votação do texto, que
continua correndo o risco de ser rejeitado. Sob pressão, o relator da
comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), retirou os nomes do jornalista
Policarpo Júnior, chefe da sucursal de Brasília da revista Veja, e do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Estas duas figuras seriam enquadradas em formação de quadrilha, seriam apenas quadrilheiros ou era apenas lavagem de dinheiro de propina do Cachoeira, Demóstenes Torres e o governador de Goiás (Perilo).
Ainda assim, a bancada do PT não tem maioria na comissão, e o PMDB continua trabalhando contra alguns dos principais pontos, além da oposição do PSDB. Os dois pontos principais de discórdia agora são os pedidos de indiciamento do empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, e do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
"Garantias (de aprovação) nunca se tem", admitiu Cunha em conversa com jornalistas após a sessão. O deputado passou a semana tentando costurar a aprovação do texto, mas na sessão de hoje se sobressaiu a falta de acordo.
Parte do processo para garantir a aprovação do relatório passou pela retirada dos nomes de Gurgel e de Policarpo . O primeiro (Gurgel) poderia ser investigado por ter deixado por dois anos engavetada uma investigação a respeito de irregularidades cometidas pela Delta. Já o jornalista (Policarpo Revista Veja) foi flagrado em quase 300 ligações telefônicas em contato com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
A oposição à convocação do profissional do Grupo Abril é antiga, e levou inclusive ao surgimento da chamada “bancada da Veja”, grupo de parlamentares dispostos a barrar qualquer medida contra Policarpo com o argumento de que se trataria de uma violação à liberdade de imprensa, ideia que se baseia na noção de que a relação com Cachoeira era de fonte e jornalista. Um dos que passou a apoiar o texto de Cunha é o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). "O que aconteceu é que tiraram a cortina de fumaça que havia sobre o relatório com a retirada dos jornalistas e do procurador-geral. Agora, quem é contra o indiciamento do Perillo e do Cavendish terá que se manifestar publicamente", argumentou.
A principal corrente contrária ao indiciamento de Cavendish é dos parlamentares do PMDB, especialmente por conta das relações do empresário com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), nega, porém, que seu partido ou peemedebistas tenham lhe procurado com o objetivo de garantir a retirada do nome do dono da Delta. Cunha disse que o PMDB só lhe pediu que jornalistas não fossem indiciados pela CPI e para que não se pedisse investigação contra Gurgel no Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM).
Já a defesa de Perillo será feita pelos deputados e senadores da bancada tucana na CPI, que têm usado a estratégia de desqualificar o relatório do petista acusando-o de manobrar partidariamente o documento. “(O relator) está imputando a ele quase uma dezena de ilícitos, de condutas que ele tipifica de uma forma totalmente equivocada. É evidente que o Marconi Perillo foi fruto de uma orientação partidária”, argumentou aos jornalistas o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) ao final da sessão.
Os tucanos tentarão, segundo Sampaio, derrotar o relatório de Cunha na comissão e apresentarão um voto em separado em substituição ao parecer final. A rejeição do relatório de Cunha também é planejada por um grupo de parlamentares que se autodenominam independentes e que também devem apresentar um texto paralelo na próxima semana.
Caso o parecer do petista seja rejeitado e nenhum outro parecer paralelo seja aprovado, a CPI seria concluída sem um relatório final.
Apesar da avalanche de críticas, o presidente da CPI afirmou que o relator poderia adotar essa estratégia e não modificar outras partes que não concordasse. Com isso, mudanças pontuais no relatório só poderão ser feitas em acordo com Cunha. Ou seja, restará aos descontentes com partes do texto votar contra o parecer.
A CPI retomará seus trabalhos no dia 5 de dezembro, quando o relatório começará a ser discutido e os pareceres paralelos serão apresentados ao plenário da comissão. O relatório pede o indiciamento de mais de 40 pessoas e pede que o Ministério Público a Receita Federal e a Polícia Federal aprofundem as investigações contra a construtora Delta.
A CPI também pede o indiciamento do pivô das investigações, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que foi solto na semana passada do presídio da Papuda em Brasília. As investigações da CPI apontaram que Cachoeira atuava como sócio oculto da Delta.
Ainda assim, a bancada do PT não tem maioria na comissão, e o PMDB continua trabalhando contra alguns dos principais pontos, além da oposição do PSDB. Os dois pontos principais de discórdia agora são os pedidos de indiciamento do empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, e do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
"Garantias (de aprovação) nunca se tem", admitiu Cunha em conversa com jornalistas após a sessão. O deputado passou a semana tentando costurar a aprovação do texto, mas na sessão de hoje se sobressaiu a falta de acordo.
Parte do processo para garantir a aprovação do relatório passou pela retirada dos nomes de Gurgel e de Policarpo . O primeiro (Gurgel) poderia ser investigado por ter deixado por dois anos engavetada uma investigação a respeito de irregularidades cometidas pela Delta. Já o jornalista (Policarpo Revista Veja) foi flagrado em quase 300 ligações telefônicas em contato com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
A oposição à convocação do profissional do Grupo Abril é antiga, e levou inclusive ao surgimento da chamada “bancada da Veja”, grupo de parlamentares dispostos a barrar qualquer medida contra Policarpo com o argumento de que se trataria de uma violação à liberdade de imprensa, ideia que se baseia na noção de que a relação com Cachoeira era de fonte e jornalista. Um dos que passou a apoiar o texto de Cunha é o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). "O que aconteceu é que tiraram a cortina de fumaça que havia sobre o relatório com a retirada dos jornalistas e do procurador-geral. Agora, quem é contra o indiciamento do Perillo e do Cavendish terá que se manifestar publicamente", argumentou.
A principal corrente contrária ao indiciamento de Cavendish é dos parlamentares do PMDB, especialmente por conta das relações do empresário com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), nega, porém, que seu partido ou peemedebistas tenham lhe procurado com o objetivo de garantir a retirada do nome do dono da Delta. Cunha disse que o PMDB só lhe pediu que jornalistas não fossem indiciados pela CPI e para que não se pedisse investigação contra Gurgel no Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM).
Já a defesa de Perillo será feita pelos deputados e senadores da bancada tucana na CPI, que têm usado a estratégia de desqualificar o relatório do petista acusando-o de manobrar partidariamente o documento. “(O relator) está imputando a ele quase uma dezena de ilícitos, de condutas que ele tipifica de uma forma totalmente equivocada. É evidente que o Marconi Perillo foi fruto de uma orientação partidária”, argumentou aos jornalistas o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) ao final da sessão.
Os tucanos tentarão, segundo Sampaio, derrotar o relatório de Cunha na comissão e apresentarão um voto em separado em substituição ao parecer final. A rejeição do relatório de Cunha também é planejada por um grupo de parlamentares que se autodenominam independentes e que também devem apresentar um texto paralelo na próxima semana.
Caso o parecer do petista seja rejeitado e nenhum outro parecer paralelo seja aprovado, a CPI seria concluída sem um relatório final.
Sem mudanças
Nesta quarta, numa sessão tensa, o relator rejeitou um acordo que o obrigaria a modificar outras partes do texto se fosse derrotado pela maioria do plenário da comissão. Cunha só aceitou modificar esses dois pontos e ouvir sugestões sobre outras partes e decidir se aceita ou não fazer mudanças. A decisão do petista gerou uma grande confusão na sessão e ele chegou a ser acusado de autoritarismo. "Agora o senhor virou ditador?", questionou o deputado Vaz de Lima (PSDB-SP).Apesar da avalanche de críticas, o presidente da CPI afirmou que o relator poderia adotar essa estratégia e não modificar outras partes que não concordasse. Com isso, mudanças pontuais no relatório só poderão ser feitas em acordo com Cunha. Ou seja, restará aos descontentes com partes do texto votar contra o parecer.
A CPI retomará seus trabalhos no dia 5 de dezembro, quando o relatório começará a ser discutido e os pareceres paralelos serão apresentados ao plenário da comissão. O relatório pede o indiciamento de mais de 40 pessoas e pede que o Ministério Público a Receita Federal e a Polícia Federal aprofundem as investigações contra a construtora Delta.
A CPI também pede o indiciamento do pivô das investigações, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que foi solto na semana passada do presídio da Papuda em Brasília. As investigações da CPI apontaram que Cachoeira atuava como sócio oculto da Delta.
Com informações da Reuters.
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