Ingerir suplementos de soja para reduzir os sintomas da menopausa, como a perda óssea, não funciona e pode até piorar as ondas de calor, segundo um estudo norte-americano.
A soja contém isoflavonas, uma classe de fitoestrógenos semelhantes ao hormônio feminino estrogênio, cuja produção cai na menopausa.
Desde a publicação do estudo WHI (Women Health's Initiative), que mostrou que a terapia de reposição hormonal aumenta os riscos de câncer da mama e doenças cardiovasculares, as prescrições de hormônio sintético caíram e as mulheres passaram a recorrer à soja.
Agora, uma pesquisa da Universidade de Miami, publicada no "Archives of Internal Medicine", descarta a soja como alternativa eficaz. As voluntárias do estudo tinham entre 45 e 60 anos e estavam na menopausa há cerca de cinco anos.
Um grupo de 122 mulheres tomou comprimidos de 200 mg de isoflavonas todos os dias durante dois anos. Outras 126 participantes ingeriram placebo. Nenhuma sabia o que estava tomando.
Não foi observada melhora na perda óssea nos dois grupos, e grande parte das que tomaram os suplementos de soja ainda relataram piora nas ondas de calor.
EFICÁCIA E SEGURANÇA
Segundo César Fernandes, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo, o estudo endossa outras evidências que já apontavam nessa direção.
"Desde 2002, quando a reposição hormonal ficou muito fragilizada, procura-se uma alternativa, e a que ganhou muitos adeptos é a que usa isoflavonas", afirma. Mas, lembra Fernandes, os resultados mostram que o efeito não supera o do placebo.
O ginecologista diz ainda que não há garantias de que a isoflavona não aumente o risco de câncer de mama. "As pessoas acham que a isoflavona é inócua, e que a terapia hormonal é pior porque é sintética. Muitos médicos e pacientes compraram a ideia de que a soja é eficaz, mas não há evidências de que ela seja 'inocente'."
A ginecologista Adriana Orcese Pedro, professora da Unicamp, diz que os estudos sobre a soja são controversos.
Ela é uma das autoras de uma pesquisa publicada em 2008, que mostrou que a soja e a reposição hormonal têm eficácia semelhante. Pedro afirma que os benefícios da soja dependem da idade, da intensidade dos sintomas, da quantidade ingerida e do nível de absorção da isoflavona de cada mulher."Funciona para algumas, mas para outras, não. Por isso, não orientamos a comer soja para aliviar os sintomas da menopausa."
Ricardo Meirelles, vice-presidente do departamento de endocrinologia feminina da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, diz que o estudo mostra que não dá para importar experiências de outros países.
"Mulheres orientais têm menos sintomas de menopausa, mas não é só porque elas comem mais soja. Há fatores como alimentação e genética, entre outros."
A soja contém isoflavonas, uma classe de fitoestrógenos semelhantes ao hormônio feminino estrogênio, cuja produção cai na menopausa.
Desde a publicação do estudo WHI (Women Health's Initiative), que mostrou que a terapia de reposição hormonal aumenta os riscos de câncer da mama e doenças cardiovasculares, as prescrições de hormônio sintético caíram e as mulheres passaram a recorrer à soja.
Agora, uma pesquisa da Universidade de Miami, publicada no "Archives of Internal Medicine", descarta a soja como alternativa eficaz. As voluntárias do estudo tinham entre 45 e 60 anos e estavam na menopausa há cerca de cinco anos.
Um grupo de 122 mulheres tomou comprimidos de 200 mg de isoflavonas todos os dias durante dois anos. Outras 126 participantes ingeriram placebo. Nenhuma sabia o que estava tomando.
Não foi observada melhora na perda óssea nos dois grupos, e grande parte das que tomaram os suplementos de soja ainda relataram piora nas ondas de calor.
Editoria de arte/folhapress | ||
Segundo César Fernandes, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo, o estudo endossa outras evidências que já apontavam nessa direção.
"Desde 2002, quando a reposição hormonal ficou muito fragilizada, procura-se uma alternativa, e a que ganhou muitos adeptos é a que usa isoflavonas", afirma. Mas, lembra Fernandes, os resultados mostram que o efeito não supera o do placebo.
O ginecologista diz ainda que não há garantias de que a isoflavona não aumente o risco de câncer de mama. "As pessoas acham que a isoflavona é inócua, e que a terapia hormonal é pior porque é sintética. Muitos médicos e pacientes compraram a ideia de que a soja é eficaz, mas não há evidências de que ela seja 'inocente'."
A ginecologista Adriana Orcese Pedro, professora da Unicamp, diz que os estudos sobre a soja são controversos.
Ela é uma das autoras de uma pesquisa publicada em 2008, que mostrou que a soja e a reposição hormonal têm eficácia semelhante. Pedro afirma que os benefícios da soja dependem da idade, da intensidade dos sintomas, da quantidade ingerida e do nível de absorção da isoflavona de cada mulher."Funciona para algumas, mas para outras, não. Por isso, não orientamos a comer soja para aliviar os sintomas da menopausa."
Ricardo Meirelles, vice-presidente do departamento de endocrinologia feminina da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, diz que o estudo mostra que não dá para importar experiências de outros países.
"Mulheres orientais têm menos sintomas de menopausa, mas não é só porque elas comem mais soja. Há fatores como alimentação e genética, entre outros."
MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
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