Dilma participa de reunião com governadores e FH e diz que verdadeira faxina é contra a miséria
SÃO PAULO - Um dia depois da queda de mais um ministro por causa de denúncias de envolvimento em escândalos, a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou nesta quinta-feira que a verdadeira faxina que o país precisa fazer é contra a miséria. O encontro com os quatro governadores da região Sudeste, realizado no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, para firmar parcerias para o desenvolvimento do programa Brasil Sem Miséria, teve clima de distensão política e contou a com a presença do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso.
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Para Dilma, a união dos governos federal e estaduais permitirá o sucesso do programa.
- É o Brasil inteiro fazendo de fato, como diz a imprensa, a verdadeira faxina que esse país tem que fazer, a faxina contra a miséria.
É o Brasil inteiro fazendo de fato, como diz a imprensa, a verdadeira faxina que esse país tem que fazer, a faxina contra a miséria
Dilma disse que o Brasil vive hoje um grande pacto republicano e elogiou a presença no evento de Fernando Henrique, de quem vem se aproximando desde que tomou posse em janeiro.
- O grande pacto republicano e pluripartidário hoje é capaz de transformar a realidade social que vivemos. Por isso, agradeço ao presidente Fernando Henrique pelo seu gesto - afirmou.
A presidente destacou a participação dos governadores do Rio, Sergio Cabral (PMDB), de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) e de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB).
- Quando olho para essa sala e vejo os governadores dos três estados mais ricos do país e do Espírito Santo e, quando sinto o engajamento pleno e sincero, tenho a mais nítida certeza de que o plano começa como vencedor.
Apesar de agradecer a presença de Fernando Henrique, Dilma não deixou de se referir a Lula, sem citar o nome do ex-presidente, ao afirmar que foi graças ao governo de seu antecessor que 40 milhões de pessoas saíram da miséria.
Anfitrião, o governador paulista Geraldo Alckmin elogiou Dilma por ter buscado a união entre os governadores de partidos diferentes e classificou o evento como "um momento de avanço no Brasil".
- Ultrapassamos o período de disputas para unir esforços pelos que mais precisam do Brasil. Isso se deve em grande parte, presidenta Dilma, ao seu patriotismo, generosidade e espírito conciliador.
Depois de os governadores Cabral e Casagrande exaltarem a redução da pobreza na gestão do ex-presidente Lula, Alckmin fez questão de marcar posição e destacar que os programas de combate à miséria foram iniciados com o tucano Fernando Henrique.
- Foi a estabilidade da economia que permitiu que o governo e a sociedade começassem a se organizar para atender os que mais sofrem. Atingida a estabilidade, sob o governo Fernando Henrique Cardoso, começamos esse processo, como Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação, depois veio o programa Auxílio Gás.
No clima de distensão política que marcou o encontro, o governador paulista destacou a medida do presidente Lula de unificar os programas criados por Fernando Henrique sob a bandeira única do Bolsa Família, classificada pelo tucano como decisão "inteligente".
Dilma anunciou os acordos fechados para ampliação do programa Brasil sem Miséria . A mais rica região do país, a Sudeste, tem 2,725 milhões de pessoas vivendo em pobreza extrema, com renda inferior a R$ 70 por integrante da família.
A presidente chegou às 11h15 e foi recebida pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e pela sua mulher, Lu Alckmin, na entrada do palácio. Em seguida, se dirigiu a Fernando Henrique e o cumprimentou com dois beijos no rosto.
Também participam do evento em São Paulo cinco ministros: Edison Lobão (Minas e Energia), Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Carlos Lupi (Trabalho) e Helena Chagas (Comunicação Social).
Antes de discursar, Dilma sentou ao lado de Fernando Henrique e os dois assistiram a uma apresentação de um vídeo sobre o programa. O ex-presidente tucano foi aplaudido com entusiasmo pela plateia quando teve a sua presença anunciada. Mais cedo, a presidente tomou café da manhã com integrantes do PSD, que está sendo criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
No estado de São Paulo, onde 1,08 milhão de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, os programas de transferência de renda foram unificados e, até 2014, 300 mil famílias devem passar a receber o benefício, acompanhadas de uma agenda de ações de inclusão no mercado de trabalho. É o primeiro acordo público firmado entre o governo federal e o governador tucano Geraldo Alckmin (PSDB), que começa a imprimir um estilo de gestão diferente de seu antecessor, José Serra, cuja marca era a do afastamento em relação ao governo federal.
O Rio de Janeiro, primeiro a fechar a parceria com o governo federal, abriga cerca de 586 mil pessoas que necessitam de ajuda para sair da miséria. O programa integrado foi lançado em Japeri, município com menor Ìndice de Desenvolvimento Humano do estado, Belford Roxo e São Gonçalo. Tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo, os governos estaduais complementam a transferência de renda feita pelo Bolsa Família.
Os acordos mostram uma melhor relação entre os entes da federação (governo estadual e federal) e as políticas públicas se tornam nacionais
- Os acordos mostram uma melhor relação entre os entes da federação (governo estadual e federal) e as políticas públicas se tornam nacionais - diz a secretária Ana Fonseca.
Disseminado no Nordeste, o Bolsa Família chega ao Sudeste com roupagem modificada. O conceito é o da busca ativa, onde as prefeituras deverão identificar as famílias a serem beneficiadas. Além disso, todos os acordos incluem ações de reinserção no mercado de trabalho e obrigações que as famílias devem cumprir para receber o benefício, como participação em programas de capacitação profissional e de alfabetização de jovens e adultos. Nos estados do Sudeste, a maior parte das famílias carentes vive nas áreas urbanas. Dos 145 mil capixabas, por exemplo, 89 mil vivem em áreas urbanas no entorno de Vitória.
Na avaliação do governo federal, é mais difícil atender famílias nas Regiões Metropolitanas do que em cidades do interior do país. Em São Paulo, por exemplo, a inclusão de 87 cidades das regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, onde vivem 200 famílias, só deve ocorrer em 2014. O calendário coincide com as próximas eleições.
O Globo
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