Dilma e a ocasião para o discurso oportuno
Hoje (Ontem-18-08) em São Paulo, a presidenta Dilma Rousseff , no lançamento de ações do
programa Brasil sem Miséria para a região sudeste, acompanhada pelos governadores da região e pelo ex-presidente FHC, fez questão de combater a tese da “faxina” como centro de sua política de governo, como é alardeado, diariamente pela mídia, em uma forma de esvaziar os programas de seu governo e fixar nas pessoas o olhar apenas para as ações que combatem os desvios.
Dilma com isso deixa claro que combater a corrupção é uma entre tantas outras ações primordiais de governo, mas que o combate a desigualdade, à injustiça social e à fome são as principais ações que este país precisa para corrigir seu rumo, definitivamente, e despontar como uma nação mais justa, com oportunidades para todos e plenamente democrática.
Dilma não se utilizou do lançamento do programa para pronunciamentos histéricos e direcionados para o espetáculo midiático da faxina. Não se norteou pela oportunidade fácil, preferiu manter firme o propósito, que não pode ser perdido, na defesa de interesses nacionais e na construção de um país mais justo:
"A verdadeira faxina que esse país tem de fazer (é) a faxina contra a miséria"
Adiante, ao falar sobre o plano Brasil Maior, destinado a indústria brasileira, destacou a defesa da indústria nacional e de salários mais valorizados:
“Não queremos salários de países pobres, só tendo economia de serviços. Precisamos da nossa indústria e vamos incentivá-la e favorecê-la”.
Talvez pensassem alguns diretores de redação que Dilma, como quem não soubesse o que fazer neste momento de quedas ministeriais, se apegasse ao discurso político fácil, pautado pela grande imprensa no momento, o da “faxineira” da corrupção e tentasse obter os louros, sozinha, deste episódio, o que, inevitavelmente, a jogaria contra seus aliados, por alimentar uma percepção exagerada, e explorada por seus adversários: de que só se cerca de delinqüentes no governo.
Talvez imaginassem que a presidenta se atirasse na “onda ética” que a oposição ensaia, sem muito sucesso, em parceria com grandes jornais, revistas e emissoras de TV, para conquistar mais espaço entre os conservadores, mas, consequentemente, se isolando de seus aliados progressistas, tornando-se, a curto prazo, refém de seus novos parceiros políticos e sem qualquer respaldo de grupos sociais que militam e militaram na sua eleição.
Dilma, com tamanha habilidade, cercada por FHC, Anastásia e Alckmin, alguns de seus adversários programáticos, avisou que seu papel mais importante e de todos aqueles que desejam um país melhor seja o de promover "um grande pacto republicano e pluripartidário" pelo fim da miséria no Brasil.
Desta forma Dilma encurrala seus adversários em um campo que não sabem atuar com desenvoltura, porque desconhecem o terreno, e tenta impor uma nova agenda a imprensa, a agenda que, de fato, interessa a milhões de brasileiros que esperam a quitação de uma dívida social histórica e vêem neste momento a oportunidade oportuna para cobrá-la, com real expectativa de êxito em toda a nossa história. Não que o combate a corrupção e aos desvios éticos não sejam assuntos da mais alta relevância, muito pelo contrário, mas que devam ser dimensionados na esfera judicial e política em que caibam de fato, não desempenhados como espetáculos criados apenas para dar holofotes à oposição.
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