Em um dos livros do psiquiatra Flávio Gikovate, li que nos casos de disfunção erétil “O pênis está sempre certo”. Como urologista, eu já tinha uma noção parcialmente consciente desse fato. Porém, a frase me despertou completamente: o pênis apenas responde aos maus tratos causados por condutas emocionais e orgânicas inadequadas.
Não é raro se deparar com homens que agem como se seu pênis fosse um “sujeito” independente que, quando funciona, é um amigo “do peito” e quando não, passa a ser um inimigo implacável. O problema é que esses mesmos homens se esquecem que tudo faz parte de um conjunto indivisível: corpo, mente e alma. Quaisquer desses compartimentos afetados resultam em alterações nos outros.
Esses homens não lembram o quanto torturaram seus corpos ao longo dos anos fazendo uso de alimentos inadequados, fumo e álcool. Esquecem-se dos longos períodos de inatividade física motivada pela preguiça e do acúmulo de gordura visceral a que submeteram seus corpos. Outros jamais tiveram a noção de que emoções negativas (medo, raiva, frustração, baixa autoestima, autopiedade, etc.) cultivadas por décadas são um potente veneno que anula a ereção. Ou se envolveram como mulheres que nada tinham a ver eles, só para provar (a quem?) que eram “machos” o suficiente.
“Ter que” ou “ser obrigado” a não falhar passou a ser um drama em muitas cabeças masculinas. E um drama que se retroalimenta: mais ansiedade, mais falha; mais falha, mais cobrança, mais ansiedade e mais falha. Aqueles que, por ventura, não tenham essas paranóias, muitas vezes já maltrataram tanto seu corpo físico que o sangue e o impulso nervoso que promovem à ereção não chegam ao pênis. Aí, então, um culpado (ou vários) tem que ser identificado, desde que não esteja ele – o próprio homem – incluído nessa lista. Reconhecer-se como responsável pela negligência com que se tratou e aceitar o fato é primeiro e grande passo positivo para um tratamento eficaz, pois não adianta procurar desculpas: “O pênis está sempre certo”.
SOL-Saude On Line
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