5.16.2010

A NOVA POLÊMICA DA AIDS

Ao contrário do que recomenda a OMS, o governo defende que alguns casais portadores de HIV façam sexo sem proteção para ter filhos
Na gestação, a mulher infectada deve tomar remédiospara reduzir o risco de passar HIV ao bebê
A divulgação, na semana passada, de diretrizes em estudo pelo Ministério da Saúde para casais com Aids que desejam ter filhos causou polêmica. De acordo com elas, alguns casais soropositivos podem dispensar o uso de preservativo para tentar um filho por meio natural.

Eles precisariam se enquadrar em alguns critérios: o homem deve estar com a quantidade de vírus no sangue tão baixa que se torna indetectável, suas células de defesa CD4 se apresentarem em níveis elevados e não ser portador de doenças crônicas ou de outras enfermidades sexualmente transmissíveis.

A outra orientação é de que o casal se programe para que a relação sexual ocorra, apenas e exatamente, no período fértil. Depois, a parceira precisa tomar os remédios contra o vírus, como proteção. “Mas os casais precisam saber que, mesmo assim, há a possibilidade de transmissão do HIV”, explica Mariângela Simão, do Ministério da Saúde. “Não existe risco zero.”
Segundo ela, diretrizes como essas já são adotadas na Inglaterra e na Itália. O objetivo seria facilitar a realização do sonho de casais de construírem família, apesar da Aids. Hoje, o recomendado pela Organização Mundial de Saúde é que a gravidez, nessa circunstância, se dê com a ajuda dos métodos de reprodução assistida.

Por eles, é possível reduzir a zero o risco de o homem passar o vírus à mulher. Porém, os tratamentos normalmente são caros (em média R$ 4 mil por tentativa) e há apenas um único serviço capaz de aplicá-los disponibilizado pelo SUS, sediado no Serviço de Reprodução Assistida da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo.
A medida, no entanto, divide os especialistas. “Os riscos não são mensuráveis, mas a tendência é de acreditar que sejam menores do que se imagina”, afirma o infectologista Caio Rosenthal, de São Paulo. Já o médico Caio Parente Barbosa, chefe do serviço da Faculdade de Medicina do ABC, estima que, mesmo com as precauções, as chances de contaminação são altas, chegando a 4,6%. “Uma coisa é a pessoa se expor em uma relação, uma única vez. A outra é ficar exposta ao longo de meses”, diz. “Quando quer engravidar, uma mulher tem, em média, três relações sexuais no período fértil, ao longo de até seis meses”, afirma. Além disso, há outras complicações. “Os exames podem apontar uma carga negativa no sangue, mas ela pode ser positiva no sêmen”, afirma.

Fonte: Isto é

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