5.19.2010

Portugal e Brasil «não é só aquela coisa sentimental»

Portugal e Brasil «não é só aquela coisa sentimental»
A frase é do Presidente do Brasil, Inácio Lula da Silva, na conferência conjunta que assinalou a assinatura de vários protocolos de cooperação entre os dois países
Ao final do dia, no Palácio das Necessidades, em Lisboa, José Sócrates, o primeiro-ministro português, e o Presidente Brasileiro, Lula da Silva, falaram de economia.
Sócrates depois de algumas trivialidades diplomáticas, destaca a «importância da cooperação económica com o Brasil».
«Algumas das maiores empresas de referência brasileiras estão em Portugal», prossegue o primeiro-ministro, referindo-se, entre outras, o Grupo Camargo Corrêa e a Embraer.
José Sócrates «quer colher o investimento brasileiro» em Portugal e «afirmar o investimento português no Brasil». No final, pede que seja dada, pelos dois países, «uma resposta em conjunto às dificuldades que o mundo atravessa».
E o país que desafia é um país «do futuro», que no século XXI «não joga fora», como afirmou o presidente Lula.
«O século XXI é o século dos países que não tiveram chance no século XX», diz o ex-operário agora Presidente do Brasil.
E prossegue: «o Brasil vive um momento mágico», e referia-se à economia, porque ele, Lula da Silva, «trabalha muito», mas é «um homem de sorte». E dá os números: «31 milhões de brasileiros entraram na classe C; 20 milhões saíram da pobreza absoluta».
Agora o Brasil pode olhar para exterior, para Portugal. E está na hora de retribuir, 600 empresas investiram num passado recente 20 mil milhões de euros no Brasil; chegou a vez dos empresários brasileiros investirem em Portugal, afirmou Lula.
O presidente brasileiro chegou a Lisboa, para visita apressada, depois de «ter andado oito dias a comprar e a vender para o Brasil». Na última semana o Presidente Brasileiro, que se assumiu esta quarta-feira como «um homem cansado», esteve em Moscovo, Doha, em Teerão e em Madrid.
Nas Necessidades, Lula recordou um dos momentos mais duros enquanto presidente da República Federativa - quando, em 2003, fez «um ajuste fiscal» que pessoas do seu próprio partido classificaram de um «programa de direita».
Mas conseguiu; «a coragem de 2003» é parte do «momento mágico» de 2010.
De todos os protocolos assinados e das empresas portuguesas envolvidas, Lula da Silva destaca duas: a Galp e a Portugal Telecom.
O acordo para produção de biocombustivel celebrado entre a Galp e a Petrobás, vai dar permitir a criação de um óleo alternativo onde vai apetecer «fritar batatinha», diz, com humor, o Presidente do Brasil; da Telecom espera a colaboração para levar a banda larga a todos os brasileiros. «Que a internet não pode ser só privilégios dos ricos», acrescenta.
E enquanto os protocolos foram assinados o Presidente do Brasil, cansado, mas cordial, afável, dado ao contacto físico, conversava animadamente, com um primeiro-ministro português bem mais tenso. Numa sala cheia de ministros, empresários e jornalistas, foram assinados sete protocolos e memorando de entendimento nos domínios da Energia; Ciência, Tecnologia e Inovação; Promoção, Difusão e Projecção da Língua Portuguesa.
Especialmente felicitados pelo Presidente brasileiro foram os empresários Antónia Mota, Faria de Oliveira e Fernando Gomes. Jorge Coelho, que estava no Palácio das Necessidades, não esteve na sala da conferência.
Esta foi a X Cimeira Portugal-Brasil, dezanove anos depois do primeiro encontro que teve lugar em Brasília.

Globo News

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