É oficial: cafeína melhora a memória
Pela primeira vez, um estudo apresentou «provas irrefutáveis» que o consumo de cafeína é benéfico para a memória.
Divulgado na edição de 12 de Janeiro de 2014 do jornal «Nature Neurocience», o estudo mostra que consumir cafeína pode melhorar a memória e ter um efeito benéfico na capacidade de retenção durante até 24 horas após o consumo.A investigação é considerada uma «prova exclusiva» que a cafeína beneficia a memória a longo prazo porque todos os participantes envolvidos tomaram um comprimido de 200mg de cafeína depois de terem visto uma série de imagens.
Esta alteração no método da experiência afastou a possibilidade de a melhoria na memória dever-se a um aumento no estado de vigilância, na concentração ou na atenção (efeitos provocados pela cafeína).
Os participantes foram escolhidos entre pessoas que não tomam regularmente bebidas com cafeína. Os voluntários foram divididos em dois grupos.
Cada pessoa assistiu ao mesmo conjunto de fotografias e de seguida tomou um comprimido, mas num grupo os participantes tomaram 200mg de cafeína, enquanto no outro o comprimido era um placebo. Os níveis de cafeína no sangue foram medidos após uma, três e 24 horas depois de tomado o comprimido.
Ambos os grupos assistiram a um segundo conjunto de fotos, com algumas imagens muito parecidas com as do conjunto anterior, que os participantes tinham visto 24 horas antes, e outras fotos muito diferentes.
No final, mais elementos do grupo que tomou cafeína puderam distinguir entre as imagens «semelhantes» e as imagens «diferentes».
Este comportamento, explicam os investigadores, envolve um «nível superior de memória», chamado «separação de padrões». O efeito da melhoria na memória associado ao consumo de cafeína dura até 24 horas depois do consumo.
Os cientistas já determinaram que toda a memória envolve o hipocampo, situado nos lobos temporais do cérebro, mas ainda está por apurar o mecanismo exato pelo qual a cafeína interfere na nossa capacidade de retenção.
O estudo é de uma equipa de investigadores liderada por Michael Yassa, professor assistente de Ciências da Psicologia e do Cérebro da Faculdade Krieger de Artes e Ciências da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, Maryland, EUA.
Os autores sublinham que as conclusões deste estudo não devem servir como desculpa para o consumo de quantidades extremas de cafeína, de acordo com a Examiner.
Mitos e verdades sobre a Cafeína
Cafeína é uma substância que ocorre naturalmente (um alcalóide) encontrada nas folhas, sementes e frutos, de mais de 63 espécies de plantas de todo o mundo. Nos produtos que contêm cafeína, incluem-se o chá, café e algumas bebidas refrigerantes, que têm sido apreciadas por todos à muitos anos. Mais recentemente, bebidas com elevados níveis de cafeína (bebidas energéticas) têm sido desenvolvidas.
Um dos
mais conhecidos efeitos da cafeína é a sua capacidade de atuar como
estimulante, retardando temporariamente fadiga, efeito esse que pode
causar insônias a indivíduos mais susceptíveis. Também foi demonstrado
que a cafeína tem um ligeiro efeito diurético (estimulando a eliminação
dos líquidos do organismo). Apesar de se terem realizado diversos
estudos sobre a sua inocuidade, ainda existem muitas ideias erradas
acerca desta substância tão comum. Este artigo reconhece os resultados
de investigações científicas sobre a cafeína e a saúde e pretende
clarificar certos aspectos controversos relativos a este ingrediente
alimentar.
MITO: O efeito da cafeína é viciante
REALIDADE:
As pessoas sempre disseram que são “viciadas” em cafeína, da mesma
forma que dizem que são “viciadas” nas compras ou televisão. A cafeína
não é viciante, segundo as definições aceites e de acordo com a opinião
maioritária das autoridades. Quando o consumo regular de cafeína é
cessado abruptamente, alguns indivíduos queixam-se dores de cabeça,
fadiga ou sonolência. Estes sintomas usualmente passam ao longo do dia e
podem ser evitados se a ingestão de cafeína for reduzida gradualmente.
MITO: A cafeína aumenta o risco de doenças cardíacas
REALIDADE:
Numerosos estudos, realizados em grande escala, têm mostrado que o
consumo de cafeína não aumenta o risco de doenças cardiovasculares, não
aumenta os níveis de colesterol-HDL ou causa alterações no ritmo
cardíaco. Uma ligeira e temporária subida da pressão arterial pode ser
observada em indivíduos sensíveis à cafeína. Contudo, esta subida é
semelhante à provocada por atividades quotidianas, como subir umas
escadas. No entanto, é recomendado que indivíduos com tensão arterial
alta consultem o seu médico sobre esta situação.
MITO: A cafeína provoca cancro
REALIDADE:
evidências científicas mostram que a cafeína não aumenta o risco de
cancro. Dois estudos, com um grande número de população da Noruega e
Hawai, e a análise de 13 estudos realizados com mais de 20.000 sujeitos
revelaram que não existe nenhuma relação entre o consumo regular de café
ou chá e o risco de contrair cancro.
MITO: A cafeína é um fator de risco relativamente à osteoporose
REALIDADE:
alguns estudos sugerem que a ingestão de cafeína podem aumentar perda
de cálcio pela urina. Contudo, estas perdas são mínimas e o consumo de
cafeína em doses normais não afeta o nível de cálcio nem a densidade
óssea. Estudos mais recentes confirmam que a cafeína não é um fator de
rico para a osteoporose, particularmente numa mulher que consome
quantidade de cálcio adequada.
MITO: as mulheres grávidas ou que tentam engravidar devem evitar a cafeína
REALIDADE:
Um grande número de estudos tem se dedicado à análise dos efeitos das
bebidas que contêm cafeína com os fatores reprodutivos. Os dados
sugerem que o consumo moderado de cafeína é inócuo tanto para a mulher
grávida como para o feto. Os resultados dos estudos sobre o consumo de
cafeína e o tempo que decorre até concepção não apresentam provas
sólidas de que o consumo de bebidas com cafeína reduzam a probabilidade
de concepção. Dois estudos major dos EUA demonstraram que não existe
correlação entre o consumo de cafeína e o desenvolvimento da gravidez ou
possíveis malformações no feto. Além disso, recentes estudos não
encontraram qualquer correlação entre a ingestão de cafeína e a
ocorrência de aborto espontâneo ou crescimento anormal do feto. Contudo,
ainda existem questões acerca de elevadas doses de cafeína e assim
aconselha-se que as mulheres grávidas tenham alguma moderação (300mg por
dia ou 3 a 4 chávenas de café instantâneo).
MITO: A cafeína tem efeitos adversos sobre a saúde das crianças
REALIDADE:
Geralmente as crianças têm a mesma capacidade de processar a cafeína
que os adultos. Estudos têm mostrado que os alimentos e bebidas que
contêm cafeína, quando tomados com moderação, não apresentam efeitos
sobre a hiperatividade ou problemas de concentração das crianças. No
entanto, em crianças sensíveis, elevadas doses de cafeína podem causar
efeitos temporários como a excitação, irritabilidade e ansiedade.
MITO: Existem efeitos não positivos da cafeína
REALIDADE:
sabe-se que a cafeína aumenta os níveis de alerta e a capacidade de
concentração. Uma chávena de café ou chá é muitas vezes recomendada para
combater o sono, especialmente aos condutores que conduzem longas
distâncias, e muitos indivíduos tomam a sua chávena de café após a
refeição do almoço antes de voltar ao trabalho. Alguns estudos
demonstraram que a cafeína também reforça a memória e o raciocínio
lógico.
Em muitas bebidas ricas em cafeína, em especial o chá e
mais recentemente o café e chocolate, têm sido encontrados
antioxidantes. Estes apresentam benefícios para a saúde, especialmente
para a saúde do coração e prevenção do cancro.
Investigações
recentes sugerem que a cafeína pode ser usada no tratamento das reações
alérgicas, devido à sua capacidade de reduzir a concentração de
histaminas, que são substâncias que fazem com que o organismo reaja ao
alérgeno. No entanto, muitos outros estudos são necessários antes de se
retirarem conclusões.
A cafeína, desde há algum tempo, que também é considerada benéfica para quem sofre de asma.
Balanço final
Depois
de décadas de investigações, a comunidade científica não documentou
qualquer associação entre o consumo moderado de cafeína e riscos para a
saúde. Usando o senso comum e a moderação, cada pessoa pode continuar a
saborear chá, café e bebidas com conteúdo em cafeína.
O que é uma ingestão “moderada” de cafeína
Um
consumo moderado de cafeína para um adulto é cerca de 300mg por dia.
Para o ajudar a calcular o que isto significa, a seguir apresentamos as
fontes mais comuns de cafeína e o seu conteúdo.
Dose média por porção
| |
Café instantâneo
|
75mg em 190ml
|
Café
|
85mg em 190ml
|
Chá
|
50mg em 190ml
|
Bebidas energéticas (com cafeína ou guaraná adicionado)
|
28-87mg em 250ml
|
Bebidas com cola (normal ou light)
|
8- 53 mg em 250ml
|
Alguns refrigerantes
|
24mg em 250ml
|
Chocolate
|
5.5 - 35.5 mg em 50g
|
Referências
- American Cancer Society Medical and Scientific Committee. Guidelines on diet, nutrition and cancer. Cancer J. for Clinicians, 41(6):334-8,1996.
- Lloyd T and Rollings N Dietary caffeine intake and bone status of postmenopausal women. Amer J Clin Nutr.,65:1826, 1997.
- Barone JJ and Roberts H. Caffeine consumption. Food and Chemical Toxicology, 34:119-129,1996 Institute of Food Technologists Expert panel on Food Safety and Nutrition. Caffeine, a scientific status summary, 1987.
- Hinds, TS et al. The Effect of Caffeine on Pregnancy Outcome Variables. Nutr. Reviews, 54(7);203-207, July 1996. MAFF 1999. Caffeine in soft drinks. Food Safety Information Bulletin Services, No 109, p.13
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