Déficit da indústria chega a R$ 105 bi e bate recorde
Em 2013, exportações somaram US$ 93,090 bilhões, enquanto importações ficaram em US$ 198,105 bilhões
AEO déficit do grupo dos produtos industrializados começou a ser registrado em 2007 e aumenta a cada ano desde 2010. O rombo da indústria mostra que nem mesmo a desvalorização do real em relação ao dólar no ano passado - mais de 15% - e o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra) foram suficientes para ajudar na competitividade da produção brasileira.
"Há um consenso de perda da competitividade da indústria
brasileira. São problemas em grande medida provenientes dos custos
adicionais de logística e falta de inovação", diz Ricardo Markwald,
diretor-geral da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior
(Funcex). As transações da indústria também perderam espaço por causa
dos poucos acordos comerciais firmados pelo governo brasileiro, afirma
Markwald. "Os acordos assinados pelo Brasil são com países pequenos,
como Palestina, Israel e Egito. Outros países foram mais ativos nessa
assinatura de acordos e têm benefícios tarifários em diversos mercados."
Como reflexo do momento ruim da indústria, os produtos
manufaturados perderam representação na pauta de exportação do Brasil. A
participação desse grupo de produtos cai desde 2005. Em 2008, ano
anterior à crise global, representavam 46,8% do total exportado pelo
Brasil para o resto do mundo, mas em 2013 responderam por 38,4% das
vendas totais. "A presença dos produtos manufaturados na pauta de
exportação do Brasil é muito baixa para um país que tem um parque
industrial como o nosso", diz José Augusto de Castro, presidente da
Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Prejudicados
O rombo da balança comercial da indústria pode ser exemplificado
pelo péssimo desempenho dos setores químico e eletroeletrônico. Os
números da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) mostram
que o déficit no setor não para de crescer - no ano passado, foi de US$
32,2 bilhões, acima dos US$ 28,6 bilhões de 2012. Em 1991, era apenas de
US$ 1,5 bilhão.
"O déficit aumentou porque não existem investimentos. Se me
perguntar sobre 2014, a resposta é que o déficit vai crescer outra vez",
diz Fernando Figueiredo, presidente executivo da Abiquim. A fraca
demanda pelos produtos brasileiros fez com que a capacidade utilizada da
indústria química ficasse em 82% no ano passado - o ideal é que esteja
próximo de 90%.
O déficit em eletroeletrônicos também avançou entre 2012 e 2013 -
passou de US$ 32,5 bilhões para US$ 36 bilhões. "Esse número vem
crescendo de maneira expressiva ao longo dos anos", afirma Humberto
Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica (Abinee). O grande entrave desse setor é que as importações
acabaram superando as exportações porque é preciso comprar componentes
de fora do País para abastecer a indústria local.
O setor eletroeletrônico ainda foi afetado pela queda nas
exportação de telecomunicação, sobretudo de aparelhos celulares. Em
2013, o recuo em relação a 2012 foi de 20%, para US$ 457 milhões. "É uma
queda assustadora. Os países que eram os principais mercados
brasileiros, como Argentina e Venezuela, colocaram barreiras contra as
importações brasileiras", diz Barbato. O Brasil foi um grande exportador
de telefones celulares. As fábricas foram instaladas no País para
abastecer o mercado latino-americano. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
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